Qualquer amor que dure
transforma-se numa história de amor. Um casamento, por exemplo, é uma
história partilhada: os parceiros cultivam o amor em parte na base de memórias
partilhadas, em parte na convicção de que embarcaram juntos em uma viagem.
Ao terem crianças,
introduzem-nas na história e apresentam-nas às personagens – tios, tias e avós
– que já são parte dela. É uma expressão de confiança em que a história deve
ser continuada.
William K. Kilpatrick
William K. Kilpatrick captura, com sensibilidade, a
natureza de um amor duradouro: ele se transforma em uma história de vida
compartilhada. Ao longo do tempo, um relacionamento que perdura cria uma
narrativa tecida por experiências, emoções e memórias.
O casamento é a concretização dessa história conjunta,
onde ambos os parceiros não apenas compartilham momentos, mas também constroem
algo maior juntos. Cultivar o amor é criar uma coleção de lembranças e um
propósito comum que transcende o presente.
Quando um casal decide ter filhos, a narrativa se
expande. Esses novos membros são inseridos nesse universo de afetos, e os laços
familiares são apresentados como parte de uma tradição que antecede a
existência deles, mas que, ao mesmo tempo, lhes dá um lugar de pertencimento.
Os filhos, assim, não só conhecem a história dos pais,
mas também se tornam um elo na continuidade dessa trama, sendo apresentados aos
personagens já familiares – como tios, tias e avós –, que trazem para suas
vidas contextos e histórias que formam um sentido de identidade e continuidade.
Há também uma confiança implícita no futuro ao se
expandir a família: é como se o casal reafirmasse a esperança de que seu amor
será um legado, algo digno de ser transmitido.
Amar, nesses termos, é mais do que um sentimento
efêmero; é uma aposta de que as gerações futuras possam continuar essa história,
fortalecendo os laços que foram tecidos.