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sexta-feira, setembro 12, 2025

O Ego


 

O ego frequentemente confunde "ter" com "ser": eu tenho, logo eu sou. Quanto mais possuo, mais acredito ser. Essa mentalidade, profundamente enraizada, faz com que o ego se sustente por meio da comparação constante.

A forma como os outros nos percebem molda, em grande parte, a maneira como nos vemos. Assim, o senso de autoestima do ego está, na maioria dos casos, atrelado ao valor que atribuímos a nós mesmos com base na validação externa.

Vivemos em uma sociedade que, de maneira predominante, equipara o valor de uma pessoa àquilo que ela possui - seja riqueza material, status, conquistas ou até mesmo seguidores em redes sociais.

Essa ilusão coletiva, amplificada pela cultura do consumo e pela exposição constante nas mídias digitais, nos condiciona a buscar incessantemente a aprovação alheia para preencher um vazio interno.

Se não conseguirmos enxergar além dessa ilusão, estaremos condenados a uma busca interminável por bens, reconhecimentos ou validações externas, na esperança vã de encontrar nosso verdadeiro valor e a plenitude de nossa identidade.

Essa dinâmica não é apenas uma questão individual, mas também um reflexo de tendências culturais e sociais. Nos últimos anos, por exemplo, o impacto das redes sociais intensificou essa busca por validação.

Estudos recentes, como os realizados por psicólogos da Universidade de Harvard em 2023, apontam que o uso excessivo de plataformas digitais está correlacionado a níveis mais altos de ansiedade e baixa autoestima, especialmente entre jovens.

A constante comparação com vidas "perfeitas" exibidas online reforça a ideia de que nossa identidade depende de conquistas externas ou da aprovação de estranhos.

Além disso, a publicidade e a cultura de consumo continuam a alimentar a narrativa de que adquirir mais - seja um carro novo, uma casa maior ou uma aparência idealizada - é o caminho para a felicidade.

Por outro lado, há um movimento crescente de conscientização sobre os perigos dessa mentalidade. Filosofias como o minimalismo e práticas como a meditação têm ganhado força como contraponto, incentivando as pessoas a encontrarem valor em si mesmas, independentemente do que possuem ou de como são percebidas.

Em 2024, por exemplo, o Fórum Mundial de Bem-Estar, realizado em Londres, destacou a importância de desconectar a autoestima de métricas externas, promovendo a ideia de que a verdadeira plenitude vem do autoconhecimento e da conexão com valores internos, como propósito, compaixão e autenticidade.

No entanto, romper com essa ilusão não é tarefa simples. O ego, por sua natureza, resiste a abrir mão do controle e da necessidade de validação. Para transcender essa armadilha, é necessário um esforço consciente para questionar os padrões culturais e cultivar uma relação mais profunda consigo mesmo.

Isso pode envolver práticas como a autorreflexão, a desconexão temporária das redes sociais ou até mesmo a busca por comunidades que valorizem a essência em vez da aparência.

Somente ao enxergarmos além da superfície do "ter" podemos começar a compreender o verdadeiro significado do "ser".

quinta-feira, setembro 11, 2025

Multidões



Eu sou muitos. Há multidões em mim. Na mesa da minha alma, sentam-se inúmeros, e eu sou todos eles. Há um velho encurvado pela sabedoria do tempo, uma criança que ainda se maravilha com o brilho do mundo, um sábio que contempla o infinito e um tolo que tropeça nas próprias ilusões.

Há guerreiros cansados, poetas que sangram em silêncio, rebeldes que desafiam o céu e peregrinos que buscam um lar que nunca encontram. Você nunca saberá com quem está sentado, nem por quanto tempo cada um de mim permanecerá à sua frente.

Sou um mosaico em constante mutação, um caleidoscópio de vozes que se entrelaçam e se contradizem. Mas prometo, com a sinceridade de quem carrega o peso de ser muitos, que, se nos sentarmos à mesa - nesse ritual sagrado da convivência -, eu lhe entregarei ao menos um desses eus, com toda a sua verdade, ainda que fugaz.

E, nesse encontro, correrei os riscos de nos vermos refletidos, de estarmos juntos no mesmo plano, vulneráveis à luz crua da existência. Não se iluda, porém: também carrego sombras.

Há em mim um lado sombrio, um demônio que tento manter acorrentado, mas que, por vezes, escapa e me envergonha. Ele é o grito que não controlo, a raiva que queima sem motivo, o vazio que sussurra nas noites mais longas.

Não sou santo, nem exemplo, e talvez nunca serei. Sou humano, demasiadamente humano, e essa é minha glória e minha ruína. Entre tantos que sou, busco-me incessantemente.

Cada dia é uma batalha para reunir esses fragmentos, para encontrar o fio que costura o velho, a criança, o sábio e o tolo em um só ser. Como já foi dito, em ecos que atravessam séculos: ouse conquistar a ti mesmo.

Mas essa conquista não é um fim, é um eterno começar. É o enfrentamento diário das multidões que me habitam, das vozes que clamam por sentido, das feridas que o tempo não apaga e das esperanças que o mesmo tempo reacende.

E assim sigo, carregando essas multidões, essas almas que dançam e colidem dentro de mim. Cada acontecimento da vida - a alegria que explode, a dor que corta, o amor que eleva, a perda que despedaça - molda essa assembleia interior.

Recentemente, vi-me diante de um espelho partido: a morte de alguém querido trouxe o velho à tona, com sua melancolia sábia, enquanto a criança chorava a ausência.

O sábio tentou explicar o inexplicável, e o tolo quis fugir. Todos eles, em sua desordem, me ensinaram que ser muitos é também ser incompleto, mas é essa incompletude que me faz seguir, que me faz ousar.

Um dia, talvez, eu me descubra. Um dia, serei eu mesmo, definitivamente - ou, quem sabe, aprenderei a amar a multidão que sou, sem exigir um fim para o caos.

Até lá, convido você a sentar-se à minha mesa, a ouvir as vozes que ecoam em mim e a compartilhar as suas. Pois, no fim, somos todos muitos, e é na partilha dessas multidões que encontramos o que nos faz humanos.

Inspirado em Friedrich Nietzsche

Será que a lei é mesmo igual para todos?


 

Numa rua movimentada do centro da cidade, sob o sol escaldante do meio-dia, um guarda municipal avista um carro estacionado bem embaixo de uma placa de "Proibido Estacionar".

O motorista, um homem de meia-idade com óculos escuros e um ar de quem está acima das regras, parece nem se importar com a infração. O guarda, já acostumado a lidar com espertinhos, se aproxima com aquele tom de autoridade misturado com cansaço:

- Ô, meu amigo, tira o carro daí! Não tá vendo a placa de "Proibido Estacionar"?

O motorista, sem nem tirar os olhos do celular, responde com um sorrisinho de canto de boca:

- Tô vendo, sim.

- E então? - insiste o guarda, já começando a perder a paciência.

- E então? Então, vai tomar banho, seu guarda! - retruca o homem, com um tom de deboche que faz o sangue do policial ferver.

Sem pensar duas vezes, o guarda puxa as algemas do cinto, imobiliza o motorista com um movimento rápido e, ignorando os protestos do homem, o arrasta até a viatura.

"Engraçadinho, né? Vamos ver quem ri por último", murmura o guarda enquanto liga a sirene e segue direto para a delegacia.

Chegando lá, o guarda entra na sala do delegado, um sujeito de bigode farto e olhar de quem já viu de tudo, e despeja a história com um misto de indignação e orgulho:

- Doutor, olha só o que esse cara fez! Mandei tirar o carro de um lugar proibido, e o sujeito me manda tomar banho! Pode isso?

O delegado, recostado na cadeira, dá uma risada irônica e encara o motorista algemado, que mantém uma expressão de desafio mesmo estando em uma situação nada favorável.

- É mesmo? - diz o delegado, com aquele tom que mistura sarcasmo e ameaça.

- E eu, ô engraçadinho? O que você vai mandar eu fazer?

O motorista, que aparentemente não sabe a hora de parar, solta com um sorriso debochado:

- Você? Você eu mando tomar no c...!

O ar da delegacia parece congelar. O delegado, vermelho de raiva, se levanta da cadeira com um soco na mesa que faz os papéis voarem. Sem dizer uma palavra, ele dá um tapa na cara do sujeito, que cambaleia com o impacto.

- Leva esse filho da puta pros fundos e põe no pau-de-arara! - berra o delegado, já sem paciência.

O guarda, obediente, arrasta o homem para uma salinha nos fundos da delegacia, um lugar úmido e mal iluminado que parece saído de um filme policial dos anos 80.

Ele começa a preparar o "procedimento", pendurando o sujeito de ponta-cabeça, quando, de repente, a carteira do homem escorrega do bolso e cai aberta no chão.

O guarda olha para o documento e sente o coração parar: "JUIZ FEDERAL”. Com o rosto pálido, ele corre de volta à sala do delegado, quase tropeçando no caminho:

- Doutor! Doutor! O cara... o cara é JUIZ FEDERAL!

O delegado, que estava tomando um gole de café, engasga e derrama o líquido na camisa.

- JUIZ FEDERAL? Puta que pariu! E agora? O que a gente faz?

O guarda, ainda atordoado, tenta pensar rápido, mas só consegue gaguejar:

- Bom... eu... eu vou tomar meu banho...

O delegado, em pânico, começa a gritar ordens desencontradas:

- Tira ele daí! Tira agora! E limpa essa merda de sala! Traz um café, um copo d’água, sei lá, faz alguma coisa pra esse cara não abrir um processo contra a gente!

Enquanto o guarda corre para desfazer o estrago, o juiz, agora solto, se levanta calmamente, ajeita o paletó e lança um olhar que mistura superioridade e ameaça.

Sem dizer uma palavra, ele pega sua carteira do chão, guarda no bolso e sai da delegacia como se nada tivesse acontecido. O delegado e o guarda, suando frio, trocam olhares e percebem que acabaram de escapar por pouco de um problemão.

Reflexão sobre o caso

Essa história, embora carregada de humor e ironia, escancara uma realidade que muitos conhecem: a lei, teoricamente, deveria ser igual para todos, mas na prática, o peso da carteira (ou do cargo) muitas vezes faz toda a diferença.

O motorista, que se revelou juiz federal, provavelmente sabia que sua posição o protegeria de consequências mais graves, o que explica sua atitude arrogante desde o início.

O desespero do delegado e do guarda ao descobrirem quem ele era mostra como o sistema, muitas vezes, opera com dois pesos e duas medidas. Casos assim não são raros.

No Brasil, é comum ouvir histórias de autoridades que escapam de punições por infrações de trânsito, pequenos crimes ou até situações mais graves, simplesmente por causa de sua influência ou cargo.

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram que, entre 2018 e 2023, menos de 5% das denúncias contra magistrados por abuso de poder resultaram em punições efetivas.

Isso levanta a questão: até que ponto o status social ou profissional garante imunidade? Por outro lado, o episódio também reflete a tensão entre a polícia e a sociedade.

O guarda, ao agir impulsivamente, e o delegado, ao recorrer à violência, mostram como o abuso de autoridade pode vir de ambos os lados. A história, com seu tom tragicômico, nos faz rir, mas também nos deixa um gosto amargo: será que a lei é mesmo cega, ou ela enxerga muito bem quem está na sua frente?

quarta-feira, setembro 10, 2025

Flagelos




A Origem da Infelicidade Humana


"Jean-Jacques Rousseau, em Do Contrato Social (1762), afirmou: 'O primeiro homem que, tendo cercado um pedaço de terra, proclamou, “isto é, meu" e encontrou pessoas ingênuas o suficiente para acreditar nele, esse homem foi o verdadeiro fundador da sociedade civil.'"

Rousseau, em Do Contrato Social, explora as bases da organização social e política, questionando as desigualdades que surgem com a propriedade privada.

A citação reflete sua crítica à ideia de posse como fundamento da sociedade civil, sugerindo que a aceitação coletiva dessa reivindicação arbitrária marca o início de um sistema estruturado, mas também de desigualdades.

No contexto da obra, Rousseau argumenta que a propriedade privada, ao ser institucionalizada, rompe com o estado de natureza, onde os recursos eram comuns, e estabelece relações de poder e dependência.

Para enriquecer a análise, é importante situar a citação no cenário intelectual do Iluminismo. Em 1762, quando Do Contrato Social foi publicado, a Europa passava por intensos debates sobre liberdade, igualdade e os fundamentos do poder político.

Rousseau, ao contrário de pensadores como John Locke, que via a propriedade como um direito natural, via nela o germe das desigualdades sociais.

Ele sugere que a aceitação passiva da propriedade privada por parte da sociedade foi um momento fundamental, que transformou relações naturais em convenções sociais baseadas na posse e no poder.

Acontecimentos históricos relacionados: Na época de Rousseau, a Europa vivia transformações significativas. A Revolução Agrícola, com os cercamentos na Inglaterra, exemplifica o processo descrito por ele.

Terras comunais foram privatizadas, concentrando riqueza e poder nas mãos de poucos, enquanto camponeses eram desalojados, forçados a trabalhar como assalariados.

Esse fenômeno, que se intensificou no século XVIII, ilustra a crítica de Rousseau: a propriedade privada, longe de ser um direito inato, foi muitas vezes estabelecida pela força e aceita por convenção social, gerando desigualdades estruturais.

Além disso, o pensamento de Rousseau influenciou eventos posteriores, como a Revolução Francesa (1789-1799). Suas ideias sobre igualdade e soberania popular inspiraram revolucionários a questionar as estruturas feudais, que privilegiavam a nobreza e o clero, donos de vastas propriedades.

A crítica à propriedade como base da sociedade civil ecoou nos debates sobre redistribuição de terras e direitos coletivos.

Reflexão: Rousseau não condena a propriedade em si, mas a forma como ela foi instituída e aceita sem questionamento. Ele propõe, em Do Contrato Social, um pacto social que equilibre liberdade e igualdade, onde a propriedade seja regulada para o bem comum.

Essa ideia ressoa em debates contemporâneos sobre desigualdade econômica, concentração de terras e acesso a recursos naturais, mostrando a atualidade de seu pensamento.

terça-feira, setembro 09, 2025

Jerry Adriani - Ídolo da Jovem Guarda





Jerry Adriani, nome artístico de Jair Alves de Sousa, nasceu em 29 de janeiro de 1947, no bairro do Brás, em São Paulo, e faleceu em 23 de abril de 2017, no Rio de Janeiro.

Cantor, ator e apresentador, ele foi uma das figuras mais emblemáticas da Jovem Guarda, movimento musical dos anos 1960 que marcou a história da música brasileira ao trazer influências do rock and roll internacional, especialmente de artistas como Elvis Presley e os Beatles, adaptadas ao contexto brasileiro.

Biografia e Início da Carreira

Filho de uma família humilde, Jair Alves de Sousa demonstrou interesse pela música desde jovem. Inspirado pelo ator americano Jerry Lewis e pelo cantor italiano Adriano Celentano, adotou o nome artístico Jerry Adriani, que refletia sua admiração pelo cenário artístico internacional.

Sua carreira profissional começou em 1964, aos 17 anos, com a gravação de seu primeiro LP, Italianíssimo, uma coletânea de canções em italiano que capitalizava a popularidade da música romântica italiana no Brasil.

No mesmo ano, lançou Credi a Me, consolidando sua presença no mercado musical. Em 1965, Jerry deu um passo importante ao gravar Um Grande Amor, seu primeiro álbum em português, que o conectou diretamente ao público jovem brasileiro.

Nesse período, ele também se destacou como apresentador de televisão, comandando o programa Excelsior a Go Go na TV Excelsior, ao lado do comunicador Luiz Aguiar.

O programa era um espaço vibrante para a divulgação de artistas da Jovem Guarda, como Os Vips, Os Incríveis, Trini Lopez e Cidinha Campos, reforçando a efervescência cultural da época.

Entre 1967 e 1968, já na TV Tupi de São Paulo, Jerry apresentou A Grande Parada, um programa musical ao vivo que contava com a participação de artistas consagrados, como Neyde Aparecida, Zélia Hoffmann, Betty Faria e Marília Pêra.

O programa se tornou um marco na televisão brasileira, promovendo a diversidade da música popular brasileira e consolidando Jerry como uma figura carismática e versátil.

Cinema e Consolidação na Jovem Guarda

Além da música e da televisão, Jerry Adriani também incursionou no cinema, participando de três filmes nos anos 1960: Essa Gatinha é Minha (1966, com Peri Ribeiro e Anik Malvil), Jerry, A Grande Parada (1967) e Jerry em Busca do Tesouro (1968, com Neyde Aparecida e os Pequenos Cantores da Guanabara).

Esses filmes, típicos da estética da Jovem Guarda, misturavam música, comédia e romantismo, atraindo o público jovem que se identificava com o movimento.

Em 1969, Jerry foi agraciado com o título de cidadão carioca, um reconhecimento de sua forte ligação com o Rio de Janeiro, cidade que adotou como lar e onde construiu grande parte de sua carreira.

Foi também nesse período que ele desempenhou um papel fundamental na trajetória de Raul Seixas, outro ícone da música brasileira. Jerry conheceu Raul em Salvador, quando este liderava a banda Raulzito e os Panteras.

Impressionado com o talento do jovem músico, Jerry o convidou para se mudar para o Rio de Janeiro, onde Raulzito e os Panteras se tornaram a banda de apoio de Jerry por três anos.

Durante esse período, Raul compôs canções como “Tudo Que é Bom Dura Pouco”, “Tarde Demais” e “Doce, Doce Amor”, que se tornaram sucessos na voz de Jerry. Entre 1969 e 1971, Raul Seixas também atuou como produtor de Jerry, antes de iniciar sua bem-sucedida carreira solo.

Carreira Internacional e Diversificação Musical

Na década de 1970, Jerry Adriani expandiu sua carreira para além do Brasil, realizando shows em países como Venezuela, Peru, Estados Unidos, México e Canadá.

Sua versatilidade o levou a explorar novos gêneros musicais, como a soul music, gravando canções de compositores brasileiros como Hyldon, Paulo Cesar Barros e Robson Jorge.

Em 1975, ele participou do musical Brazilian Follies, dirigido por Caribe Rocha, no Hotel Nacional, no Rio de Janeiro. O espetáculo, que ficou em cartaz por um ano e meio, foi um sucesso de público e crítica, destacando a capacidade de Jerry de se reinventar artisticamente.

Um dos momentos mais marcantes de sua carreira ocorreu em julho de 1981, quando Jerry se apresentou para mais de 30 mil pessoas em um show ao ar livre no parque de exposições de Governador Valadares, Minas Gerais.

Contratado pelo radialista Marcos Niemeyer, ele também participou do programa Resenha do Jegue, apresentado por Niemeyer e Beto Teixeira na Rádio Ibituruna.

Durante sua passagem pela cidade, Jerry demonstrou sua simplicidade e carisma, caminhando pelo centro, distribuindo autógrafos e interagindo com os fãs.

Anos 1990: Retorno às Raízes e Novos Sucessos

Na década de 1990, Jerry Adriani revisitou suas raízes roqueiras com o álbum Elvis Vive (1990), um tributo ao ídolo Elvis Presley, que marcou seu 24º disco. O projeto reforçou sua conexão com o rock and roll, gênero que o consagrou na Jovem Guarda.

Em 1994, ele aceitou o convite do diretor Cecil Thiré para atuar na novela 74.5: Uma Onda no Ar, produzida pela TV PLUS e exibida pela Rede Manchete.

A novela, que também foi transmitida em Portugal, alcançou grande sucesso e trouxe Jerry de volta aos holofotes como ator. Em 1999, Jerry lançou Forza Sempre, um álbum em que reinterpretou canções da banda Legião Urbana em italiano.

O disco foi um marco em sua carreira pós-Jovem Guarda, vendendo mais de 200 mil cópias. A faixa “Santa Luccia Luntana” foi incluída na trilha sonora da novela Terra Nostra, da Rede Globo, ampliando ainda mais seu alcance e popularidade.

Morte e Legado

Jerry Adriani faleceu em 23 de abril de 2017, aos 70 anos, vítima de um câncer de pâncreas. Diagnosticado em março daquele ano, ele enfrentou a doença com coragem, mas sua condição evoluiu rapidamente.

Internado por duas semanas no Hospital Vitória, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Jerry continuou a realizar shows até o final de março, mesmo em tratamento para uma trombose venosa na perna.

Seu corpo foi sepultado no Cemitério São Francisco Xavier, no bairro do Caju, Rio de Janeiro. Ele deixou três filhos e um neto.

Impacto Cultural e Legado

Jerry Adriani foi muito mais do que um ídolo da Jovem Guarda. Sua trajetória reflete a efervescência cultural dos anos 1960 no Brasil, quando a Jovem Guarda trouxe frescor e rebeldia à música brasileira, dialogando com a juventude de uma época marcada por transformações sociais e culturais.

Sua habilidade de transitar entre gêneros musicais, da música italiana ao rock, soul e até releituras de bandas de rock nacional, demonstra sua versatilidade e visão artística.

Além disso, sua influência vai além da música. Ao ajudar Raul Seixas a dar os primeiros passos no cenário nacional, Jerry contribuiu para a formação de um dos maiores ícones do rock brasileiro.

Sua presença carismática na televisão e no cinema também o tornou um dos rostos mais reconhecíveis de sua geração, conectando diferentes públicos ao longo de cinco décadas de carreira.

Hoje, Jerry Adriani é lembrado como um pioneiro que ajudou a moldar a identidade da música jovem brasileira, deixando um legado de canções atemporais e uma história de dedicação à arte. Suas músicas continuam a ser redescobertas por novas gerações, e sua contribuição para a cultura brasileira permanece viva.



Simplicidade


A Busca pela Felicidade: Simplicidade e Consciência"

Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade." - Mário Quintana

A reflexão de Mário Quintana, um dos maiores poetas brasileiros, nos convida a repensar a felicidade de forma profunda e descomplicada. Em um mundo onde a busca por realização pessoal muitas vezes é confundida com conquistas grandiosas, status ou acumulação de bens,

Quintana nos lembra que a verdadeira felicidade reside nas coisas mais simples da vida. É um convite para desacelerar, observar e valorizar o que realmente importa.

A simplicidade da felicidade, como destaca o poeta, está nos pequenos momentos: o calor de um abraço, o aroma de um café pela manhã, uma conversa sincera com um amigo ou o som da chuva caindo suavemente.

No entanto, vivemos em uma era acelerada, onde a constante busca por "mais" - mais sucesso, mais reconhecimento, mais bens materiais - pode nos cegar para esses instantes sutis.

Muitas vezes, deixamos a felicidade escapar porque estamos ocupados demais perseguindo ideais inatingíveis ou comparando nossas vidas com as de outros, especialmente em tempos de redes sociais, onde a ilusão de vidas perfeitas é amplificada.

Expandindo essa ideia, é importante refletir sobre os acontecimentos contemporâneos que moldam nossa percepção de felicidade. Em 2025, o mundo enfrenta desafios complexos: mudanças climáticas, polarização social e avanços tecnológicos que, embora tragam conforto, também geram ansiedade e desconexão.

Estudos recentes, como os da Organização Mundial da Saúde, apontam um aumento global nos casos de ansiedade e depressão, o que reforça a necessidade de voltarmos o olhar para o que Quintana sugere: encontrar alegria nas coisas simples.

Por exemplo, iniciativas comunitárias, como hortas urbanas ou movimentos de atenção plena, têm ganhado força como formas de reconectar as pessoas com o presente e com a comunidade, promovendo bem-estar.

Além disso, a felicidade, como sentimento efêmero, exige presença. Não é algo que se conquista de uma vez por todas, mas algo que se cultiva diariamente.

Quintana nos alerta para o risco de deixá-la "ir embora" por não percebermos sua simplicidade. Isso significa que, para sermos felizes, precisamos treinar nossa capacidade de notar e apreciar os momentos que nos tocam.

Seja um pôr do sol inesperado, uma risada compartilhada ou até mesmo a sensação de superar um pequeno obstáculo, esses instantes são os tijolos que constroem uma vida plena.

Por fim, vale lembrar que a busca pela felicidade também envolve aceitação. Nem todos os dias serão radiantes, e está tudo bem. A simplicidade da felicidade inclui acolher as imperfeições da vida, entendendo que ela não é um estado constante, mas um mosaico de momentos.

Como Quintana sugere, faça o que for necessário para ser feliz, mas faça com leveza, com atenção e com gratidão pelo que já existe ao seu redor.

segunda-feira, setembro 08, 2025

A Psicopatia de Alexandre de Moraes


 

Alexandre de Moraes é frequentemente descrito por seus críticos como alguém que não se intimida com manifestações populares. Ao contrário, muitos acreditam que esse tipo de exposição o alimenta, como se houvesse certo prazer em observar as multidões reagindo diretamente às suas decisões.

Essa percepção - ainda que polêmica - atribui ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) uma postura quase psicológica de quem se satisfaz com o impacto que exerce sobre milhões de pessoas.

As manifestações em verde e amarelo, que tomaram a Avenida Paulista, o Rio de Janeiro e diversas capitais brasileiras, parecem, paradoxalmente, fortalecer sua imagem.

Para os que o contestam, Moraes não se sente acuado diante das ruas tomadas, mas vê nisso uma confirmação de sua centralidade na política nacional. Como se cada grito de protesto fosse, em certa medida, o reflexo do alcance de sua autoridade.

Esses protestos, geralmente impulsionados por decisões polêmicas - como o bloqueio de perfis em redes sociais, a prisão de figuras públicas e investigações que atingem comunicadores e lideranças políticas -, são vistos por muitos como afrontas à liberdade de expressão e instrumentos de um poder concentrado demais em um único magistrado.

Atos cívicos como os de 7 de setembro, que historicamente atraem multidões para defender pautas conservadoras e criticar o STF, acabam intensificando a tensão entre sociedade civil e Judiciário.

Enquanto os manifestantes interpretam tais medidas como abusos de poder, Moraes e seus aliados no STF sustentam que suas decisões são necessárias para proteger a democracia contra desinformação, ataques institucionais e tentativas de desestabilização - argumento reforçado especialmente após os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes em Brasília foram invadidas e depredadas.

Esse episódio passou a servir de justificativa recorrente para ações duras contra movimentos de oposição. No entanto, o impacto das manifestações até agora não alterou a postura firme do ministro.

Pelo contrário, há quem acredite que ele se fortalece justamente ao constatar que suas ações mobilizam massas inteiras, ainda que em oposição. Isso o coloca como uma espécie de protagonista involuntário - ou talvez deliberado - do embate político.

A experiência recente do Brasil mostra que protestos de rua só se tornam realmente eficazes quando combinados a organização, liderança e pressão institucional.

Foi assim em 2013, com as Jornadas de Junho, que começaram difusas, mas se transformaram em catalisadoras de mudanças políticas, e também nos atos pró-impeachment de Dilma Rousseff, em 2015 e 2016, que ganharam força por meio da articulação com partidos e setores organizados da sociedade. Sem essa coordenação, manifestações tendem a se dissipar como catarse coletiva, sem resultados concretos.

Hoje, o cenário político é de polarização intensa. De um lado, defensores de Moraes e do STF o veem como guardião da democracia contra movimentos considerados golpistas.

De outro, seus críticos o acusam de extrapolar limites constitucionais, acumulando para si um poder desproporcional e exercendo um controle que ameaça a independência entre os Poderes.

Para que os atos atuais tenham consequências reais, seria necessário ir além das ruas: apresentar demandas claras, como a revisão de decisões controversas, a criação de mecanismos de controle sobre o STF ou mesmo mudanças institucionais que reduzam a concentração de poder em um único ministro.

Sem isso, as mobilizações continuarão servindo mais como demonstração de descontentamento do que como ferramenta efetiva de transformação.

Enquanto isso, Alexandre de Moraes permanece no centro do debate público, odiado por uns, defendido por outros - e, acima de tudo, intocado em sua posição.