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domingo, dezembro 07, 2025

Teístas e Ateus Quem Tem Mais Sangue nas Mãos


Ao contrário do que muitos teístas afirmam - que a religião seria a principal fonte de moralidade e paz -, a história registra tanto ateus notavelmente pacíficos e humanistas quanto líderes religiosos responsáveis por perseguições em larga escala. Entre os ateus (ou não teístas) que marcaram positivamente a humanidade podemos citar:

Confúcio (551-479 a.C.), cuja filosofia ética influenciou bilhões de pessoas sem recorrer a qualquer deus pessoal.

Epicuro (341-270 a.C.), que pregava a busca da felicidade serena e a compaixão.

Baruch Spinoza (1632-1677), panteísta expulso da comunidade judaica, mas que defendeu a tolerância religiosa e a democracia.

David Hume (1711-1776), Bertrand Russell (1872-1970), Jean-Paul Sartre (1905-1980) e Carl Sagan (1934-1996), todos críticos da religião organizada e, ao mesmo tempo, defensores ardentes da razão, da liberdade e dos direitos humanos.

Por outro lado, a história também registra episódios trágicos em que a fé religiosa foi usada para justificar violência em nome de Deus ou dos deuses:

As Cruzadas (séculos XI-XIII): centenas de milhares de mortos (cristãos, muçulmanos e judeus) em guerras santas convocadas por papas.

A Inquisição (século XII até o XIX): torturas, autos-de-fé e execuções em nome da pureza doutrinária católica (e também protestante em menor escala).

As guerras religiosas europeias (século XVI-XVII): a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) matou cerca de 8 milhões de pessoas, em grande parte por disputas entre católicos e protestantes.

A caça às bruxas (séculos XV-XVIII): entre 40 e 60 mil executadas, quase todas por tribunais cristãos. O genocídio dos povos indígenas nas Américas e na Oceania, muitas vezes justificado por missionários e autoridades coloniais como “obra de evangelização”.

No mundo islâmico: conquistas iniciais, guerras entre xiitas e sunitas, lapidações e execuções por apostasia até os dias atuais em alguns países.

No século XX: o regime ateu de Stalin e Mao cometeu atrocidades monstruosas, mas regimes teocráticos ou fortemente religiosos (como o Talebã, o Estado Islâmico ou certas ditaduras cristãs na América Latina) também deixaram rastros de sangue.

Portanto, a questão central permanece aberta e incômoda: A crença em Deus (ou a ausência dela) torna, por si só, as pessoas mais pacíficas, justas e tolerantes? A resposta mais honesta que a história nos dá é: não necessariamente.
Tanto ateus quanto crentes cometeram horrores quando possuíram poder absoluto e se convenceram-se de estar do lado da “verdade única”. Por outro lado, tanto ateus quanto crentes produziram alguns dos maiores exemplos de compaixão, coragem ética e defesa da dignidade humana.

O que parece determinar o comportamento não é a presença ou ausência de crença em Deus, mas sim o grau de dogmatismo, o apego ao poder e a recusa do pluralismo. A tolerância e a violência não são monopólio de nenhum grupo: elas nascem da forma como cada pessoa ou sociedade lida com a certeza de estar certa e com o medo do diferente.

Em resumo: a religião pode ser uma poderosa força de consolação e ética, mas também pode ser (e foi) usada como arma. O ateísmo pode ser um caminho de liberdade intelectual, mas também pode cair no mesmo fanatismo secular.

O desafio humano não é escolher entre teísmo e ateísmo, mas entre abertura e intolerância - qualquer que seja a bandeira. 

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