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sábado, outubro 15, 2022

Aposta de Pascal



“Não se pode provar que Deus existe. Mas se Deus existe, o crente ganha tudo (céu) e o descrente perde tudo (inferno). Se Deus não existe, o crente nada perde e o descrente nada ganha. Portanto, há tudo a ganhar e nada a perder ao acreditar em Deus.”

O argumento, formulado originalmente pelo filósofo francês Blaise Pascal, é pura intimidação. Não é um argumento a favor da existência de um deus: é um argumento a favor da crença, baseado em medo irracional. Com este tipo de raciocínio, deveríamos simplesmente escolher a religião que tivesse o pior inferno.

Não é verdade que o crente nada perde. Diminuímos esta vida ao preferir o mito de uma vida após a morte, e sacrificamos a honestidade à perpetuação de uma mentira. A religião exige tempo, energia e dinheiro, desviando recursos humanos valiosos do melhoramento deste mundo. O conformismo religioso, um instrumento de tiranos, é uma ameaça à liberdade.

Também não é verdade que o descrente nada ganha. Rejeitar a religião pode ser uma experiência libertadora positiva, ganhando perspectiva e liberdade para questionar. Os livres-pensadores sempre estiveram na linha da frente do progresso social e moral.

Que tipo de pessoa torturaria eternamente alguém que duvida honestamente? Se o seu deus é tão injusto, então os teístas correm tanto perigo como os ateus. Talvez deus tenha um gozo perverso em mudar de ideias e condenar toda a gente, crentes e descrentes por igual. Ou, invertendo a aposta, talvez deus só salve aqueles que têm coragem suficiente para não crer!

Pascal era um católico e supôs que a existência de deus significava o Deus cristão. No entanto, o Alá islâmico poderia ser o verdadeiro deus, o que torna a aposta de Pascal uma aposta mais arriscada do que se pretendia.

De qualquer modo, crer numa divindade com base no medo não produz admiração. Não se segue daí que tal ser mereça ser adorado. 

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