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segunda-feira, dezembro 08, 2025

A Origem do Nome do Vaticano


 O Vaticano: o menor e um dos mais singulares países do mundo

O Estado da Cidade do Vaticano (em italiano: Stato della Città del Vaticano) é, simultaneamente, um país independente, o menor do planeta em área (44 hectares, ou 0,44 km²) e em população (cerca de 800 habitantes permanentes em 2025), e a sede mundial da Igreja Católica Romana.

Apesar do tamanho minúsculo, possui todos os atributos de um Estado soberano: bandeira, hino, moeda (euro, com cunhagem própria), correios, rádio, jornal oficial, força de segurança (Guarda Suíça), diplomacia própria e até um pequeno exército cerimonial.

Embora seja frequentemente chamado de “o país mais rico do mundo per capita”, essa afirmação é relativa: o Vaticano não divulga todas as suas finanças, mas administra um patrimônio histórico-artístico incalculável (Museus Vaticanos, Basílica de São Pedro, Biblioteca Apostólica, etc.) e possui investimentos globais através do IOR (Instituto para as Obras da Religião, o chamado “Banco do Vaticano”).

Não é, porém, o Estado mais rico do planeta nem em termos absolutos nem per capita (países como Luxemburgo, Qatar, Singapura e Noruega superam-no largamente em PIB per capita).

A ideia de que o Vaticano “põe e destrona reis e presidentes” ou “financia guerras” pertence mais à literatura conspiratória do que à história documentada contemporânea.

Durante a Idade Média e Renascimento, a Santa Sé realmente exerceu enorme influência política (ex.: coroação de imperadores, Cruzadas, excomunhões que derrubavam monarcas), mas desde o século XIX essa influência é sobretudo moral, cultural e diplomática.

Qual é a verdadeira origem do nome “Vaticano”?

O nome “Vaticano” não vem do latim cristão nem da Bíblia. Sua origem é bem mais antiga e remonta à época pré-romana. A colina onde hoje está o Vaticano chamava-se, em latim, Mons Vaticanus (“Colina Vaticana”).

Antes da ascensão de Roma, a região era habitada pelos etruscos, um povo que dominou o centro da Itália entre os séculos IX e III a.C. (não “há 3000 anos”, pois isso seria cerca de 1000 a.C.; os etruscos florescem a partir de ≈800 a.C.). Existem três explicações etimológicas principais para o nome, todas pré-cristãs:

A mais aceita academicamente: vem do etrusco “Vatica” ou “Vatika”, nome de uma antiga divindade feminina menor do submundo e das necrópoles. Os etruscos tinham horror a enterrar mortos dentro das cidades e construíam enormes cemitérios fora das muralhas.

A colina Vaticana era precisamente uma dessas grandes necrópoles etruscas. A deusa Vatika era a guardiã dos mortos e do local. Uma segunda teoria, defendida por linguistas clássicos (Plínio, o Velho e Varrão), liga o nome à palavra latina vaticinĭum ou vates (“profeta”, “adivinho”).

Na colina cresciam espontaneamente certas plantas e uvas silvestres de sabor muito amargo que, segundo a tradição popular romana, provocavam visões ou estados alterados de consciência. Por isso o lugar era associado a oráculos e profecias (daí “vaticinar” = profetizar em português). Essa explicação é a que deu origem ao verbo “vaticinar”.

Uma terceira hipótese, menos aceita, sugere que havia uma antiga cidade ou povoado etrusco chamado Vaticum, hoje desaparecido, cujo nome teria sido transferido para a colina.

O local onde Pedro foi martirizado

No tempo do imperador Nero (64 d.C.), após o grande incêndio de Roma, o Circo de Nero (uma enorme arena de corridas de cavalos) ocupava exatamente a área onde hoje está a Basílica de São Pedro.

Segundo a tradição cristã antiga (atestada desde o século II), o apóstolo Pedro foi crucificado de cabeça para baixo nesse circo, a pedido próprio, por não se julgar digno de morrer como Jesus. Seu túmulo teria ficado ali mesmo, na encosta da colina Vaticana.

Escavações arqueológicas realizadas sob a basílica entre 1939 e 1949 (por ordem de Pio XII) encontraram de fato uma necrópole romana do século I–IV e, abaixo do altar-mor, um pequeno monumento do século II que a tradição Constantina identificava como túmulo de Pedro.

Ossos de um homem robusto de 60-70 anos foram encontrados em 1968 próximos desse local, e exames de carbono-14 e análise antropológica são compatíveis com o século I, embora a Igreja nunca tenha declarado oficialmente “estes são os ossos de São Pedro”.

Resumo atualizado e preciso Portanto, o Vaticano está literalmente construído sobre: Uma antiga necrópole etrusca e romana; O local tradicional do martírio de São Pedro; Uma colina cujo nome já era “Vaticano” séculos antes de Cristo existir, com raízes pagãs ligadas a profecias ou a uma deusa do mundo dos mortos.

Esse contraste entre raízes pagãs profundas e a centralidade do cristianismo mundial é uma das ironias mais fascinantes da história de Roma. 

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