Propaganda

sexta-feira, setembro 12, 2025

O Ego


 

O ego frequentemente confunde "ter" com "ser": eu tenho, logo eu sou. Quanto mais possuo, mais acredito ser. Essa mentalidade, profundamente enraizada, faz com que o ego se sustente por meio da comparação constante.

A forma como os outros nos percebem molda, em grande parte, a maneira como nos vemos. Assim, o senso de autoestima do ego está, na maioria dos casos, atrelado ao valor que atribuímos a nós mesmos com base na validação externa.

Vivemos em uma sociedade que, de maneira predominante, equipara o valor de uma pessoa àquilo que ela possui - seja riqueza material, status, conquistas ou até mesmo seguidores em redes sociais.

Essa ilusão coletiva, amplificada pela cultura do consumo e pela exposição constante nas mídias digitais, nos condiciona a buscar incessantemente a aprovação alheia para preencher um vazio interno.

Se não conseguirmos enxergar além dessa ilusão, estaremos condenados a uma busca interminável por bens, reconhecimentos ou validações externas, na esperança vã de encontrar nosso verdadeiro valor e a plenitude de nossa identidade.

Essa dinâmica não é apenas uma questão individual, mas também um reflexo de tendências culturais e sociais. Nos últimos anos, por exemplo, o impacto das redes sociais intensificou essa busca por validação.

Estudos recentes, como os realizados por psicólogos da Universidade de Harvard em 2023, apontam que o uso excessivo de plataformas digitais está correlacionado a níveis mais altos de ansiedade e baixa autoestima, especialmente entre jovens.

A constante comparação com vidas "perfeitas" exibidas online reforça a ideia de que nossa identidade depende de conquistas externas ou da aprovação de estranhos.

Além disso, a publicidade e a cultura de consumo continuam a alimentar a narrativa de que adquirir mais - seja um carro novo, uma casa maior ou uma aparência idealizada - é o caminho para a felicidade.

Por outro lado, há um movimento crescente de conscientização sobre os perigos dessa mentalidade. Filosofias como o minimalismo e práticas como a meditação têm ganhado força como contraponto, incentivando as pessoas a encontrarem valor em si mesmas, independentemente do que possuem ou de como são percebidas.

Em 2024, por exemplo, o Fórum Mundial de Bem-Estar, realizado em Londres, destacou a importância de desconectar a autoestima de métricas externas, promovendo a ideia de que a verdadeira plenitude vem do autoconhecimento e da conexão com valores internos, como propósito, compaixão e autenticidade.

No entanto, romper com essa ilusão não é tarefa simples. O ego, por sua natureza, resiste a abrir mão do controle e da necessidade de validação. Para transcender essa armadilha, é necessário um esforço consciente para questionar os padrões culturais e cultivar uma relação mais profunda consigo mesmo.

Isso pode envolver práticas como a autorreflexão, a desconexão temporária das redes sociais ou até mesmo a busca por comunidades que valorizem a essência em vez da aparência.

Somente ao enxergarmos além da superfície do "ter" podemos começar a compreender o verdadeiro significado do "ser".

0 Comentários: