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terça-feira, junho 25, 2024

As Raízes - Sempre voltamos

        


Um célebre poeta polaco, descrevendo em magníficos versos uma floresta encantada de seu país, imaginou que as aves e os animais ali nascidos, se porventura se encontrassem distantes, ao sentirem aproximar-se a hora da morte, voavam ou corriam para expirar à sombra das árvores do imenso bosque onde haviam nascido.

O amor pela Terra Natal não pode ser expresso por imagem mais bela e delicada. Todos nós temos nossas origens, e essa origem é um lugar no mundo.

Um coração sem amor é como um campo árido, quase sempre repleto de espinhos e sem uma única flor que nele se abra para o suavizar.
Haveria, porventura, um homem com um coração tão seco, tão gelado e tão desprovido de sentimento quanto aquele que não amasse o lugar de seu nascimento?

Depois dos pais, que recebem nosso primeiro grito, o solo pátrio acolhe nossos primeiros passos: é um duplo receber que se traduz em um duplo dar.
Com efeito, é impossível negar que, em suas suaves e naturais predileções, o coração distingue, entre todos os distritos, cidades e recantos do país, o torrão limitado do berço pátrio.

Seja ele pobre, esquecido, decadente, agreste ou devastado, é sempre amado por nós e nos é eternamente grato. Por isso, em meus pensamentos, sempre digo: Vida! Vida! Foste tu que revelaste à minha alma a última página do livro da existência? Então, não me negues o direito de um dia morrer em minha Terra Natal.

É por isso, e por muito mais, que ela me é tão cara: porque foi meu berço e o berço daqueles a quem mais amei e amo; porque em seu seio repousam sepulturas queridas; porque ela guarda em seus lares amigos dedicados; porque desejo, na minha velhice, um abrigo em seus campos e, em seu cemitério, o leito para dormir o último sono.

Enfim, por todos esses laços da vida e da morte, a cidade de Itaitinga me é tão querida!

E mesmo quando a vida me levou por caminhos distantes, levei comigo Itaitinga no canto das suas manhãs, no aroma de sua terra molhada pela chuva, nas vozes que ecoam em suas ruas simples.

Pois a terra natal não é apenas o chão que pisamos; é o espelho da nossa alma, o reflexo de quem somos. E se o destino, porventura, não me permitir repousar em seu solo, que ao menos meu último suspiro seja um sopro de gratidão por tudo o que ela me deu.

Que o vento o leve até lá, como as aves do poeta polaco, para que, em espírito, eu descanse entre suas árvores e seus campos.


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