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sexta-feira, outubro 10, 2025

Distante


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Parece um longo caminho a ser percorrido, uma estrada tortuosa que se estende além do horizonte, onde cada passo parece me afastar ainda mais do destino.

É como se o próprio tempo conspirasse contra mim, tornando impossível chegar a algum lugar, como se o fim fosse apenas uma ilusão que se desfaz ao toque.

Como veredas sem fim, a jornada é exaustiva, e persistir se torna um fardo quase insuportável. Não parece ser para mim, eu que carrego o peso da dúvida e a sombra da desistência.

Quantas vezes me vi paralisado, incapaz de lutar, rendido antes mesmo de erguer a voz? A covardia, ou talvez o cansaço, sempre falou mais alto, sussurrando que o esforço não vale a pena, que o fracasso é inevitável.

E ainda assim, não me parece justo. Como pode algo tão pequeno, tão aparentemente insignificante, carregar um valor tão imenso? Um gesto, uma palavra, um instante roubado pelo vento - como podem pesar tanto no coração?

Eu, como qualquer outro, talvez fizesse mais por promessas grandiosas, por milhões que brilham como estrelas intocáveis. Mas aqui estou, preso a esse vazio, onde o que é pequeno me consome e o que é grande me escapa.

Não é justo, repito a mim mesmo, enquanto o impossível se ergue como uma muralha diante de mim. Cada tentativa parece vã, cada sonho, uma miragem que tremula e desaparece.

Seria mais fácil, penso, abandonar tudo, deixar o corpo tombar e a alma se dissolver, como se morrer fosse apenas um intervalo antes de renascer. Mas renascer para quê?

Para enfrentar novamente o mesmo abismo, a mesma distância que separa meu coração do seu? Tão perto, e ao mesmo tempo tão distante, está o seu coração do meu.

Vejo você como uma chama que aquece e queima, próxima o bastante para me fazer sentir viva, mas distante o suficiente para que eu nunca possa tocá-la.

Lembro-me dos momentos em que nossos caminhos se cruzaram - um olhar furtivo, uma palavra trocada, um silêncio que dizia mais do que qualquer promessa.

Naquele instante, acreditei que o impossível poderia se curvar, que a muralha poderia ruir. Mas o tempo, cruel como sempre, trouxe de volta a verdade: você segue adiante, enquanto eu permaneço aqui, perdido entre o desejo e a resignação.

Houve um dia em que pensei que poderia lutar, que poderia atravessar o deserto que nos separa. Caminhei, tropecei, sangrei. Mas cada passo parecia me levar a lugar nenhum, e o eco da sua ausência ressoava mais alto que qualquer esperança.

Agora, olhando para o horizonte, vejo apenas a poeira dos meus próprios sonhos desfeitos. E ainda assim, algo em mim se recusa a apagar você, como se, mesmo tão longe, seu coração ainda pulsasse em sintonia com o meu, em algum lugar que eu não sei alcançar.

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