Simon Wiesenthal: Caçador de Nazistas e Defensor da Justiça
Simon
Wiesenthal, nascido em 31 de dezembro de 1908, em Buczacz, uma cidade da
Galícia, então parte do Império Austro-Húngaro (hoje Ucrânia), foi um
sobrevivente do Holocausto, escritor e renomado "caçador de
nazistas".
Sua
incansável busca por justiça após a Segunda Guerra Mundial o tornou uma figura
emblemática na perseguição de criminosos de guerra nazistas, responsáveis por
atrocidades durante o Holocausto.
Primeiros Anos e o Holocausto
Wiesenthal
formou-se em arquitetura pela Universidade de Praga em 1932 e, em 1936,
casou-se com Cyla Müller. Na época, residia em Lviv (então Lwów, na Polônia,
posteriormente ocupada pela União Soviética e hoje parte da Ucrânia).
Com a
invasão nazista da União Soviética em junho de 1941, Wiesenthal e sua família
foram detidos. Ele sobreviveu a quatro anos e meio de horrores em campos de
concentração, incluindo Janowska, Krakow-Plaszow e Mauthausen-Gusen.
Em maio
de 1945, foi libertado pelas tropas americanas em Mauthausen, pesando menos de
45 quilos e à beira da morte. Após a guerra, reencontrou sua esposa, Cyla, que
também sobreviveu, e o casal teve uma filha, Paulinka, em 1946. Eles se
estabeleceram em Linz, na Áustria.
A Missão de Justiça
Traumatizado
pelas atrocidades do Holocausto, Wiesenthal dedicou sua vida a garantir que os
responsáveis pelos crimes nazistas fossem julgados. Em 1947, ele co-fundou o
Centro de Documentação Histórica Judaica em Linz, Áustria, uma organização que
coletava informações sobre criminosos de guerra nazistas e auxiliava refugiados
na busca por familiares desaparecidos.
Em
1961, transferiu suas operações para Viena, onde abriu o Centro de Documentação
Judaica, continuando sua missão de localizar nazistas foragidos.
Wiesenthal
desempenhou um papel importante, embora não central, na captura de Adolf
Eichmann, um dos principais arquitetos do Holocausto, responsável pela
logística de transporte de milhões de judeus para campos de extermínio.
Eichmann
foi localizado em Buenos Aires, Argentina, e sequestrado pelo Mossad, o serviço
secreto israelense, em 1960. Julgado em Israel, foi condenado à morte e
executado em 1962.
Wiesenthal
também colaborou com o Ministério da Justiça austríaco na elaboração de um
dossiê sobre Franz Stangl, comandante dos campos de Sobibor e Treblinka, que
foi condenado à prisão perpétua em 1971. Ao longo de sua carreira, estima-se
que Wiesenthal tenha contribuído para a prisão de mais de 1.100 criminosos
nazistas.
Controvérsias Políticas
Nas
décadas de 1970 e 1980, Wiesenthal envolveu-se em controvérsias políticas na
Áustria. Em 1970, após a nomeação de Bruno Kreisky como chanceler, Wiesenthal
revelou à imprensa que quatro membros do novo gabinete haviam sido filiados ao
Partido Nazista.
Kreisky,
que era judeu, ficou furioso e retaliou, chamando Wiesenthal de “fascista
judeu”, associando sua organização à Máfia e acusando-o de colaborar com os
nazistas durante a guerra. Wiesenthal processou Kreisky por difamação e venceu
o caso em 1989, consolidando sua reputação.
Outro
episódio marcante foi o caso de Kurt Waldheim, ex-secretário-geral da ONU e
candidato à presidência da Áustria em 1986. Quando seu passado nazista veio à
tona, Wiesenthal enfrentou críticas por ter inicialmente atestado que Waldheim
não tinha envolvimento em crimes de guerra. Esse equívoco abalou sua reputação
temporariamente, mas ele continuou seu trabalho com determinação.
Obras Literárias e a Controvérsia sobre Colombo
Wiesenthal
era conhecido por sua habilidade como contador de histórias, mas suas memórias,
como Justiça, Não Vingança (1989), foram criticadas por exageros, especialmente
sobre seu papel na captura de Eichmann.
Em suas
palavras, ele buscava “justiça, não vingança”, enfatizando que “os nazistas não
escaparão sem punição pelo assassinato de milhões de seres humanos”. Um dos
trabalhos mais controversos de Wiesenthal é o livro A Missão Secreta de
Cristóvão Colombo: Velas da Esperança (1973).
Nele,
Wiesenthal argumenta, com base em pesquisas de documentos históricos e
entrevistas com especialistas, que Cristóvão Colombo, possivelmente de origem
judaica, tinha como objetivo descobrir a América para criar um refúgio para
judeus perseguidos pelos reis católicos Fernando e Isabel, da Espanha.
Segundo
Wiesenthal, Colombo embarcou sua tripulação, que incluía muitos judeus
convertidos (cristãos-novos), um dia antes da promulgação do decreto de
expulsão dos judeus da Espanha, em 1492.
Essa
teoria, embora intrigante, é amplamente contestada por historiadores, que
apontam falta de evidências sólidas para sustentar a ideia de que Colombo tinha
uma missão deliberada de salvar judeus ou que ele próprio era judeu. Apesar
disso, o livro reflete a curiosidade intelectual de Wiesenthal e sua vontade de
explorar conexões históricas entre perseguições.
Legado e Reconhecimento
Após
seis décadas de trabalho incansável, Wiesenthal anunciou sua aposentadoria em
2003. Em 19 de fevereiro de 2004, foi agraciado com o título de cavaleiro (KBE)
pela rainha Elizabeth II, em reconhecimento aos seus esforços humanitários.
Embora
tenha sido indicado quatro vezes ao Prêmio Nobel da Paz, nunca venceu, o que
gerou debates sobre o reconhecimento de seu trabalho. Wiesenthal faleceu em 20
de setembro de 2005, aos 96 anos, durante o sono, em Viena, e foi sepultado em
Herzliya, Israel.
O
Centro Simon Wiesenthal, em Los Angeles, fundado em 1977, perpetua seu legado,
focando na luta contra o antissemitismo, a promoção dos direitos humanos e a
preservação da memória do Holocausto. A organização também investiga crimes de
ódio e educa sobre os perigos da intolerância.
Impacto e Reflexão
A vida
de Wiesenthal é um testemunho de resiliência e compromisso com a justiça. Ele
transformou sua experiência de sofrimento em uma missão para garantir que as
atrocidades do Holocausto não fossem esquecidas e que seus perpetradores
enfrentassem as consequências.
Apesar
das controvérsias, sua dedicação inspirou gerações e mantém viva a memória das
vítimas do nazismo. Sua frase, “A sobrevivência é um privilégio que impõe
obrigações”, resume sua motivação para continuar lutando até o fim de sua vida.
Se você
deseja mais detalhes sobre algum aspecto específico, como sua metodologia de
investigação, o impacto do Centro Simon Wiesenthal ou a controvérsia sobre o
livro de Colombo, posso aprofundar ainda mais!
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