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quinta-feira, agosto 15, 2024

Maria Mandel - A besta de Auschwitz

 



Maria Mandel - A besta de Auschwitz 

A visão estereotipada de que mulheres são naturalmente mais sentimentais e compassivas em comparação aos homens foi brutalmente desmentida por figuras como Maria Mandel, uma das mais cruéis e notórias guardas dos campos de concentração nazistas.

Durante o regime de Hitler, algumas mulheres que serviram na máquina de extermínio da Alemanha nazista demonstraram uma crueldade tão extrema quanto, ou até superior, à de seus colegas homens. Maria Mandel, conhecida como "A Besta de Auschwitz", é um exemplo emblemático dessa desumanidade.

Nascida em 10 de janeiro de 1912, na cidade de Münzkirchen, na Áustria, Maria Mandel ingressou no sistema de campos de concentração nazistas com uma dedicação que a levou a se destacar rapidamente entre seus superiores.

Sua trajetória no nazismo começou em 1938, quando se juntou à SS (Schutzstaffel), a organização paramilitar responsável por muitas das atrocidades do regime. Mandel foi inicialmente enviada ao campo de concentração de Ravensbrück, recém-construído nos arredores de Berlim, em 1939.

Esse campo, projetado principalmente para prisioneiras mulheres, foi onde ela começou a demonstrar sua eficiência e crueldade. Sua habilidade em impor disciplina rígida e sua falta de empatia impressionaram os comandantes, resultando em sua rápida promoção ao cargo de SS-Oberaufseherin (Supervisora Sênior).

Nesse papel, ela supervisionava as chamadas diárias de prisioneiras, coordenava o trabalho dos guardas subordinados e determinava punições brutais, como chicotadas, espancamentos e outras formas de violência física e psicológica.

Em 7 de outubro de 1942, Maria Mandel foi transferida para o campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, na Polônia ocupada, onde sua crueldade alcançaria níveis ainda mais extremos.

Promovida a Líder de Campo Feminino (SS-Lagerführerin), ela se tornou a segunda em comando, subordinada apenas ao comandante do campo, Rudolf Höss.

Nesse cargo, Mandel exercia poder absoluto sobre todas as prisioneiras e guardas mulheres nos campos e subcampos femininos do complexo de Auschwitz. Sua autoridade era temida, e sua presença inspirava terror entre as vítimas.

Testemunhas relatam que Mandel tinha um comportamento sádico e imprevisível. Um de seus hábitos mais macabros era posicionar-se no portão de entrada de Birkenau, observando as recém-chegadas.

Se alguma prisioneira ousasse olhar em sua direção, era imediatamente marcada para execução sumária. Esse prazer em exercer poder de vida e morte sobre suas vítimas era uma característica que a destacava mesmo entre outros nazistas cruéis.

Mandel também formou uma aliança próxima com outra figura infame, Irma Grese, conhecida como "A Hiena de Auschwitz". Mandel promoveu Grese a chefe do campo de prisioneiras judias húngaras em Auschwitz-Birkenau, um dos setores mais letais do complexo.

Juntas, elas implementaram um regime de terror, selecionando pessoalmente prisioneiras para as câmaras de gás e supervisionando torturas e execuções. Estima-se que Maria Mandel tenha sido diretamente responsável pela morte de mais de 500 mil mulheres e crianças, incluindo judias, ciganas e prisioneiras políticas, enviadas para as câmaras de gás nos campos de Auschwitz I e II.

Entre as atrocidades atribuídas a Mandel, destaca-se sua prática de escolher algumas prisioneiras para servirem como "mascotes" ou "animais de estimação".

Essas mulheres eram temporariamente poupadas das câmaras de gás, mas apenas até que Mandel se cansasse delas, momento em que eram enviadas para a morte sem hesitação.

Sua crueldade era particularmente notória com crianças, que ela selecionava com um prazer sádico para execução. Além disso, Mandel foi a responsável pela criação da Orquestra Feminina de Auschwitz, composta por prisioneiras talentosas que eram forçadas a tocar música durante as chamadas diárias, seleções, execuções e transportes.

A orquestra, que incluía peças clássicas e marchas, servia como uma fachada macabra para encobrir a brutalidade do campo, criando uma ilusão de ordem e normalidade enquanto as atrocidades ocorriam.

Em novembro de 1944, com o avanço das forças Aliadas, Mandel foi transferida para o subcampo de Mühldorf, parte do complexo de Dachau, onde continuou suas atividades até maio de 1945.

Com a iminente derrota da Alemanha nazista, ela fugiu para as montanhas do sul da Baviera, retornando à sua cidade natal, Münzkirchen, na Áustria, na tentativa de escapar da justiça. No entanto, em 10 de agosto de 1945, foi capturada pelas forças americanas.

Durante os interrogatórios, os Aliados notaram sua inteligência e dedicação ao trabalho nos campos, características que a tornaram uma figura tão eficiente e temida dentro do sistema nazista.

Após dois anos em custódia, Maria Mandel foi extraditada para a Polônia, onde enfrentou julgamento em Cracóvia, em novembro de 1947. Acusada de crimes contra a humanidade, ela foi considerada culpada por sua participação ativa no genocídio e nas atrocidades cometidas em Auschwitz.

Sentenciada à morte, Mandel foi enforcada em 24 de janeiro de 1948, aos 36 anos, na prisão de Montelupich, em Cracóvia.

Contexto e Legado

A trajetória de Maria Mandel reflete a complexidade do papel das mulheres no regime nazista. Longe de serem apenas espectadoras ou coadjuvantes, algumas mulheres, como Mandel, ocuparam posições de poder e desempenharam papéis centrais na implementação do Holocausto.

Sua crueldade e dedicação ao sistema de extermínio desafiam as noções tradicionais de gênero e mostram como o fanatismo ideológico e a desumanização podem corromper qualquer indivíduo, independentemente de sexo.

Além disso, o caso de Mandel levanta questões sobre a psicologia dos perpetradores do Holocausto. Sua capacidade de combinar eficiência administrativa com sadismo sugere uma personalidade que encontrava prazer no controle absoluto e na destruição de vidas.

A Orquestra Feminina de Auschwitz, por exemplo, é um símbolo da contradição de sua mente: ao mesmo tempo que promovia a cultura e a música, ela ordenava a morte de milhares de pessoas.

O julgamento de Maria Mandel, assim como o de outros criminosos nazistas, foi parte dos esforços pós-guerra para trazer justiça às vítimas do Holocausto. Embora sua execução tenha encerrado sua trajetória, o impacto de suas ações permanece como um lembrete sombrio da capacidade humana para o mal.

Sua história é um capítulo trágico, mas essencial, para entender a extensão das atrocidades cometidas durante o regime nazista e a importância de manter viva a memória das vítimas para que tais horrores nunca se repitam.

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