Tenho a
idade em que as coisas se observam com serenidade, mas com a chama viva de quem
ainda deseja crescer. São anos em que os sonhos já não são apenas devaneios
distantes, mas começam a se entrelaçar com a realidade, acariciando-a com os
dedos, enquanto as ilusões, outrora frágeis, se transformam em uma esperança
madura e resiliente.
Tenho
os anos em que o amor se manifesta de formas diversas: ora é uma chama ardente,
uma paixão que consome e pulsa, ansiosa por se entregar ao fogo de um desejo
incontrolável; ora é um refúgio tranquilo, como a brisa suave de um entardecer
à beira-mar, onde a alma encontra paz na simplicidade de um momento compartilhado.
Quantos
anos tenho? Não me prendo a números, pois eles não definem a essência do que
sou. As conquistas que celebrei, os sonhos que embalei, as lágrimas que
derramei ao ver ilusões se desfazerem pelo caminho, e até mesmo as cicatrizes
que carrego como testemunhas de minhas batalhas - tudo isso vale infinitamente
mais que uma cifra.
O que
importa se tenho vinte, quarenta, sessenta ou mais? A idade que carrego é a que
sinto pulsar em mim. É a soma das experiências que moldaram meu olhar, das
quedas que me ensinaram a levantar, das alegrias que aqueceram meu coração e
dos silêncios que me ensinaram a ouvir.
Tenho a
idade necessária para viver sem amarras, para abraçar a liberdade de ser quem
sou, sem temor do julgamento alheio.
E os
acontecimentos? Eles são os fios que tecem a tapeçaria da minha existência.
Cada momento - do êxtase de uma vitória ao peso de uma perda - é uma linha que
costura quem eu fui ao que me tornei.
Houve
dias em que o mundo parecia pequeno diante dos meus sonhos, e outros em que a
dor me fez questionar se valia a pena continuar. Mas cada experiência, por mais
simples ou grandiosa, trouxe lições que me fortaleceram.
Aprendi
que a vida não é feita apenas de grandes eventos, mas também dos instantes
furtivos: o sorriso de um estranho, a chuva caindo na janela, a coragem de dar
um passo além do medo.
Quantos
anos tenho? Isso a quem importa? Tenho a idade de quem aprendeu a rir de si
mesmo, de quem sabe que a vulnerabilidade é força e que a jornada é mais
valiosa que o destino.
Tenho
os anos necessários para deixar o medo de lado e seguir pela trilha da vida com
a certeza de que, enquanto houver sonhos a perseguir e sentimentos a expressar,
estarei sempre começando.
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