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quarta-feira, novembro 26, 2025

A Realidade de Ayn Rand - Autora de A Revolta de Atlas




Quando você percebe que, para produzir, precisa pedir autorização justamente àqueles que nada criam; quando constata que o dinheiro não circula em direção a quem inova, trabalha e arrisca, mas para quem domina a arte de trocar favores e manipular influência; quando observa que muitos enriquecem não por mérito, mas por suborno, conchavos e caminhos obscuros - e que as leis, em vez de proteger o cidadão comum, servem como escudo para esses privilegiados - então você pode afirmar, sem medo de exagerar, que sua sociedade entrou em estado de decadência moral. (Ayn Rand)

Esse alerta, originalmente formulado como uma crítica às estruturas de poder que sufocam a liberdade individual, tornou-se um diagnóstico frequente de sociedades onde a burocracia se transforma em instrumento de controle e a corrupção passa a ser não uma exceção, mas parte do funcionamento cotidiano das instituições.

Quando a honestidade se converte em ato heroico - e até mesmo perigoso - enquanto a dissimulação, o clientelismo e a esperteza se tornam caminhos mais eficazes para ascender socialmente, cria-se um ambiente em que o indivíduo íntegro é tratado quase como ingênuo.

A virtude deixa de ser recompensa e passa a ser punição, porque exige renúncia, sacrifício e resistência a um sistema que premia justamente o contrário. Ao longo da história, períodos marcados por corrupção estrutural sempre abriram caminho para crises profundas.

O Império Romano, por exemplo, viu sua máquina estatal inchada por privilégios, subornos e cargos vendidos, corroendo lentamente seus alicerces. Em vários momentos da Idade Moderna, monarquias mergulharam no caos não por falta de riqueza, mas pela incapacidade de impedir que a ganância das elites drenasse a vitalidade econômica de seus povos.

E, no século XX, regimes burocráticos e autoritários ruíram sob o peso do próprio parasitismo, incapazes de sustentar uma sociedade que produzia cada vez menos e consumia cada vez mais.

Ayn Rand descreve esse processo como um ponto de inflexão moral: uma sociedade que passa a punir o mérito e a recompensar a corrupção inevitavelmente se aproxima do colapso. Não necessariamente um colapso súbito, mas um desgaste contínuo - uma erosão lenta da confiança pública, da produtividade e do senso de justiça.

Quando a lei deixa de ser instrumento de equilíbrio e se converte em arma seletiva, quando reina a sensação de que “não adianta fazer o certo porque o certo não leva a lugar nenhum”, o tecido social se desfaz.

A desesperança se instala. E o cidadão comum passa a buscar alternativas fora da estrutura formal: informalidade, autodefesa, descrença nas instituições ou até mesmo fuga - física ou psicológica - do próprio país.

O que Rand nos lembra, de maneira contundente, é que sociedades não se desintegram apenas por crises econômicas. Elas se desintegram quando perdem seus referenciais morais. Quando a corrupção vira norma. Quando a honestidade vira obstáculo.

Quando produzir exige mais esforço político do que esforço intelectual. Quando os que nada fazem exigem obediência dos que carregam o peso real da nação. E é nesse ponto que a condenação deixa de ser possibilidade e se torna sentença anunciada.

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