Papillon: A Jornada Épica
de Henri Charrière Rumo à Liberdade
Papillon é um filme
dramático de prisão lançado em 1973, dirigido pelo renomado Franklin J.
Schaffner, conhecido por obras como O Planeta dos Macacos (1968).
Com um roteiro assinado
por Dalton Trumbo e Lorenzo Semple Jr., a produção é baseada na autobiografia
homônima de 1969 do francês Henri Charrière, que narra sua experiência como
prisioneiro na brutal colônia penal da Guiana Francesa.
Estrelado por Steve
McQueen, no papel de Henri "Papillon" Charrière, e Dustin Hoffman,
como Louis Dega, o filme é uma poderosa história de sobrevivência, amizade e a
busca incansável pela liberdade.
Com um orçamento elevado
para a época, superior a US$ 12 milhões, Papillon foi filmado em locações
exóticas e desafiadoras, como Espanha, Jamaica e Havaí, o que contribuiu para
sua autenticidade visual.
Apesar do alto custo, o
filme foi um sucesso comercial, arrecadando mais do que o dobro de seu
orçamento no primeiro ano de exibição. O título, que em francês significa
"borboleta", faz referência à tatuagem de borboleta no peito de
Charrière, um símbolo de sua luta por liberdade e transformação.
Enredo: Uma Saga de Resiliência e Amizade
A trama acompanha Henri
Charrière, apelidado "Papillon" por causa de sua tatuagem, um
arrombador de cofres injustamente condenado pelo assassinato de um cafetão na
França dos anos 1930.
Sentenciado à prisão
perpétua, ele é enviado em 1933 para o infame sistema penal da Guiana Francesa,
conhecido por suas condições desumanas. Durante a travessia de navio para a
colônia, Papillon conhece Louis Dega, um falsificador condenado que acredita
que sua esposa conseguirá sua libertação.
Apesar de personalidades
opostas - Papillon é impulsivo e destemido, enquanto Dega é reservado e
intelectual -, os dois formam uma aliança improvável. Papillon oferece proteção
a Dega em troca de apoio financeiro para planejar uma fuga.
Na colônia penal de
St-Laurent-du-Maroni, os prisioneiros enfrentam trabalhos forçados, violência
dos guardas e condições de vida degradantes. A amizade entre Papillon e Dega se
fortalece em meio aos horrores do campo.
Em um momento crucial,
Papillon defende Dega de um guarda sádico e tenta fugir pela selva, mas é
capturado e condenado a dois anos de confinamento solitário.
Essa punição brutal o
deixa à beira da loucura, forçado a comer insetos para sobreviver, mas sua
lealdade a Dega permanece inabalável, mesmo quando os guardas tentam forçá-lo a
revelar quem lhe contrabandeou comida extra.
Após ser libertado do
confinamento, enfraquecido, mas determinado, Papillon planeja uma nova fuga com
a ajuda de Dega, do prisioneiro Clusiot (Woodrow Parfrey) e de André Maturette
(Robert Deman), um jovem homossexual.
A tentativa, no entanto,
é marcada por traições e imprevistos: Clusiot é ferido, Dega fratura o
tornozelo, e Pascal, o homem que deveria ajudá-los, os entrega às autoridades.
Apesar disso, os
fugitivos conseguem apoio de um caçador local, que os guia até uma colônia de
leprosos, onde recebem suprimentos e um barco.
A fuga os leva a
Honduras, mas a liberdade é novamente interrompida quando soldados abrem fogo, ferindo
Maturette, que é capturado junto com Dega.
Papillon escapa e
encontra refúgio temporário com uma tribo nativa, vivendo em harmonia até que,
misteriosamente, a tribo desaparece, deixando-lhe apenas um saco de pérolas.
Determinado, ele tenta buscar asilo em um convento, mas é traído pela Madre
Superiora e recapturado.
De volta à Guiana
Francesa, Papillon enfrenta mais cinco anos de confinamento solitário,
emergindo como um homem envelhecido e fisicamente debilitado, mas com o
espírito inquebrantável.
Transferido para a Ilha
do Diabo, uma prisão remota cercada por águas traiçoeiras, ele reencontra Dega,
agora resignado e sem esperanças de liberdade.
Observando as correntes
marítimas de um penhasco, Papillon descobre que as ondas poderiam levá-lo ao
continente. Ele constrói flutuadores com cocos ensacados e convida Dega para
uma última tentativa de fuga.
Dega, porém, opta por
permanecer, enquanto Papillon, em um ato de coragem, salta do penhasco e é
levado pelas ondas. O narrador revela que Papillon alcançou a liberdade,
vivendo o resto de sua vida como homem livre.
Produção: Um Esforço Monumental
Papillon foi um
empreendimento ambicioso, filmado em locações desafiadoras que capturaram a
crueza da narrativa. As cenas da colônia penal de St-Laurent-du-Maroni foram
gravadas em Falmouth, Jamaica, com cenários construídos a partir das plantas
originais da prisão, garantindo fidelidade histórica.
As cenas iniciais na
cidade foram filmadas em Hondarribia, Espanha, enquanto as sequências no
pântano ocorreram perto de Ferris Cross, Jamaica. A icônica cena do salto do
penhasco, realizada pelo próprio Steve McQueen, foi gravada nos penhascos de
Maui, no Havaí.
McQueen, que recebeu US$
2 milhões e exigiu faturamento principal sobre Dustin Hoffman, descreveu o
salto como "uma das experiências mais estimulantes" de sua vida.
O próprio Henri Charrière
atuou como consultor, compartilhando detalhes de sua experiência para garantir
autenticidade. As imagens finais do filme mostram a verdadeira prisão de
St-Laurent-du-Maroni, abandonada e tomada pela selva, um testemunho silencioso
da brutalidade do sistema penal colonial francês.
Contexto Histórico e Impacto
Papillon não é apenas uma
história de fuga, mas um retrato das condições desumanas das colônias penais
francesas, onde prisioneiros eram submetidos a trabalhos forçados, torturas e
isolamento.
A Guiana Francesa, usada
como colônia penal entre 1852 e 1953, era notória por sua alta taxa de
mortalidade devido a doenças, violência e desnutrição. A autobiografia de
Charrière, embora questionada por alguns como parcialmente ficcional, trouxe
atenção global para essas injustiças.
O filme foi aclamado por
sua direção, atuações e cinematografia, com McQueen e Hoffman entregando
performances memoráveis. A química entre os dois atores, combinada com a
intensidade emocional da história, cativou o público.
A trilha sonora de Jerry
Goldsmith, indicada ao Oscar, reforçou a atmosfera de tensão e esperança.
Contudo, Papillon também recebeu críticas por sua duração (150 minutos) e por
certas liberdades criativas em relação ao livro.
Curiosidades e Legado
Autenticidade em Debate:
Embora baseado em uma autobiografia, alguns historiadores e críticos sugerem
que Charrière pode ter embelezado partes de sua história, incorporando
experiências de outros prisioneiros. Mesmo assim, o filme permanece fiel à
essência de sua luta.
Remake de 2017: Papillon
ganhou uma nova versão em 2017, com Charlie Hunnam e Rami Malek nos papéis
principais, mas o original de 1973 segue sendo o mais celebrado.
Impacto Cultural: O filme
inspirou gerações de cineastas e permanece como um marco no gênero de filmes de
prisão, ao lado de clássicos como Um Sonho de Liberdade (1994).
Conclusão
Papillon é mais do que um
filme sobre fuga; é uma celebração da resiliência humana e da força da amizade
em meio à adversidade. Com atuações poderosas, uma produção visualmente
impressionante e uma história que mistura coragem e desespero, o filme continua
a emocionar e inspirar espectadores.
A jornada de Henri
Charrière, seja ela totalmente verdadeira ou parcialmente mítica, ressoa como
um hino à liberdade e à determinação de superar o impossível.
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