Propaganda

segunda-feira, setembro 08, 2025

A Psicopatia de Alexandre de Moraes


 

Alexandre de Moraes é frequentemente descrito por seus críticos como alguém que não se intimida com manifestações populares. Ao contrário, muitos acreditam que esse tipo de exposição o alimenta, como se houvesse certo prazer em observar as multidões reagindo diretamente às suas decisões.

Essa percepção - ainda que polêmica - atribui ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) uma postura quase psicológica de quem se satisfaz com o impacto que exerce sobre milhões de pessoas.

As manifestações em verde e amarelo, que tomaram a Avenida Paulista, o Rio de Janeiro e diversas capitais brasileiras, parecem, paradoxalmente, fortalecer sua imagem.

Para os que o contestam, Moraes não se sente acuado diante das ruas tomadas, mas vê nisso uma confirmação de sua centralidade na política nacional. Como se cada grito de protesto fosse, em certa medida, o reflexo do alcance de sua autoridade.

Esses protestos, geralmente impulsionados por decisões polêmicas - como o bloqueio de perfis em redes sociais, a prisão de figuras públicas e investigações que atingem comunicadores e lideranças políticas -, são vistos por muitos como afrontas à liberdade de expressão e instrumentos de um poder concentrado demais em um único magistrado.

Atos cívicos como os de 7 de setembro, que historicamente atraem multidões para defender pautas conservadoras e criticar o STF, acabam intensificando a tensão entre sociedade civil e Judiciário.

Enquanto os manifestantes interpretam tais medidas como abusos de poder, Moraes e seus aliados no STF sustentam que suas decisões são necessárias para proteger a democracia contra desinformação, ataques institucionais e tentativas de desestabilização - argumento reforçado especialmente após os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes em Brasília foram invadidas e depredadas.

Esse episódio passou a servir de justificativa recorrente para ações duras contra movimentos de oposição. No entanto, o impacto das manifestações até agora não alterou a postura firme do ministro.

Pelo contrário, há quem acredite que ele se fortalece justamente ao constatar que suas ações mobilizam massas inteiras, ainda que em oposição. Isso o coloca como uma espécie de protagonista involuntário - ou talvez deliberado - do embate político.

A experiência recente do Brasil mostra que protestos de rua só se tornam realmente eficazes quando combinados a organização, liderança e pressão institucional.

Foi assim em 2013, com as Jornadas de Junho, que começaram difusas, mas se transformaram em catalisadoras de mudanças políticas, e também nos atos pró-impeachment de Dilma Rousseff, em 2015 e 2016, que ganharam força por meio da articulação com partidos e setores organizados da sociedade. Sem essa coordenação, manifestações tendem a se dissipar como catarse coletiva, sem resultados concretos.

Hoje, o cenário político é de polarização intensa. De um lado, defensores de Moraes e do STF o veem como guardião da democracia contra movimentos considerados golpistas.

De outro, seus críticos o acusam de extrapolar limites constitucionais, acumulando para si um poder desproporcional e exercendo um controle que ameaça a independência entre os Poderes.

Para que os atos atuais tenham consequências reais, seria necessário ir além das ruas: apresentar demandas claras, como a revisão de decisões controversas, a criação de mecanismos de controle sobre o STF ou mesmo mudanças institucionais que reduzam a concentração de poder em um único ministro.

Sem isso, as mobilizações continuarão servindo mais como demonstração de descontentamento do que como ferramenta efetiva de transformação.

Enquanto isso, Alexandre de Moraes permanece no centro do debate público, odiado por uns, defendido por outros - e, acima de tudo, intocado em sua posição.

0 Comentários: