Parece
um longo caminho a ser percorrido, uma estrada tortuosa que se estende além do
horizonte, onde cada passo parece me afastar ainda mais do destino.
É como
se o próprio tempo conspirasse contra mim, tornando impossível chegar a algum
lugar, como se o fim fosse apenas uma ilusão que se desfaz ao toque.
Como
veredas sem fim, a jornada é exaustiva, e persistir se torna um fardo quase
insuportável. Não parece ser para mim, eu que carrego o peso da dúvida e a
sombra da desistência.
Quantas
vezes me vi paralisado, incapaz de lutar, rendido antes mesmo de erguer a voz?
A covardia, ou talvez o cansaço, sempre falou mais alto, sussurrando que o
esforço não vale a pena, que o fracasso é inevitável.
E ainda
assim, não me parece justo. Como pode algo tão pequeno, tão aparentemente
insignificante, carregar um valor tão imenso? Um gesto, uma palavra, um
instante roubado pelo vento - como podem pesar tanto no coração?
Eu,
como qualquer outro, talvez fizesse mais por promessas grandiosas, por milhões
que brilham como estrelas intocáveis. Mas aqui estou, preso a esse vazio, onde
o que é pequeno me consome e o que é grande me escapa.
Não é
justo, repito a mim mesmo, enquanto o impossível se ergue como uma muralha
diante de mim. Cada tentativa parece vã, cada sonho, uma miragem que tremula e
desaparece.
Seria
mais fácil, penso, abandonar tudo, deixar o corpo tombar e a alma se dissolver,
como se morrer fosse apenas um intervalo antes de renascer. Mas renascer para
quê?
Para
enfrentar novamente o mesmo abismo, a mesma distância que separa meu coração do
seu? Tão perto, e ao mesmo tempo tão distante, está o seu coração do meu.
Vejo
você como uma chama que aquece e queima, próxima o bastante para me fazer
sentir viva, mas distante o suficiente para que eu nunca possa tocá-la.
Lembro-me
dos momentos em que nossos caminhos se cruzaram - um olhar furtivo, uma palavra
trocada, um silêncio que dizia mais do que qualquer promessa.
Naquele
instante, acreditei que o impossível poderia se curvar, que a muralha poderia
ruir. Mas o tempo, cruel como sempre, trouxe de volta a verdade: você segue
adiante, enquanto eu permaneço aqui, perdido entre o desejo e a resignação.
Houve
um dia em que pensei que poderia lutar, que poderia atravessar o deserto que
nos separa. Caminhei, tropecei, sangrei. Mas cada passo parecia me levar a
lugar nenhum, e o eco da sua ausência ressoava mais alto que qualquer
esperança.
Agora, olhando para o horizonte, vejo apenas a poeira dos meus próprios sonhos desfeitos. E ainda assim, algo em mim se recusa a apagar você, como se, mesmo tão longe, seu coração ainda pulsasse em sintonia com o meu, em algum lugar que eu não sei alcançar.
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