A Viúva do Criador da Máquina de Costura Singer e a Lenda por Trás de um Ícone
Isabella Eugénie
Boyer nasceu em Paris, filha de uma mãe inglesa e de um pai confeiteiro de
origem africana. Desde cedo, sua beleza chamou atenção, e ainda muito jovem ela
se tornou modelo - algo raro para mulheres na década de 1850, especialmente
para mulheres mestiças, que enfrentavam preconceitos e limitações sociais
importantes.
Aos 20 anos,
Isabella casou-se com o empresário Isaac Merritt Singer, o famoso inventor e
fabricante das máquinas de costura Singer, que tinha então 50 anos. O casal
teve vários filhos, e, após a morte de Singer em 1875, Isabella herdou uma
fortuna colossal, tornando-se uma das mulheres mais ricas dos Estados Unidos e
da Europa.
Viúva e rica,
Isabella ingressou com naturalidade nos círculos culturais e aristocráticos
europeus. Anos depois, casou-se novamente, dessa vez com o violinista e nobre
holandês Victor Reubsaet - frequentemente citado como “conde” por causa de seu
prestígio e influência.
Com esse casamento, Isabella passou a ser
tratada socialmente como condessa, circulando entre artistas, políticos,
músicos e mecenas de toda a Europa. Foi nesse ambiente que ela conheceu o
escultor francês Frédéric Auguste Bartholdi, já envolvido no grandioso projeto
de criar uma estátua monumental como presente da França aos Estados Unidos, em
comemoração ao centenário da independência americana.
A obra, que mais tarde seria conhecida
mundialmente como Estátua da Liberdade,
representaria a deusa romana Libertas, portando uma tocha e uma tábua com a
data da assinatura da Declaração de Independência (4 de julho de 1776).
A beleza serena
e marcante de Isabella impressionou Bartholdi, e desde o final do século XIX
circula o rumor de que ela teria servido como modelo para o rosto da estátua.
De fato, há registros de que Bartholdi conhecia Isabella pessoalmente, e ela
era considerada uma das mulheres mais elegantes e influentes de seu tempo.
No entanto, não
há documentação oficial confirmando que Isabella Boyer foi a inspiração direta
do escultor. Alguns historiadores afirmam que Bartholdi
utilizou como referência o rosto da própria mãe, Charlotte Bartholdi. Outros
defendem que ele recorreu a diferentes modelos para compor o rosto idealizado
de Libertas.
Ainda assim, a
associação entre Isabella e a Estátua da Liberdade permanece viva, em grande
parte porque sua notoriedade, riqueza, beleza e ligação com figuras influentes
da época fizeram dela uma personalidade fascinante - uma mulher cuja imagem
parecia adequada para representar liberdade, força e elegância.
Posteriormente,
Isabella casou-se pela terceira vez, já com cerca de 50 anos, com Paul Sohée
(ou Sohej, segundo algumas fontes), um conhecido colecionador de arte.
Continuou vivendo entre Paris e Londres, mantendo-se como figura respeitada e
admirada na alta sociedade.
Isabella Boyer
morreu em 1904, em Paris, aos 62 anos, deixando para trás uma vida marcada por
fortuna, reinvenção e um dos boatos mais intrigantes da história da arte: teria
ela sido, ou não, o verdadeiro rosto da Estátua da Liberdade?
Fato ou lenda, sua história permanece entrelaçada ao mito - e isso, por si só, é parte da magia que envolve a criação desse símbolo universal de liberdade.









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