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quinta-feira, junho 27, 2024

A Ciência Desvendando - Fenômenos e Não Castigos



A Ciência Desvendando: Fenômenos Naturais, Não Castigos Divinos

Por séculos, eventos como os devastadores terremotos no Chile, Haiti e Japão, os tsunamis que assolaram a Indonésia e o Japão, ou as erupções vulcânicas que moldaram paisagens e histórias foram interpretados como manifestações da ira divina.

Em um passado remoto, chuvas torrenciais, raios, trovões, eclipses e até arco-íris eram vistos como castigos ou sinais dos deuses, atribuídos aos pecados ou méritos da humanidade.

Hoje, graças ao avanço da ciência, sabemos que esses fenômenos não têm origem sobrenatural, mas são processos naturais explicados pela física, geologia, meteorologia e astronomia.

Fenômenos que outrora inspiravam temor e narrativas mitológicas agora são compreendidos com rigor científico. No ensino fundamental, aprendemos que chuvas, raios e trovões resultam de processos atmosféricos, como a condensação de vapor d’água e o movimento de cargas elétricas.

O arco-íris, longe de ser uma ponte para os deuses, é a refração da luz solar em gotículas de água. A geologia nos ensina que terremotos ocorrem devido ao movimento das placas tectônicas, enquanto erupções vulcânicas são consequências da liberação de magma, gases e pressão do interior da Terra.

Na astronomia, os eclipses solares e lunares, que já foram motivo de pânico em civilizações antigas, são explicados como alinhamentos previsíveis entre a Terra, o Sol e a Lua.

Esses avanços científicos desmistificaram a natureza, substituindo explicações baseadas em deuses por uma fenomenologia fundamentada em evidências. No entanto, a ciência ainda não conseguiu responder a algumas das questões mais profundas da humanidade, como o sentido da vida ou o que acontece após a morte.

Essas lacunas existenciais continuam sendo o terreno fértil das religiões, que oferecem respostas baseadas na fé, na tradição e em narrativas espirituais. Enquanto a ciência opera com hipóteses testáveis e dados verificáveis, as religiões preenchem o vazio com promessas de transcendência, vida após a morte ou reencontros cósmicos, mantendo sua influência em um mundo cada vez mais racional.

A questão dos espíritos, por exemplo, permanece fora do alcance da ciência. Não há evidências verificáveis de sua existência. As supostas "provas" - como fotografias, vídeos ou relatos de aparições - frequentemente se revelam fraudes, manipulações ou interpretações subjetivas influenciadas por crenças religiosas, culturais ou pela popularidade de livros e filmes sobre o sobrenatural.

A ciência, ancorada no método empírico, desconsidera essas alegações até que provas concretas sejam apresentadas. Essa ausência de evidências levou muitos ateus a adotarem a visão de que a morte marca o fim absoluto da consciência, um estado de inexistência eterna, ou, como comumente se diz, “morreu, acabou”.

Essa perspectiva, embora possa parecer desoladora para alguns, é vista por muitos ateus como um convite a valorizar a vida presente. Se a existência é finita, cada momento ganha um peso maior, incentivando as pessoas a buscar significado, felicidade e impacto no aqui e agora.

Contudo, nem todos os ateus compartilham dessa visão definitiva. Alguns especulam sobre possibilidades não espirituais para o pós-morte, como a ideia de que a consciência, ou algum tipo de existência, poderia emergir novamente em outro ser vivo, em outro canto do universo ou até em outra dimensão.

Essa hipótese, semelhante a uma reencarnação secular, não depende de almas ou divindades, mas da possibilidade de que a matéria e a energia que compõem um ser vivo possam, em condições desconhecidas, dar origem a uma nova forma de consciência.

É uma ideia que, por enquanto, permanece no campo da filosofia e da especulação, pois a ciência ainda não dispõe de tecnologia ou métodos para explorar o que acontece com a consciência após a morte.

Um marco importante para abordar essas questões poderá vir com avanços na criogenia ou na neurociência. Por exemplo, a preservação total de um corpo humano e a tentativa de reanimá-lo no futuro poderiam lançar luz sobre a natureza da consciência e sua relação com o cérebro.

Experimentos recentes com interfaces cérebro-máquina e mapeamento neural, como os conduzidos por empresas como Neuralink, sugerem que estamos começando a entender melhor como a mente funciona, mas ainda estamos longe de responder se a consciência pode ser restaurada ou recriada.

Até lá, a hipótese mais parcimoniosa, apoiada pela ciência, é a de que a morte resulta em um estado de inconsciência permanente. Vale notar que a ciência não apenas desvendou fenômenos naturais, mas também transformou nossa capacidade de lidar com eles.

No Japão, por exemplo, sistemas avançados de alerta precoce para terremotos e tsunamis salvaram milhares de vidas desde o devastador evento de 2011 em Tohoku.

No Chile, construções projetadas com base em normas sísmicas rigorosas minimizam os danos causados por tremores frequentes. A meteorologia moderna permite prever furacões e tempestades com antecedência, possibilitando evacuações e preparação.

Esses avanços mostram como o conhecimento científico, ao substituir mitos por fatos, não apenas explica o mundo, mas também protege a humanidade. Ainda assim, a tensão entre ciência e fé persiste.

Para muitos, a religião oferece conforto emocional e um senso de propósito que a ciência, com sua frieza analítica, não consegue proporcionar. Enquanto a ciência avança, desvendando os segredos do universo, as grandes questões existenciais - sobre o porquê de existirmos e o que nos aguarda após a morte - continuam a desafiar tanto a razão quanto a espiritualidade.

Talvez o maior legado da ciência seja nos ensinar a conviver com o desconhecido, aceitando que algumas respostas podem nunca chegar, mas que a busca por elas é, em si, uma expressão da curiosidade humana.

Francisco Silva Sousa - Foto: Pixabay.

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