Christina Onassis: A Trágica Herdeira do Império Onassis
Christina
Onassis, nascida em Nova Iorque em 11 de dezembro de 1950, foi a filha caçula
do magnata grego Aristóteles Onassis e de sua primeira esposa, Athina Livanos.
Herdeira
de uma das maiores fortunas do mundo, sua vida foi marcada por luxo, tragédias
familiares, instabilidade emocional e uma busca incessante por amor e
estabilidade.
Apesar
de sua inteligência e competência nos negócios, Christina enfrentou uma
existência tumultuada, culminando em sua morte precoce aos 37 anos.
Infância e Primeiros Anos
Christina
cresceu em um ambiente de opulência, mas também de pressões familiares. Aos
dois anos, em Hamburgo, ela participou de um momento icônico ao quebrar, nos
braços do pai, a garrafa de champanhe que batizou o cargueiro "Tina
Onassis", na época o maior navio de carga do mundo.
Aos
cinco anos, testemunhou o glamouroso casamento da atriz Grace Kelly com o
príncipe Rainier III de Mônaco, um evento que simbolizava o mundo de riqueza e
influência em que ela estava inserida.
Na
infância, Christina era descrita como uma criança desajeitada, com traços que
ela própria considerava pouco atraentes. Aos 17 anos, submeteu-se a uma
cirurgia plástica para reduzir o tamanho do nariz e remover as olheiras escuras,
numa tentativa de melhorar sua autoimagem e se adequar aos padrões de beleza da
época.
Sua
adolescência foi marcada por uma busca constante por aceitação, tanto na esfera
pessoal quanto na pública. Christina frequentou o prestigiado Queen's College,
em Londres, onde estudou moda, mas abandonou os estudos aos 19 anos, optando
por mergulhar no mundo dos negócios da família e em uma vida social intensa.
Sua educação formal pode ter sido breve, mas sua inteligência e habilidade para
os negócios se tornariam evidentes mais tarde.
Uma Vida de Amores Frustrados
A vida
amorosa de Christina foi tão conturbada quanto sua trajetória pessoal. Ela se
casou quatro vezes, e todos os casamentos terminaram em divórcio. Seu primeiro
marido, Joseph Bolker, era um corretor de imóveis americano 27 anos mais velho.
O
casamento, realizado em 27 de julho de 1971, durou apenas nove meses, marcado
por diferenças de idade e estilo de vida. Em 22 de julho de 1975, Christina
casou-se com Alexandros Andreadis, um banqueiro grego.
A
união, que prometia alinhar duas famílias poderosas, terminou em 1977 devido a
incompatibilidades. No ano seguinte, em 1º de agosto de 1978, ela desposou
Sergei Kauzov, um executivo russo, em Moscou.
Esse
terceiro casamento, cercado por controvérsias devido às tensões geopolíticas da
Guerra Fria, também foi breve.
Seu
quarto e último casamento, com o francês Thierry Roussel, trouxe a maior
alegria e, ao mesmo tempo, a maior dor de sua vida. Com ele, Christina teve sua
única filha, Athina Roussel, nascida em 1985 após tratamentos contra
infertilidade.
No
entanto, o relacionamento foi abalado pela infidelidade de Thierry, que manteve
um caso com a modelo sueca Marianne "Gaby" Landhage. Gaby deu à luz
um filho de Thierry, Erik, enquanto Christina ainda estava casada, e,
posteriormente, uma filha, Sandrine.
Desesperada
para salvar o casamento, Christina chegou a oferecer dinheiro a Thierry para
permanecer ao seu lado, mesmo após descobrir suas traições. O divórcio veio em
1987, mas Christina, em um gesto controverso e movida por sua obsessão,
continuou a pagar grandes somas para manter contato físico com o ex-marido.
Tragédias Familiares e Depressão
A
década de 1970 foi devastadora para Christina. Em 1973, seu irmão, Alexandre
Onassis, morreu aos 24 anos em um trágico acidente aéreo na Grécia, um evento
que abalou profundamente a família.
No ano
seguinte, sua mãe, Athina Livanos, cometeu suicídio, incapaz de lidar com a
perda do filho e com os problemas pessoais. Em 1975, Aristóteles Onassis, cujo
estado de saúde deteriorava desde a morte de Alexandre, faleceu de causas
relacionadas a uma infecção respiratória.
A perda
de toda sua família em um curto período de tempo lançou Christina em uma
profunda depressão. Herdeira de um império bilionário, ela assumiu papéis de
liderança nos negócios da família, trabalhando na sede em Mônaco, inicialmente
como secretária e, mais tarde, como uma empresária competente.
Sua
inteligência nos negócios contrastava com sua fragilidade emocional. Durante
esse período, Christina começou a abusar de anfetaminas, barbitúricos e álcool,
numa tentativa de lidar com a solidão e o sofrimento.
No
início dos anos 1980, ela assumiu a presidência da Fundação Alexandre Onassis,
criada em memória de seu irmão. A fundação, voltada para projetos culturais e
filantrópicos, era uma forma de honrar a memória de Alexandre, mas também um
fardo emocional para Christina, que carregava o peso de preservar o legado da
família.
O Relacionamento com Jacqueline Kennedy
A
relação de Christina com sua madrasta, Jacqueline Kennedy, viúva do presidente
John F. Kennedy, era tensa. Quando Aristóteles se casou com Jacqueline em 1968,
Christina, então adolescente, desaprovou a união.
Ela via
Jacqueline como uma figura distante e evitava sua companhia, preferindo passar
o tempo viajando pelo mundo ou fazendo compras em cidades como Paris e Londres.
Essa relação fria refletia a dificuldade de Christina em encontrar laços
afetivos estáveis.
Morte Prematura e Legado
Christina
Onassis faleceu em 19 de novembro de 1988, aos 37 anos, em Buenos Aires,
Argentina. Seu corpo foi encontrado na banheira de um quarto de hotel, e a
causa oficial da morte foi edema pulmonar, agravado pelo uso prolongado de
drogas e por drásticas flutuações de peso.
A
imprensa da época especulou sobre as circunstâncias de sua morte, apontando
para uma vida marcada por excessos e instabilidade emocional.
Seu
corpo foi sepultado na ilha de Skorpios, o refúgio privado da família Onassis
na Grécia, ao lado de seu pai e irmão. Christina deixou sua filha, Athina,
então com apenas três anos, como herdeira de sua vasta fortuna.
A
administração do patrimônio foi confiada a tutores, e Athina cresceu longe dos
holofotes, sob a proteção de medidas rigorosas para preservar sua privacidade.
Impacto Cultural e Legado Material
A vida
trágica de Christina inspirou o cantor espanhol Joaquín Sabina, que lhe dedicou
a canção "Pobre Cristina", incluída no álbum Mentiras Piadosas
(1990). A música reflete a melancolia e as contradições de uma mulher que,
apesar de sua riqueza, nunca encontrou a felicidade.
Em
2008, parte da coleção de joias de Christina, herdada por sua filha Athina, foi
leiloada pela Christie's. A coleção, composta por cerca de 40 peças, incluindo
anéis, brincos e colares de diamantes, atraiu grande interesse do mercado. Um
destaque foi um diamante em forma de pera de 38 quilates, avaliado em 2,2
milhões de libras esterlinas, símbolo do luxo que marcou a vida de Christina.
Reflexão sobre uma Vida de Contrastes
Christina
Onassis viveu uma existência de extremos: riqueza incomensurável, tragédias
familiares, amores frustrados e uma luta constante contra seus próprios
demônios.
Apesar
de sua competência nos negócios e de sua dedicação à filha, ela nunca conseguiu
superar as cicatrizes deixadas pelas perdas e pela pressão de ser a herdeira de
um império.
Sua
história é um lembrete de que riqueza e prestígio nem sempre garantem
felicidade, e seu legado permanece como uma narrativa de glamour, sofrimento e
resiliência.
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