Lolita Pluma: A Musa Excêntrica de Las Palmas
María Dolores Rivero Hernández, mais conhecida como Lolita Pluma, nasceu em 4 de março de 1904 em Las Palmas de Gran Canaria, na Espanha. Seu nascimento ocorreu no bairro de La Isleta, de forma acidental, já que seus pais, imigrantes argentinos, estavam de passagem pela ilha.
A família Rivero Hernández ficou marcada pelo apelido “Pluma” devido à habilidade incomum de seus membros em escrever com pena, um utensílio raro na época em uma comunidade onde a alfabetização não era universal. Esse detalhe, aparentemente trivial, já indicava o caráter singular que marcaria a vida de Lolita.
Lolita Pluma tornou-se uma figura icônica do século XX em Las Palmas, especialmente associada ao vibrante Parque Santa Catalina, um ponto central da cidade frequentado por moradores e turistas.
Sua presença era inconfundível: com um figurino extravagante, composto por roupas coloridas, chapéus excêntricos e maquiagem marcante, Lolita se destacava como uma personagem única.
Sempre acompanhada por um séquito de gatos, que alimentava com carinho, ela conquistou o coração de todos que passavam pelo parque. Sua relação com os animais não apenas refletia seu amor pela natureza, mas também a consolidou como uma protetora dos bichos, um traço que a tornou ainda mais querida.
No Parque Santa Catalina, Lolita ganhava a vida de maneira modesta, mas criativa, vendendo flores de papel artesanais, chicletes e cartões postais para os turistas que visitavam a ilha.
Sua simpatia e carisma a transformaram em uma verdadeira embaixadora do turismo local, atraindo a atenção de visitantes que viam nela um símbolo da hospitalidade e da autenticidade de Gran Canaria.
Sua popularidade cresceu tanto que, em 1984, foi oficialmente nomeada Rainha do Parque Santa Catalina, um reconhecimento de seu impacto cultural e afetivo na comunidade.
Além de sua ligação com o turismo, Lolita Pluma também inspirou artistas locais, que viam em sua figura uma musa da liberdade e da expressão individual.
Sua estética ousada e sua atitude desinibida desafiavam as convenções sociais de uma época marcada por normas rígidas, especialmente para as mulheres.
Ela representava a autenticidade em um mundo que muitas vezes exigia conformidade, tornando-se um ícone para gerações de artistas, escritores e performers.
Lolita Pluma faleceu em 21 de fevereiro de 1987, deixando um legado que transcende sua vida simples. Foi sepultada no cemitério de San Lázaro, em Las Palmas, no nicho tumular 5420, onde uma placa sepulcral instalada pela Câmara Municipal de Las Palmas presta homenagem à sua memória.
Onze anos após sua morte, em 1998, a cidade ergueu uma estátua em sua honra na Plaza Santa Catalina, criada pelo escultor F. Ávila. A obra imortaliza Lolita como símbolo de liberdade, musa do turismo, inspiração para os artistas e protetora dos animais, capturando sua essência vibrante e seu papel como uma das figuras mais queridas da história de Gran Canaria.
Legado e Impacto Cultural
A história de Lolita Pluma vai além de sua excentricidade. Em uma época em que as mulheres tinham papéis sociais limitados, ela desafiou estereótipos com sua independência e autenticidade.
Sua conexão com os gatos do Parque Santa Catalina também trouxe atenção para a causa animal, influenciando iniciativas locais de cuidado e proteção de animais de rua.
Até hoje, sua estátua no Parque Santa Catalina é um ponto de encontro para moradores e turistas, que param para tirar fotos e lembrar de uma mulher que, com gestos simples, deixou uma marca indelével na cultura de Las Palmas.
Eventos culturais, como festivais e exposições na cidade, frequentemente fazem referência a Lolita Pluma, celebrando sua vida como um exemplo de liberdade de expressão e amor pela comunidade.
Sua história também inspirou obras de teatro, poemas e até músicas locais, que buscam capturar o espírito livre de uma mulher que transformou a simplicidade em arte.
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