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terça-feira, setembro 09, 2025

Jerry Adriani - Ídolo da Jovem Guarda





Jerry Adriani, nome artístico de Jair Alves de Sousa, nasceu em 29 de janeiro de 1947, no bairro do Brás, em São Paulo, e faleceu em 23 de abril de 2017, no Rio de Janeiro.

Cantor, ator e apresentador, ele foi uma das figuras mais emblemáticas da Jovem Guarda, movimento musical dos anos 1960 que marcou a história da música brasileira ao trazer influências do rock and roll internacional, especialmente de artistas como Elvis Presley e os Beatles, adaptadas ao contexto brasileiro.

Biografia e Início da Carreira

Filho de uma família humilde, Jair Alves de Sousa demonstrou interesse pela música desde jovem. Inspirado pelo ator americano Jerry Lewis e pelo cantor italiano Adriano Celentano, adotou o nome artístico Jerry Adriani, que refletia sua admiração pelo cenário artístico internacional.

Sua carreira profissional começou em 1964, aos 17 anos, com a gravação de seu primeiro LP, Italianíssimo, uma coletânea de canções em italiano que capitalizava a popularidade da música romântica italiana no Brasil.

No mesmo ano, lançou Credi a Me, consolidando sua presença no mercado musical. Em 1965, Jerry deu um passo importante ao gravar Um Grande Amor, seu primeiro álbum em português, que o conectou diretamente ao público jovem brasileiro.

Nesse período, ele também se destacou como apresentador de televisão, comandando o programa Excelsior a Go Go na TV Excelsior, ao lado do comunicador Luiz Aguiar.

O programa era um espaço vibrante para a divulgação de artistas da Jovem Guarda, como Os Vips, Os Incríveis, Trini Lopez e Cidinha Campos, reforçando a efervescência cultural da época.

Entre 1967 e 1968, já na TV Tupi de São Paulo, Jerry apresentou A Grande Parada, um programa musical ao vivo que contava com a participação de artistas consagrados, como Neyde Aparecida, Zélia Hoffmann, Betty Faria e Marília Pêra.

O programa se tornou um marco na televisão brasileira, promovendo a diversidade da música popular brasileira e consolidando Jerry como uma figura carismática e versátil.

Cinema e Consolidação na Jovem Guarda

Além da música e da televisão, Jerry Adriani também incursionou no cinema, participando de três filmes nos anos 1960: Essa Gatinha é Minha (1966, com Peri Ribeiro e Anik Malvil), Jerry, A Grande Parada (1967) e Jerry em Busca do Tesouro (1968, com Neyde Aparecida e os Pequenos Cantores da Guanabara).

Esses filmes, típicos da estética da Jovem Guarda, misturavam música, comédia e romantismo, atraindo o público jovem que se identificava com o movimento.

Em 1969, Jerry foi agraciado com o título de cidadão carioca, um reconhecimento de sua forte ligação com o Rio de Janeiro, cidade que adotou como lar e onde construiu grande parte de sua carreira.

Foi também nesse período que ele desempenhou um papel fundamental na trajetória de Raul Seixas, outro ícone da música brasileira. Jerry conheceu Raul em Salvador, quando este liderava a banda Raulzito e os Panteras.

Impressionado com o talento do jovem músico, Jerry o convidou para se mudar para o Rio de Janeiro, onde Raulzito e os Panteras se tornaram a banda de apoio de Jerry por três anos.

Durante esse período, Raul compôs canções como “Tudo Que é Bom Dura Pouco”, “Tarde Demais” e “Doce, Doce Amor”, que se tornaram sucessos na voz de Jerry. Entre 1969 e 1971, Raul Seixas também atuou como produtor de Jerry, antes de iniciar sua bem-sucedida carreira solo.

Carreira Internacional e Diversificação Musical

Na década de 1970, Jerry Adriani expandiu sua carreira para além do Brasil, realizando shows em países como Venezuela, Peru, Estados Unidos, México e Canadá.

Sua versatilidade o levou a explorar novos gêneros musicais, como a soul music, gravando canções de compositores brasileiros como Hyldon, Paulo Cesar Barros e Robson Jorge.

Em 1975, ele participou do musical Brazilian Follies, dirigido por Caribe Rocha, no Hotel Nacional, no Rio de Janeiro. O espetáculo, que ficou em cartaz por um ano e meio, foi um sucesso de público e crítica, destacando a capacidade de Jerry de se reinventar artisticamente.

Um dos momentos mais marcantes de sua carreira ocorreu em julho de 1981, quando Jerry se apresentou para mais de 30 mil pessoas em um show ao ar livre no parque de exposições de Governador Valadares, Minas Gerais.

Contratado pelo radialista Marcos Niemeyer, ele também participou do programa Resenha do Jegue, apresentado por Niemeyer e Beto Teixeira na Rádio Ibituruna.

Durante sua passagem pela cidade, Jerry demonstrou sua simplicidade e carisma, caminhando pelo centro, distribuindo autógrafos e interagindo com os fãs.

Anos 1990: Retorno às Raízes e Novos Sucessos

Na década de 1990, Jerry Adriani revisitou suas raízes roqueiras com o álbum Elvis Vive (1990), um tributo ao ídolo Elvis Presley, que marcou seu 24º disco. O projeto reforçou sua conexão com o rock and roll, gênero que o consagrou na Jovem Guarda.

Em 1994, ele aceitou o convite do diretor Cecil Thiré para atuar na novela 74.5: Uma Onda no Ar, produzida pela TV PLUS e exibida pela Rede Manchete.

A novela, que também foi transmitida em Portugal, alcançou grande sucesso e trouxe Jerry de volta aos holofotes como ator. Em 1999, Jerry lançou Forza Sempre, um álbum em que reinterpretou canções da banda Legião Urbana em italiano.

O disco foi um marco em sua carreira pós-Jovem Guarda, vendendo mais de 200 mil cópias. A faixa “Santa Luccia Luntana” foi incluída na trilha sonora da novela Terra Nostra, da Rede Globo, ampliando ainda mais seu alcance e popularidade.

Morte e Legado

Jerry Adriani faleceu em 23 de abril de 2017, aos 70 anos, vítima de um câncer de pâncreas. Diagnosticado em março daquele ano, ele enfrentou a doença com coragem, mas sua condição evoluiu rapidamente.

Internado por duas semanas no Hospital Vitória, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Jerry continuou a realizar shows até o final de março, mesmo em tratamento para uma trombose venosa na perna.

Seu corpo foi sepultado no Cemitério São Francisco Xavier, no bairro do Caju, Rio de Janeiro. Ele deixou três filhos e um neto.

Impacto Cultural e Legado

Jerry Adriani foi muito mais do que um ídolo da Jovem Guarda. Sua trajetória reflete a efervescência cultural dos anos 1960 no Brasil, quando a Jovem Guarda trouxe frescor e rebeldia à música brasileira, dialogando com a juventude de uma época marcada por transformações sociais e culturais.

Sua habilidade de transitar entre gêneros musicais, da música italiana ao rock, soul e até releituras de bandas de rock nacional, demonstra sua versatilidade e visão artística.

Além disso, sua influência vai além da música. Ao ajudar Raul Seixas a dar os primeiros passos no cenário nacional, Jerry contribuiu para a formação de um dos maiores ícones do rock brasileiro.

Sua presença carismática na televisão e no cinema também o tornou um dos rostos mais reconhecíveis de sua geração, conectando diferentes públicos ao longo de cinco décadas de carreira.

Hoje, Jerry Adriani é lembrado como um pioneiro que ajudou a moldar a identidade da música jovem brasileira, deixando um legado de canções atemporais e uma história de dedicação à arte. Suas músicas continuam a ser redescobertas por novas gerações, e sua contribuição para a cultura brasileira permanece viva.



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