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sábado, novembro 29, 2025

Enquanto há tempo



O amor deve saber dizer palavras que só existem no “tempo da delicadeza” - esse intervalo secreto em que o coração fala baixo, mas diz tudo. “Prometo te querer até o amor cair doente, doente”, escreveu Rubem Alves, revelando que até o amor, tão forte e resistente, pode adoecer quando é descuidado.

É por isso que, nesse tempo misterioso e frágil, é preciso amar com cuidado: amar com o olhar que acolhe, com os ouvidos que escutam o que o outro não consegue dizer, com as mãos que tateiam o mundo e o corpo amado como quem segura uma asa prestes a se partir.

O amor não vive de grandes discursos, mas de pequenos gestos que evitam feridas:
a paciência que não exige, a presença que não sufoca, a palavra certa que chega antes da dor, o silêncio cúmplice que protege e aproxima.

O “tempo da delicadeza” não é eterno. Ele passa, ele se esconde, ele se perde na pressa, no automatismo, na rudeza do cotidiano. Por isso é urgente cuidar enquanto ainda há tempo - antes que a rotina adoeça o afeto, antes que o excesso de razão asfixie a poesia, antes que as mãos se acostumem à ausência.

Amar, no fundo, é um trabalho de artesão: lapida-se o gesto, aparar-se a palavra, cultiva-se o toque. É um exercício diário de atenção para que o amor não se torne apenas memória do que poderia ter sido.

Que cada encontro seja tratado como um milagre raro, que cada amanhecer ao lado seja entendido como privilégio, que cada fragilidade do outro seja acolhida como parte sagrada da experiência humana.

Porque, quando o amor adoece, quase sempre é de descuido. Mas quando floresce, é porque alguém escolheu ser delicadeza em um mundo que desaprendeu a sentir.O amor deve saber dizer palavras que só existem no “tempo da delicadeza” - esse intervalo secreto em que o coração fala baixo, mas diz tudo. “Prometo te querer até o amor cair doente, doente”, escreveu Rubem Alves, revelando que até o amor, tão forte e resistente, pode adoecer quando é descuidado.

É por isso que, nesse tempo misterioso e frágil, é preciso amar com cuidado: amar com o olhar que acolhe, com os ouvidos que escutam o que o outro não consegue dizer, com as mãos que tateiam o mundo e o corpo amado como quem segura uma asa prestes a se partir.

O amor não vive de grandes discursos, mas de pequenos gestos que evitam feridas:
a paciência que não exige, a presença que não sufoca, a palavra certa que chega antes da dor, o silêncio cúmplice que protege e aproxima.

O “tempo da delicadeza” não é eterno. Ele passa, ele se esconde, ele se perde na pressa, no automatismo, na rudeza do cotidiano. Por isso é urgente cuidar enquanto ainda há tempo - antes que a rotina adoeça o afeto, antes que o excesso de razão asfixie a poesia, antes que as mãos se acostumem à ausência.

Amar, no fundo, é um trabalho de artesão: lapida-se o gesto, aparar-se a palavra, cultiva-se o toque. É um exercício diário de atenção para que o amor não se torne apenas memória do que poderia ter sido.

Que cada encontro seja tratado como um milagre raro, que cada amanhecer ao lado seja entendido como privilégio, que cada fragilidade do outro seja acolhida como parte sagrada da experiência humana.

Porque, quando o amor adoece, quase sempre é de descuido. Mas quando floresce, é porque alguém escolheu ser delicadeza em um mundo que desaprendeu a sentir.

Robert Hichens - Titanic

 

Robert Hichens – O Polêmico Timoneiro do Titanic

Robert Hichens nasceu em 16 de setembro de 1882, na Cornualha, e faleceu em 23 de setembro de 1940. Era um experiente marinheiro britânico e servia como quartel-mestre a bordo do RMS Titanic durante a viagem inaugural do navio.

Na noite de 15 de abril de 1912, quando o Titanic colidiu com o iceberg que levaria ao seu naufrágio, Hichens estava no leme, um dos postos mais importantes do convés.

A colisão e os primeiros momentos do desastre

Como um dos seis quartéis-mestres, Hichens tinha grande responsabilidade pela navegação. Ele estava de serviço quando o oficial William Murdoch ordenou a manobra de desvio do iceberg. Apesar de décadas depois surgirem teorias de erro humano ligadas ao timão, os inquéritos oficiais da época confirmaram que a ordem foi executada corretamente.

O Sexto Oficial, James Moody, estava imediatamente atrás de Hichens, supervisionando seus movimentos, e declarou que o comando foi obedecido sem erro. Com o impacto e o início do caos a bordo, Hichens foi designado para comandar o Bote Salva-Vidas nº 6, um dos primeiros a serem lançados ao mar.

A polêmica no Bote 6

Foi no Bote 6 que Robert Hichens ganhou notoriedade - e uma reputação controversa. Diversos passageiros relataram que sua postura era: fria, cínica, pessimista, e, por vezes, agressiva.

Entre as acusações feitas posteriormente: Que teria se recusado a retornar ao local do naufrágio para resgatar sobreviventes; Que teria chamado as vítimas na água de “rígidos”; Que teria criticado constantemente os passageiros que tentavam remar; Que mantinha uma postura derrotista, afirmando que ficariam à deriva por dias antes do resgate.

Hichens negou boa parte dessas acusações perante o inquérito americano, alegando nunca ter usado o termo “rígidos” e afirmando que apenas seguia ordens diretas do Capitão Edward Smith e do Segundo Oficial Charles Lightoller: afastar-se do local da sucção e seguir em direção à luz de um suposto navio no horizonte.

Confronto com Molly Brown

A passageira mais famosa do bote era Margaret Brown, posteriormente conhecida como “The Unsinkable Molly Brown”. Relatos dos sobreviventes descrevem intensa tensão entre ela e Hichens.

Brown insistia em remar, tanto para aquecer as mulheres quanto para se aproximar da possível luz de resgate. Hichens, porém, afirmava ser inútil e ria das tentativas das passageiras.

O confronto escalou a ponto de Brown ameaçar jogar Hichens no mar caso ele continuasse tentando impedir os demais. Esse episódio foi eternizado na cultura popular, especialmente em adaptações teatrais e cinematográficas.

A chegada do RMS Carpathia

Quando o navio Carpathia finalmente apareceu no horizonte, Hichens teria afirmado que ele “não vinha resgatar ninguém, mas recolher corpos”, o que aumentou ainda mais a revolta dos sobreviventes no bote.

Após o resgate, Hichens prestou depoimentos nos inquéritos americanos e britânicos. Afirmou que: temia a sucção do Titanic; estava a cerca de uma milha do naufrágio, sem bússola e na escuridão total; não tinha condições reais de retornar ao local. Mesmo assim, sua reputação permaneceu marcada pelo episódio do Bote 6.

A acusação de Louise Patten (2010)

Em 2010, a neta do oficial Lightoller, Louise Patten, reviveu a polêmica ao alegar que Hichens teria virado o leme na direção errada, causando a colisão.

No entanto: Os inquéritos da época não sustentam essa versão; Tripulantes como Moody testemunharam que ele executou corretamente a manobra; A bisneta de Hichens, Sally Nilsson, contestou publicamente a acusação, afirmando que ele era um marinheiro altamente treinado e experiente.

Nilsson publicaria, em 2011, uma biografia detalhada buscando restaurar a imagem do quartel-mestre.

Representações na cultura popular

A figura de Hichens apareceu em diversas obras: Filme Titanic (1997). Interpretado por Paul Brightwell, ele é mostrado como um homem rude, magro e com sotaque londrino - todas representações imprecisas.

Inclusive, a famosa frase “shut that hole in your face” atribuída a ele nas cenas com Molly Brown não foi dita por Hichens na vida real.

Minissérie Titanic (1996): Mostra um retrato mais fiel à tensão no Bote 6, com a voz de comando de Molly Brown enfrentando sua postura pessimista.

Romance Titanic: The Long Night (1998): Dramatiza o conflito entre Hichens e Molly Brown sob o ponto de vista de uma passageira fictícia.

Peça Iceberg - Right Ahead! (2012): Apresenta Hichens como personagem importante na reconstituição dramática da tragédia.

Últimos anos e morte

Robert Hichens continuou trabalhando no mar após o desastre, embora marcado pelas controvérsias. Faleceu em 23 de setembro de 1940, aos 58 anos, vítima de ataque cardíaco a bordo do navio SS English Trader, ancorado próximo à costa de Aberdeen, na Escócia. Foi sepultado no Trinity Cemetery, Seção 10, Cova 244.

sexta-feira, novembro 28, 2025

Tanquinho? Que nada



Tanquinho? Que nada! – A Tribo onde a Beleza Está na Barriga

Na região de Bodi, no sudoeste da Etiópia, vive a tribo Me’en - um povo cujo ideal de beleza contrasta radicalmente com os padrões modernos ocidentais. Lá, o homem mais desejado, admirado e respeitado é justamente aquele que tem a maior barriga.

Isso mesmo: quanto mais volumoso o abdômen, mais prestígio e status ele conquista dentro da comunidade. Mostre isso para qualquer amigo que critique seu shape - talvez você só esteja vivendo na tribo errada!

O Culto ao Corpo “Grande”: Um Padrão de Beleza Único

Para os Me’en, o abdômen avantajado simboliza: força e fertilidade; abundância e prosperidade; a capacidade de suportar desafios físicos; qualidade de provedor; bênçãos espirituais e orgulho familiar. A valorização do corpo volumoso não está ligada à estética pela estética, mas a uma profunda visão simbólica de bem-estar, riqueza e poder.

O Ritual Ka’el: A Competição dos Homens Barrigudos

Todos os anos, sempre no mês de junho, acontece a grande cerimônia chamada Ka’el, um dos rituais mais importantes e sagrados da tribo. Ele celebra a identidade Me’en e escolhe o homem considerado o mais forte e favorecido pelos espíritos, representado por sua enorme barriga.

Seis meses antes da cerimônia, cada família indica um homem solteiro para competir. A partir desse momento, sua rotina muda completamente.

Seis Meses de Engorda: Dieta de Sangue e Leite

Os escolhidos iniciam um período de reclusão: passam a viver isolados em pequenas cabanas, sem realizar nenhum esforço físico. O objetivo é simples: engordar o máximo possível.

A dieta tradicional consiste em grandes quantidades de: sangue de vaca fresco, leite cru e integral. A mistura é preparada diariamente, quente e extremamente calórica.

Os competidores chegam a beber vários litros por dia. Segundo a crença local, essa combinação fortalece o corpo, traz energia vital e favorece a conexão espiritual com a força do gado - animal sagrado para o povo Me’en.

O Grande Dia: Danças, Cores e Barrigas em Festa

No dia do Ka’el, os homens finalmente deixam o isolamento. Suas barrigas enormes e pesadas mal lhes permitem caminhar sem esforço - e esse é justamente o ponto: quanto mais difícil se mover, mais impressionante é o resultado.

Vestidos com: ornamentos de búzios, plumas de avestruz, colares coloridos, pinturas corporais, eles desfilam diante da comunidade. Cantam e dançam com movimentos lentos, enquanto celebram a bravura e a identidade do seu clã.

O vencedor se torna um herói local. Seu nome é lembrado por anos. Mesmo que ele nunca se torne um grande guerreiro, será tratado com honra e será o orgulho de sua família.

O Sacrifício Sagrado e a Leitura do Futuro

A cerimônia termina com o sacrifício ritual de uma vaca - animal central na cultura Me’en. Os anciãos examinam cuidadosamente: a gordura, o estômago, e o sangue do animal, buscando sinais espirituais para prever se o futuro da tribo será próspero ou desafiador. O ritual é considerado um diálogo direto entre a comunidade e as forças da natureza.

Retorno à Vida Normal

Após o Ka’el, os competidores retornam à rotina habitual, abandonam a dieta extrema e, com o tempo, perdem naturalmente o peso acumulado. A barriga desaparece - mas o prestígio permanece.

China e a Extração órgãos de pessoa viva


Durante décadas, diversas organizações de direitos humanos, pesquisadores independentes e testemunhos individuais têm denunciado que o sistema médico-militar chinês utilizou - e ainda utiliza - órgãos de prisioneiros executados para transplantes.

Em muitos desses relatos, há suspeitas de que a extração teria ocorrido enquanto as vítimas ainda estavam vivas, a fim de garantir que os órgãos tivessem a melhor qualidade possível para o transplante.

O testemunho abaixo, atribuído ao Sr. Wang e concedido ao jornal Epoch Times, é um dos relatos mais detalhados sobre o funcionamento dessas operações clandestinas. O conteúdo foi editado para maior clareza e dividido em seções temáticas.

Recrutamento em “missão militar”

O episódio ocorreu na década de 1990. Eu era um jovem estagiário de urologia no Hospital Geral Militar de Shenyang, província de Liaoning. Em um dia comum, o hospital recebeu um telefonema urgente da Região Militar de Shenyang, requisitando imediatamente uma equipe médica para uma missão classificada como “sigilosa” e de natureza militar.

À tarde, o diretor da divisão médica convocou seis profissionais: dois enfermeiros, três médicos e eu. Fomos instruídos a não manter nenhum tipo de contato com o mundo exterior até que a missão estivesse concluída. Nem mesmo telefonemas a familiares eram permitidos.

Fomos colocados em uma van modificada, escoltada por veículos militares. As janelas estavam cobertas por panos azuis, impedindo que víssemos o caminho ou o destino.

Após várias horas, chegamos a uma área montanhosa fortemente vigiada por soldados armados. Um oficial nos informou que estávamos em uma prisão militar nas proximidades da cidade de Dalian. Nada mais foi explicado.

A extração de um rim de uma pessoa viva

Na manhã seguinte, uma das enfermeiras retirou amostras de sangue de um prisioneiro, sempre acompanhada por soldados. Em seguida, fomos novamente levados à van. No local onde paramos, soldados armados cercaram o veículo para impedir qualquer observação externa.

Quatro soldados então trouxeram um homem e o deitaram sobre um grande saco plástico preto. Seu corpo estava rigidamente amarrado por um fio extremamente fino e resistente, preso aos tornozelos, pulsos e pescoço, apertado a ponto de provocar sangramento. O método era claramente projetado para impedir qualquer movimento.

Ao tocar suas pernas, percebi que estavam quentes. Os médicos rapidamente vestiram aventais cirúrgicos. Minha função seria cortar a artéria, a veia e o ureter durante a remoção do rim. A enfermeira cortou sua camisa e aplicou desinfetante no peito e no abdômen. Em seguida, o médico fez uma incisão do subxifoide até o umbigo.

As pernas daquele homem tremeram.

Ele não podia emitir sons - a forma como estava amarrado impedia qualquer vocalização adequada. Quando a incisão foi feita, o sangue jorrou com força, indicando claramente que ele estava vivo, com o coração em pleno funcionamento.

Os rins foram removidos rapidamente e colocados em uma caixa termostática para transporte imediato. Quando olhei para o rosto dele, vi seus olhos tremendo. A expressão era de puro terror. Tive a sensação de que ele tentava me olhar diretamente.

A lembrança de uma conversa ouvida na noite anterior me golpeou: um militar comentando com o cirurgião responsável que o prisioneiro “não tinha nem 18 anos”. Era “jovem, saudável, cheio de vida”. Só então percebi: realmente estávamos extraindo órgãos de alguém consciente e vivo. Fiquei paralisado de horror.

Disse ao médico que não poderia continuar. Outro médico veio então e, com brutalidade, arrancou os globos oculares da vítima com um fórceps. Meu corpo inteiro tremia. Suava sem parar. Não conseguia reagir.

O descarte do corpo

Após o procedimento, o médico bateu na lateral da van - o sinal para os soldados. Eles se comunicaram por rádio. Em poucos minutos, quatro militares envolveram o corpo ainda quente no saco plástico e o colocaram em um caminhão militar como se fosse lixo.

Voltamos imediatamente ao hospital militar. Os órgãos foram entregues a outra equipe cirúrgica, já preparada para realizar o transplante em algum paciente - possivelmente um oficial do Partido ou alguém de alto escalão.

Colapso emocional

Quando cheguei em casa, entrei em febre intensa, tremendo de horror. Não consegui contar a ninguém. Até hoje, nenhum membro da minha família sabe o que aconteceu. Logo após o episódio, pedi demissão e deixei o Hospital Geral Militar de Shenyang.

Mas o terror não terminou ali. Por meses - talvez anos - eu via constantemente o rosto daquele jovem. De olhos arregalados, tentando me olhar, pedindo socorro sem poder emitir qualquer som. Vivo ou acordado, ele aparecia para mim. Eu acordava gritando. Eu não queria mais existir.

Confirmando o que outros denunciavam

Em 2006, quando a mídia internacional começou a denunciar casos de extração forçada de órgãos de praticantes do Falun Gong, soube imediatamente que tudo aquilo era verdade.

O que eu testemunhara não era um caso isolado, mas parte de uma estrutura já existente dentro do sistema militar chinês. A perseguição ao Falun Gong - um movimento espiritual que o Partido Comunista classificou como “ameaça ideológica” - apenas ampliou enormemente o fornecimento de prisioneiros saudáveis, aptos a fornecer órgãos sob demanda.

Contexto histórico e internacional ampliado

Pesquisadores como David Kilgour, David Matas e Ethan Gutmann passaram anos investigando denúncias de extração forçada de órgãos na China, especialmente a partir dos anos 2000. Relatórios internacionais estimam dezenas de milhares de transplantes de origem não explicada, muito acima da capacidade oficial de doadores voluntários no país.

Diversos parlamentos e instituições ocidentais realizaram audiências e condenações formais do suposto sistema, que incluiria: Prisioneiros de consciência (especialmente praticantes do Falun Gong), Uigures detidos em campos na região de Xinjiang, Cristãos de igrejas clandestinas e Presos políticos diversos

Embora o governo chinês negue sistematicamente essas acusações, a combinação de testemunhos, discrepâncias estatísticas, investigações independentes e relatos de desertores continua alimentando forte preocupação internacional.

quinta-feira, novembro 27, 2025

John Kennedy Jr. - Morreu num acidente de avião



John F. Kennedy Jr. – Vida, legado e o trágico acidente que chocou os Estados Unidos

John Fitzgerald Kennedy Jr., nascido em 25 de novembro de 1960, rapidamente se tornou uma das figuras mais observadas da vida pública norte-americana. Conhecido como John F. Kennedy Jr., JFK Jr., John-John ou simplesmente John, ele foi advogado, jornalista e editor, além de herdeiro de um dos sobrenomes mais emblemáticos da política dos Estados Unidos.

Era filho do presidente John F. Kennedy e da primeira-dama Jacqueline Kennedy, e irmão mais novo de Caroline Kennedy Schlossberg. Seu nascimento ocorreu apenas 17 dias após seu pai vencer as eleições presidenciais.

Assim, os primeiros anos da infância de John transcorreram dentro da Casa Branca, onde sua imagem - especialmente a famosa fotografia do pequeno menino cumprimentando militares durante o funeral do pai - marcaria para sempre a memória do país.

A vida de John mudaria drasticamente quando seu pai foi assassinado em Dallas, em 22 de novembro de 1963, apenas três dias antes de seu terceiro aniversário. O funeral de Estado, realizado justamente no dia em que completava três anos, tornou-se um dos eventos mais simbólicos da história moderna norte-americana, refletindo não apenas o luto nacional, mas a perda pessoal sofrida por uma criança que cresceu diante das câmeras.

Após a tragédia, Jacqueline Kennedy buscou proteger os filhos da intensa exposição pública. Alguns anos mais tarde, em 1968, ela se casou com o magnata grego Aristóteles Onassis, união que garantiu maior privacidade e segurança à família. O casamento duraria até a morte de Onassis, em 1975.

Durante a adolescência, John estudou na prestigiada Collegiate School, em Nova Iorque, onde teve como colega de classe o futuro ator David Duchovny. Fotografias de ambos aos 14 anos aparecem no anuário de 1975, mostrando um período pouco conhecido da vida de JFK Jr., longe dos holofotes políticos.

Brilhante, carismático e frequentemente apontado como um possível herdeiro político da família Kennedy, John trilhou caminhos variados. Formou-se em Direito e trabalhou como promotor-adjunto em Manhattan.

Em 1995, demonstrando seu interesse por mídia e pela interseção entre política e cultura, fundou a revista George, um projeto inovador que combinava política com elementos do entretenimento e da vida social dos EUA.

Em 21 de setembro de 1996, John se casou com Carolyn Bessette, uma ex-assessora de moda da Calvin Klein. O casamento, extremamente discreto e celebrado em uma pequena capela na Geórgia, foi cercado de curiosidade e fascínio pela imprensa.

Entretanto, o destino da família Kennedy voltaria a ser marcado por tragédia. Em 16 de julho de 1999, John pilotava seu pequeno avião Piper Saratoga II, levando Carolyn e sua cunhada, Lauren Bessette, para o casamento de sua prima, Rory Kennedy, em Hyannis Port, Massachusetts. A aeronave caiu no Oceano Atlântico, próximo à ilha de Martha’s Vineyard, após JFK Jr. perder o controle em condições de baixa visibilidade. Todos morreram instantaneamente.

John Kennedy Jr. tinha apenas 38 anos. Seus restos mortais e os das duas passageiras foram cremados e suas cinzas lançadas ao mar, em uma cerimônia privada conduzida pela família.

A morte de JFK Jr. revitalizou o debate sobre a chamada “maldição dos Kennedy”, e até hoje permanece como um dos acontecimentos mais marcantes da década de 1990, encerrando precocemente a trajetória de alguém que parecia destinado a ocupar um lugar ainda maior na história norte-americana.

O Fenômeno da Invisibilidade Pública.




A Experiência Transformadora de Fernando Braga da Costa e o Fenômeno da Invisibilidade Pública.

O psicólogo social Fernando Braga da Costa, então estudante de Psicologia na Universidade de São Paulo (USP), realizou uma das pesquisas mais marcantes e provocativas já produzidas no campo da psicologia social brasileira.

Para desenvolver sua tese de mestrado sobre o conceito de “invisibilidade pública”, ele adotou uma metodologia radicalmente imersiva: em vez de se limitar a dados teóricos, entrevistas ou observações distantes, vestiu o uniforme de gari - trabalhador responsável pela limpeza urbana - e exerceu de forma real essa função dentro do campus da USP.

A experiência, que começou ainda em 1994 e se estendeu por oito anos, transformou-se em um estudo vivo sobre como a sociedade lida com aqueles que ocupam posições de baixa valorização simbólica.

Braga da Costa varria calçadas, recolhia lixo, trabalhava sob o sol e a chuva, e conviveu diariamente com garis reais, integrando-se à rotina invisível que sustenta a vida urbana.

Com o tempo, passou a perceber, com nitidez dolorosa, a tese que se desenhava diante de seus olhos: pessoas não são vistas por quem são, mas pelo papel social que aparentam ocupar.

Um dos episódios mais impactantes relatados por ele envolve colegas e professores da própria universidade: muitos passavam por ele sem reconhecer seu rosto ou sequer direcionar um cumprimento - algo que jamais acontecia quando estava vestido como estudante.

A mudança de tratamento era abrupta e reveladora. As mesmas pessoas que, horas antes, discutiam teorias psicológicas com ele, atravessavam o olhar quando o viam com o uniforme laranja de gari, como se aquele outro “eu” não merecesse atenção.

Essa ruptura demonstrou na prática o que o pesquisador definiu como “invisibilidade social”: a tendência a ignorar sujeitos que não correspondem ao status ou prestígio esperados dentro de um ambiente elitizado.

Durante seu convívio com garis profissionais, Braga da Costa aprofundou ainda mais seu entendimento sobre o fenômeno. Ouviu histórias de humilhação, preconceito e silenciamento, mas também de companheirismo, dignidade e resistência.

Ele observou que crianças e pessoas de classes sociais mais baixas costumavam cumprimentá-lo com espontaneidade, enquanto estudantes, docentes e funcionários de alto escalão frequentemente desviavam o olhar -evidenciando como a invisibilidade é alimentada por estruturas rígidas de poder, escolaridade e estratificação social.

Sua pesquisa demonstrou que a invisibilidade pública não é apenas um fenômeno perceptivo, mas um mecanismo de exclusão simbólica que se reproduz cotidianamente.

Pessoas relegadas a trabalhos essenciais, porém considerados “simples”, tornam-se sombras sociais. Não são vistas, não são ouvidas, e raramente são reconhecidas como sujeitos completos. Esse processo, além de afetar a autoestima e a identidade, reforça desigualdades históricas profundas.

A dissertação, defendida no Instituto de Psicologia da USP em 2000, rapidamente ultrapassou os muros acadêmicos. Ganhou repercussão nacional e internacional, inspirando debates sobre desigualdade, empatia e estrutura social.

Anos depois, em seu TEDx Talk em Belo Horizonte (publicado em 2012), Braga da Costa relatou suas vivências com emoção e clareza, mostrando como pequenos gestos - um “bom dia”, um sorriso, um olhar verdadeiro - têm poder para restaurar a humanidade frequentemente negada aos trabalhadores invisíveis do cotidiano.

A contribuição de Fernando Braga da Costa permanece viva como um alerta e um convite: ver o outro é reconhecer sua dignidade. Sua tese, disponível no repositório digital da USP, continua sendo referência para estudos em psicologia social, sociologia, antropologia e para profissionais interessados em compreender as sutilezas da desvalorização humana nas relações urbanas.



quarta-feira, novembro 26, 2025

A Realidade de Ayn Rand - Autora de A Revolta de Atlas




Quando você percebe que, para produzir, precisa pedir autorização justamente àqueles que nada criam; quando constata que o dinheiro não circula em direção a quem inova, trabalha e arrisca, mas para quem domina a arte de trocar favores e manipular influência; quando observa que muitos enriquecem não por mérito, mas por suborno, conchavos e caminhos obscuros - e que as leis, em vez de proteger o cidadão comum, servem como escudo para esses privilegiados - então você pode afirmar, sem medo de exagerar, que sua sociedade entrou em estado de decadência moral. (Ayn Rand)

Esse alerta, originalmente formulado como uma crítica às estruturas de poder que sufocam a liberdade individual, tornou-se um diagnóstico frequente de sociedades onde a burocracia se transforma em instrumento de controle e a corrupção passa a ser não uma exceção, mas parte do funcionamento cotidiano das instituições.

Quando a honestidade se converte em ato heroico - e até mesmo perigoso - enquanto a dissimulação, o clientelismo e a esperteza se tornam caminhos mais eficazes para ascender socialmente, cria-se um ambiente em que o indivíduo íntegro é tratado quase como ingênuo.

A virtude deixa de ser recompensa e passa a ser punição, porque exige renúncia, sacrifício e resistência a um sistema que premia justamente o contrário. Ao longo da história, períodos marcados por corrupção estrutural sempre abriram caminho para crises profundas.

O Império Romano, por exemplo, viu sua máquina estatal inchada por privilégios, subornos e cargos vendidos, corroendo lentamente seus alicerces. Em vários momentos da Idade Moderna, monarquias mergulharam no caos não por falta de riqueza, mas pela incapacidade de impedir que a ganância das elites drenasse a vitalidade econômica de seus povos.

E, no século XX, regimes burocráticos e autoritários ruíram sob o peso do próprio parasitismo, incapazes de sustentar uma sociedade que produzia cada vez menos e consumia cada vez mais.

Ayn Rand descreve esse processo como um ponto de inflexão moral: uma sociedade que passa a punir o mérito e a recompensar a corrupção inevitavelmente se aproxima do colapso. Não necessariamente um colapso súbito, mas um desgaste contínuo - uma erosão lenta da confiança pública, da produtividade e do senso de justiça.

Quando a lei deixa de ser instrumento de equilíbrio e se converte em arma seletiva, quando reina a sensação de que “não adianta fazer o certo porque o certo não leva a lugar nenhum”, o tecido social se desfaz.

A desesperança se instala. E o cidadão comum passa a buscar alternativas fora da estrutura formal: informalidade, autodefesa, descrença nas instituições ou até mesmo fuga - física ou psicológica - do próprio país.

O que Rand nos lembra, de maneira contundente, é que sociedades não se desintegram apenas por crises econômicas. Elas se desintegram quando perdem seus referenciais morais. Quando a corrupção vira norma. Quando a honestidade vira obstáculo.

Quando produzir exige mais esforço político do que esforço intelectual. Quando os que nada fazem exigem obediência dos que carregam o peso real da nação. E é nesse ponto que a condenação deixa de ser possibilidade e se torna sentença anunciada.

Ciência x Religião.



Quando os Cientistas Não Sabem - e Quando a Religião Finge Saber

Quando cientistas não sabem alguma coisa - como por que o universo veio a existir, como as leis fundamentais da física tomaram a forma que têm, ou como a primeira molécula autorreplicante emergiu da química primordial - eles admitem sua ignorância.

Na ciência, assumir que se sabe aquilo que não se sabe não é apenas um erro: é uma falha grave, quase um pecado metodológico. A base da ciência é justamente reconhecer limites, formular perguntas e seguir evidências. Fingir conhecimento é trair o próprio método.

No entanto, esse reconhecimento honesto da ignorância contrasta com a postura comumente adotada por sistemas religiosos. Para muitos discursos de fé, oferecer respostas absolutas - mesmo quando inexistem evidências - não é uma falha; é a própria fundação. O que na ciência seria considerado fraude intelectual, nas religiões se torna virtude, dogma e até motivo de orgulho.

Uma das grandes ironias do discurso religioso está no fato de que pessoas de fé frequentemente se orgulham de sua humildade espiritual, enquanto afirmam saber detalhes sobre cosmologia, biologia, moralidade e origem da vida que nem os melhores cientistas do mundo ousariam declarar como certezas.

Falam com convicção sobre a criação do universo, sobre a formação da vida, sobre o propósito da existência e até sobre eventos “sobrenaturais” que, por definição, não podem ser examinados.

Essa pretensão de conhecimento absoluto, embalada em linguagem sagrada, passa a impressão de sabedoria - quando, na verdade, é apenas uma forma elegante de evitar perguntas difíceis.

Já os ateus, agnósticos e céticos, ao enfrentarem questões sobre a natureza do cosmos, tendem a buscar respostas na ciência, admitindo que muitas delas ainda não existem. Essa postura não é arrogância, como alguns afirmam; é honestidade intelectual. É reconhecer que a ignorância não é um defeito, mas um ponto de partida.

Na visão científica, dizer “não sei” é abrir caminho para o progresso. Na visão dogmática, dizer “eu sei” - mesmo sem saber - é fechar a porta para qualquer investigação futura.

A história mostra claramente essa diferença de postura. - Quando não se sabia o que eram relâmpagos, religiões atribuíram o fenômeno à fúria de deuses. A ciência avançou e descobriu a eletricidade atmosférica.

- Quando não se sabia a origem das doenças, explicava-se tudo com demônios ou castigos divinos. Hoje, compreendemos vírus, bactérias, fungos, genética e imunologia.

- Quando não se entendia o movimento dos planetas, sacerdotes criavam mitologias. A ciência desenvolveu modelos matemáticos e a física moderna.
Em cada etapa, a religião ofereceu uma resposta pronta; a ciência ofereceu uma pergunta que levou a uma descoberta.

A diferença essencial é que a ciência não pretende ter a verdade final - e justamente por isso progride. A religião, ao reivindicar conhecimento absoluto sobre temas para os quais não há evidências, permanece imóvel, protegida pelo dogma.

No fim, a reflexão de Sam Harris ecoa com uma clareza desconfortável: a verdadeira humildade não está em declarar certeza onde não há fundamentos, mas em reconhecer a vastidão do desconhecido. A ciência cresce ao admitir sua ignorância; a religião se sustenta ao negá-la.

Se há uma virtude intelectual necessária para compreender o universo, ela não é a fé - é a coragem de dizer: “ainda não sabemos.”

terça-feira, novembro 25, 2025

Filme: A lista de Schindler


 

Filme: A Lista de Schindler e a Menina do Casaco Vermelho

A menina do casaco vermelho tornou-se um dos símbolos mais marcantes do filme A Lista de Schindler (1993), dirigido por Steven Spielberg. A obra narra a história real de Oskar Schindler, um empresário alemão que, durante o Holocausto, salvou mais de mil judeus ao empregá-los em suas fábricas, protegendo-os da deportação e da morte.

Considerado pela crítica especializada um dos maiores filmes já produzidos, A Lista de Schindler utiliza uma estética quase inteiramente em preto e branco. Spielberg explicou que essa escolha visava criar uma atmosfera documental, aproximando o público da realidade histórica e emocional da época. Para o diretor, a cor representa vida - e justamente por isso, um filme sobre genocídio, perda e desumanização deveria ser dominado pela ausência dela.

Entretanto, em meio ao mundo cinzento e devastado do Holocausto, uma única cor se destaca: o vermelho do casaco da pequena menina. Essa escolha não foi aleatória. A personagem foi inspirada no relato de Zelig Burkhut, sobrevivente do Holocausto, que contou a Spielberg a imagem inesquecível de uma menina de casaco rosado, com não mais de quatro anos, morta por um nazista diante de seus olhos.

A lembrança era tão traumática e tão viva que Burkhut disse nunca ter conseguido apagá-la - e Spielberg transformou essa memória num dos momentos mais impactantes do cinema. No filme, a aparição da menina do casaco vermelho provoca um choque emocional no espectador.

Em meio ao caos, sua figura colorida cria a ilusão de vida, pureza e esperança. Por um instante, somos levados a acreditar que ela pode escapar daquele destino cruel. Porém, essa esperança é brutalmente quebrada quando Schindler a reencontra, sem vida, sendo levada em uma pilha de corpos destinados à cremação - reconhecida apenas pelo casaco vermelho.

Essa cena é crucial não apenas para a narrativa, mas para a transformação interna de Oskar Schindler. Antes disso, ele observava a fuligem dos corpos queimados se acumulando sobre seu carro com um incômodo quase distante, burocrático.

Mas ao ver a menina morta - aquela pequena chama de cor em meio ao mundo monocromático - o impacto o atravessa de forma definitiva. É nesse momento que sua consciência desperta por completo: a guerra deixa de ser apenas uma oportunidade de lucro, e ele decide agir para salvar vidas, a qualquer custo.

A menina do casaco vermelho, portanto, não é apenas um detalhe estético. Ela é um símbolo da inocência perdida, da violência brutal do regime nazista e do ponto de ruptura moral que transforma Schindler. É também um lembrete de que, em meio à maior tragédia da humanidade, vidas individuais - pequenas, frágeis, aparentemente insignificantes - carregam um peso incalculável.

A cena tornou-se uma das mais discutidas da história do cinema, não pela grandiosidade técnica, mas pela simplicidade devastadora. Ela ecoa até hoje porque revela, com força simbólica, que cada vítima do Holocausto tinha um nome, uma face, uma história - e que perder uma única vida inocente já é, por si só, uma catástrofe humanitária.

Isabella Boye Singer - O Rosto da Estátua da Liberdade

 

A Viúva do Criador da Máquina de Costura Singer e a Lenda por Trás de um Ícone

Isabella Eugénie Boyer nasceu em Paris, filha de uma mãe inglesa e de um pai confeiteiro de origem africana. Desde cedo, sua beleza chamou atenção, e ainda muito jovem ela se tornou modelo - algo raro para mulheres na década de 1850, especialmente para mulheres mestiças, que enfrentavam preconceitos e limitações sociais importantes.

Aos 20 anos, Isabella casou-se com o empresário Isaac Merritt Singer, o famoso inventor e fabricante das máquinas de costura Singer, que tinha então 50 anos. O casal teve vários filhos, e, após a morte de Singer em 1875, Isabella herdou uma fortuna colossal, tornando-se uma das mulheres mais ricas dos Estados Unidos e da Europa.

Viúva e rica, Isabella ingressou com naturalidade nos círculos culturais e aristocráticos europeus. Anos depois, casou-se novamente, dessa vez com o violinista e nobre holandês Victor Reubsaet - frequentemente citado como “conde” por causa de seu prestígio e influência.

Com esse casamento, Isabella passou a ser tratada socialmente como condessa, circulando entre artistas, políticos, músicos e mecenas de toda a Europa. Foi nesse ambiente que ela conheceu o escultor francês Frédéric Auguste Bartholdi, já envolvido no grandioso projeto de criar uma estátua monumental como presente da França aos Estados Unidos, em comemoração ao centenário da independência americana.

A obra, que mais tarde seria conhecida mundialmente como Estátua da Liberdade, representaria a deusa romana Libertas, portando uma tocha e uma tábua com a data da assinatura da Declaração de Independência (4 de julho de 1776).

A beleza serena e marcante de Isabella impressionou Bartholdi, e desde o final do século XIX circula o rumor de que ela teria servido como modelo para o rosto da estátua. De fato, há registros de que Bartholdi conhecia Isabella pessoalmente, e ela era considerada uma das mulheres mais elegantes e influentes de seu tempo.

No entanto, não há documentação oficial confirmando que Isabella Boyer foi a inspiração direta do escultor. Alguns historiadores afirmam que Bartholdi utilizou como referência o rosto da própria mãe, Charlotte Bartholdi. Outros defendem que ele recorreu a diferentes modelos para compor o rosto idealizado de Libertas.

Ainda assim, a associação entre Isabella e a Estátua da Liberdade permanece viva, em grande parte porque sua notoriedade, riqueza, beleza e ligação com figuras influentes da época fizeram dela uma personalidade fascinante - uma mulher cuja imagem parecia adequada para representar liberdade, força e elegância.

Posteriormente, Isabella casou-se pela terceira vez, já com cerca de 50 anos, com Paul Sohée (ou Sohej, segundo algumas fontes), um conhecido colecionador de arte. Continuou vivendo entre Paris e Londres, mantendo-se como figura respeitada e admirada na alta sociedade.

Isabella Boyer morreu em 1904, em Paris, aos 62 anos, deixando para trás uma vida marcada por fortuna, reinvenção e um dos boatos mais intrigantes da história da arte: teria ela sido, ou não, o verdadeiro rosto da Estátua da Liberdade?

Fato ou lenda, sua história permanece entrelaçada ao mito - e isso, por si só, é parte da magia que envolve a criação desse símbolo universal de liberdade.

segunda-feira, novembro 24, 2025

Cidade de Herculano, Itália - Destruída pelo Vesúvio


 

Herculano: A Cidade Silenciosa que o Vesúvio Preservou

Herculano era uma antiga cidade romana localizada onde hoje se encontra a moderna Ercolano, na Campânia, Itália. Assim como sua vizinha Pompeia, foi tragicamente soterrada pela erupção catastrófica do Monte Vesúvio no ano de 79 d.C. Contudo, o destino de Herculano seguiu um curso distinto e, em alguns aspectos, ainda mais surpreendente.

Embora fosse menor que Pompeia - com uma população estimada entre 4 e 5 mil habitantes - Herculano era consideravelmente mais rica. Tornara-se um refúgio costeiro para membros da elite romana, que ali desfrutavam de casas luxuosas, mosaicos refinados, jardins privados e uma vista privilegiada do mar. A abundância de revestimentos em mármore colorido e a arquitetura elaborada refletem esse ambiente de prestígio e opulência.

A Preservação Inesperada

Ao contrário de Pompeia, que foi coberta por uma chuva contínua de cinzas e pedra-pomes, Herculano foi engolida principalmente por ondas piroclásticas: massas ardentes de gases tóxicos, cinzas microscópicas e detritos ultra quentes que desceram dos flancos do monte a velocidades superiores a 150 km/h.

Esse tipo de soterramento teve uma consequência singular: a carbonização e preservação de materiais orgânicos, algo extremamente raro na arqueologia romana. Telhados, portas, camas, prateleiras, alimentos, tecidos e até papiros foram carbonizados instantaneamente, impedindo sua decomposição.

Entre esses tesouros se destaca a famosa Vila dos Papiros, onde centenas de rolos filosóficos - provavelmente pertencentes à biblioteca de Lúcio Calpúrnio Pisão, sogro de Júlio César - sobreviveram até os dias de hoje.

Uma Redescoberta por Acaso

A história tradicional afirma que Herculano foi redescoberta em 1709, quando a escavação de um poço atingiu parte do antigo teatro romano. No entanto, evidências indicam que estruturas antigas já haviam sido encontradas antes desse episódio, durante obras locais de terraplanagem.

Os primeiros anos após a descoberta foram marcados por uma espécie de "corrida ao tesouro". Túnel após túnel era escavado de forma clandestina, com o objetivo de retirar obras de arte, esculturas e objetos preciosos. Muitos desses itens foram parar em coleções particulares europeias, o que se tornou um desafio para historiadores e arqueólogos posteriores.

Somente em 1738 iniciaram-se escavações oficiais, patrocinadas pela corte Bourbon de Nápoles. Desde então, o sítio passou por diferentes fases de exploração. Hoje, grande parte dos recursos é destinada à preservação das áreas já descobertas, uma vez que apenas parte da antiga cidade foi escavada - e o restante permanece protegido sob camadas de material vulcânico.

A Erupção: A Tragédia que Paralisou o Tempo

Graças às cartas de Plínio, o Jovem, dirigidas ao historiador Tácito, e às evidências arqueológicas, podemos reconstruir o desenrolar dos acontecimentos com grande precisão.

Primeiro dia – início da tarde

Por volta das 13h, o Vesúvio expeliu uma colossal coluna de material vulcânico que atingiu entre 27 e 33 km de altura. Plínio comparou a forma dessa coluna a um pinheiro-manso, com um tronco vertical e uma copa larga no topo - a primeira descrição registrada do fenômeno que hoje chamamos de erupção pliniana.

Os ventos sopravam para sudeste, o que fez com que Pompeia recebesse o impacto inicial. Em poucas horas, a cidade vizinha estava coberta por cinzas e pedra-pomes, levando casas ao colapso.

Já Herculano, situada a oeste do vulcão, foi pouco afetada nesse momento. Apenas uma fina camada de cinzas caiu sobre suas ruas. Mesmo assim, o estranho escurecimento do céu e a chuva de cinzas foram suficientes para que a maioria da população fugisse ou buscasse abrigo.

Segundo dia - madrugada mortal

Por volta da 1h da manhã, a enorme coluna eruptiva entrou em colapso. A primeira onda piroclástica desceu pelos flancos do Vesúvio a cerca de 160 km/h, alcançando Herculano em poucos instantes.

O calor atingiu níveis extremos - mais de 250 ºC - suficiente para provocar morte instantânea. Estudos modernos mostraram que as vítimas não morreram por asfixia, como se acreditava anteriormente, mas sim por exposição súbita a temperaturas letais. Em muitos casos, o calor foi tão intenso que vaporizou tecidos moles em segundos.

Uma sequência de seis fluxos piroclásticos posteriores enterrou a cidade sob cerca de 20 metros de material vulcânico, preservando de modo extraordinário edifícios, móveis, esculturas e até pessoas em suas últimas posturas.

Entre os achados mais impressionantes estão os esqueletos de aproximadamente 300 pessoas encontrados nas chamadas “casas de barco”, próximo à antiga praia. Eram, ao que tudo indica, moradores que aguardavam evacuação marítima que nunca chegou.

A Questão da Data da Erupção

Durante séculos, acreditou-se que o desastre ocorreu em 24 de agosto de 79 d.C., baseado em manuscritos medievais das cartas de Plínio. Porém, evidências arqueológicas vêm apontando para uma data em outubro, possivelmente 17 de outubro: as vítimas vestiam roupas de frio, incompatíveis com agosto; frutas e legumes encontrados eram típicos do outono italiano; ânforas de vinho estavam lacradas - algo que ocorria no fim da colheita, em outubro; moedas achadas com uma vítima traziam títulos imperiais atualizados apenas após setembro. Esses detalhes têm levado muitos estudiosos a revisarem a cronologia tradicional.


Castellfollit de la Roca



 

Castellfollit de la Roca: A Vila Suspensa Sobre o Basalto

Castellfollit de la Roca é um pequeno município espanhol situado na comarca da Garrotxa, na província de Girona, pertencente à comunidade autônoma da Catalunha.

Com apenas 0,67 km² de área e uma população de cerca de 961 habitantes em 2019 (densidade aproximada de 1.434 hab./km²), é um dos menores e mais singulares municípios de toda a Espanha.

A vila está estrategicamente localizada sobre um impressionante rochedo basáltico - o famoso penhasco de Castellfollit - que se ergue mais de 50 metros acima da confluência dos rios Fluvià e Toronell.

Seu formato estreito e alongado, com quase um quilômetro de comprimento, confere ao local uma aparência dramática e inconfundível, que há séculos fascina fotógrafos, pintores e viajantes.

Um Monumento Natural Modelado Pelo Fogo e pela Água

O penhasco onde a vila se assenta é o resultado de um processo geológico que se estende por centenas de milhares de anos. Ele é formado pela superposição de duas antigas coladas de lava basáltica:

A camada inferior, com cerca de 217 mil anos, originou-se de erupções vindas da Serra de Batet, na região de Olot. A camada superior, datada de aproximadamente 192 mil anos, tem origem nos vulcões da Beguda, situados em Sant Joan les Fonts.

Essas erupções formaram uma extensa planície de lava. Com o passar dos milênios, a erosão contínua dos rios Fluvià e Toronell desgastou o material vulcânico, esculpindo o imponente paredão que hoje serve de base para Castellfollit de la Roca.

O resultado é uma paisagem que combina força geológica e fragilidade aparente - um espetáculo natural que parece desafiar a lógica, com casas e ruas suspensas sobre colunas basálticas formadas por resfriamento lento da lava.

A região faz parte do Parque Natural da Zona Vulcânica da Garrotxa, a área vulcânica mais bem preservada da Península Ibérica, com mais de 40 cones vulcânicos e diversas coladas de lava visíveis.

História e Arquitetura no Limite do Abismo

Embora a área tenha sido ocupada desde épocas remotas, Castellfollit de la Roca começa a aparecer em documentos medievais por volta do século XI. Suas primeiras construções foram erguidas exatamente sobre o penhasco, aproveitando sua posição naturalmente defensiva.

O conjunto urbano é caracterizado por ruas estreitas, casas de pedra vulcânica e uma atmosfera que mistura rusticidade e beleza dramática. A imagem mais famosa da vila é a da Igreja de Sant Salvador, edificada originalmente no século XIII e reformada em períodos posteriores.

Ela se projeta na extremidade do penhasco, acompanhada por uma fileira de casas que parecem "penduradas" sobre o abismo. Durante séculos, a vila sofreu com conflitos bélicos, terremotos e com a própria instabilidade do penhasco, que exige constante monitoramento devido a pequenas quedas de blocos basálticos.

Mesmo assim, Castellfollit perseverou, tornando-se um símbolo da relação do ser humano com paisagens extremas.

Cultura, Turismo e Fascínio Contemporâneo

Hoje, Castellfollit de la Roca é um destino turístico muito procurado na Catalunha. Visitantes percorrem suas ruelas silenciosas, observam o precipício a partir do miradouro junto à igreja e contemplam a majestade do penhasco de vários ângulos, especialmente ao entardecer.

O local já foi inúmeras vezes pintado, fotografado e retratado em reportagens, documentários e livros de viagem. Sua combinação única de geologia, história e arquitetura o transforma em um dos cartões-postais mais impressionantes da Espanha.

Além disso, o município abriga o Museu del Embotit (Museu dos Enchidos), que celebra a tradição gastronômica local - um contraste curioso com a austeridade do paredão vulcânico.