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quinta-feira, outubro 30, 2025

Uma Família Judia

 

Em 1907, uma família judia, os Karnovsky, que havia emigrado da Lituânia para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor, mudou o destino de um menino de apenas 7 anos.

Vivendo em Nova Orleans, Louisiana, em um bairro pobre marcado pela segregação racial e dificuldades, os Karnovsky encontraram o jovem Louis Armstrong, um garoto negro que enfrentava privações e a dureza de uma infância marginalizada.

Movidos por compaixão, eles o acolheram em sua modesta casa, oferecendo-lhe não apenas abrigo, mas também algo que ele raramente experimentara: bondade, afeto e dignidade.

Naquela primeira noite na casa dos Karnovsky, Louis foi tratado com uma ternura que o marcou profundamente. Antes de dormir, a Sra. Karnovsky, com sua voz suave, cantou para ele canções de ninar russas, um costume trazido de sua terra natal.

Encantado, Louis não apenas ouviu, mas também acompanhou, aprendendo as melodias com facilidade. Esse momento foi o início de uma conexão especial com a música e a cultura judaica, que ele carregaria pelo resto da vida.

Com o tempo, ele aprendeu a cantar e tocar diversas canções russas e judaicas, absorvendo a riqueza melódica e emocional dessas tradições. Os Karnovsky, reconhecendo o talento e a curiosidade de Louis, decidiram adotá-lo como parte da família.

Mais do que um lar, eles lhe ofereceram um senso de pertencimento e apoio incondicional. Seguindo a tradição judaica de valorizar a educação e as artes, o Sr. Karnovsky presenteou Louis com dinheiro para comprar seu primeiro instrumento musical: uma corneta.

Esse gesto simples, mas poderoso, foi o pontapé inicial para a jornada de Louis como músico. Ele praticava incansavelmente, transformando sua paixão e talento natural em uma carreira que revolucionaria o jazz.

Anos mais tarde, já como músico e compositor renomado, Louis Armstrong incorporou as influências das melodias judaicas que aprendera com os Karnovsky em suas composições.

Peças como St. James Infirmary e Go Down Moses carregam ecos das escalas e do sentimento expressivo das canções judaicas, mesclados com o blues e o swing que definiriam o jazz.

Sua habilidade de fundir diferentes tradições musicais refletia a abertura cultural que ele absorveu na infância. Grato pela família que o acolheu, Louis escreveu um livro no qual narrava sua experiência com os Karnovsky, descrevendo como aqueles anos moldaram sua visão de mundo.

Ele falava iídiche com fluência e orgulho, uma habilidade que mantinha como uma ponte para a cultura que o abraçara. Até o fim de sua vida, Louis usava a Estrela de David como um símbolo de respeito e gratidão aos Karnovsky, declarando que foi com eles que aprendeu a “viver uma vida verdadeira, com determinação e humanidade”.

Ele atribuía àquela família judia não apenas o apoio material, mas também os valores de resiliência, generosidade e perseverança que o guiaram em sua trajetória.

Louis Armstrong, que nasceu em 4 de agosto de 1901, cresceu em um contexto de pobreza e racismo no sul dos Estados Unidos. Sua infância foi marcada por dificuldades: ele trabalhava vendendo jornais e coletando sucata para ajudar a família, e por vezes se envolvia em pequenos furtos para sobreviver.

Antes de ser acolhido pelos Karnovsky, ele foi internado em um reformatório para jovens delinquentes, onde começou a tocar corneta em uma banda local. Contudo, foi o apoio dos Karnovsky que transformou essa centelha inicial em uma chama duradoura.

Eles não apenas lhe deram um lar, mas também o incentivaram a sonhar grande, algo raro para um menino negro naquela época. A história de Louis Armstrong e os Karnovsky é um testemunho do poder da empatia e da conexão humana em superar barreiras de raça, cultura e religião.

Em um período de grande segregação, essa família judia imigrante e um garoto negro criaram laços que transcenderam preconceitos, deixando um legado que ecoa não só na música de Armstrong, mas também em sua mensagem de esperança e união.

Até sua morte, em 6 de julho de 1971, Louis carregou consigo as lições e o carinho dos Karnovsky, que o ajudaram a se tornar não apenas um dos maiores músicos do século XX, mas também um símbolo de humanidade e superação.


Hiroo Onoda: O Soldado que Resistiu por Décadas


 

Hiroo Onoda foi um oficial de inteligência do Exército Imperial Japonês que ganhou notoriedade por sua extraordinária história de resistência após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Nascido em 19 de março de 1922, na vila de Kamekawa, província de Wakayama, Japão, Onoda tornou-se um símbolo de lealdade, dever e, para alguns, teimosia, ao continuar lutando na ilha de Lubang, nas Filipinas, por quase três décadas após a rendição do Japão em 1945.

Contexto Histórico e Missão

Em 1944, com a guerra no Pacífico se intensificando, Onoda, então um jovem tenente de 22 anos, foi enviado à ilha de Lubang com ordens claras: organizar táticas de guerrilha contra as forças aliadas e nunca se render.

Ele fazia parte de uma unidade especial de inteligência, treinada para sobreviver em condições adversas e conduzir operações de sabotagem. Sua missão incluía destruir pistas de pouso e instalações portuárias para dificultar o avanço inimigo, além de coletar informações estratégicas.

No entanto, as instruções mais marcantes que recebeu foram de seu comandante, Major Yoshimi Taniguchi: ele deveria resistir a qualquer custo, mesmo que isso significasse lutar sozinho, e jamais cometer suicídio ou se entregar.

Em 1945, quando o Japão se rendeu após os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, Onoda e seus companheiros, isolados na selva de Lubang, não receberam a notícia oficialmente.

Folhetos anunciando a rendição foram lançados na ilha pelas forças aliadas, mas Onoda, desconfiado, acreditava que eram propaganda inimiga para enganá-lo. Sua formação militar e o rígido código de honra japonês, conhecido como bushido, reforçavam sua determinação de continuar a missão.

Vida na Selva

Por quase 30 anos, Onoda viveu escondido nas densas florestas de Lubang, enfrentando condições extremas. Ele sobreviveu com uma dieta improvisada, que incluía bananas, cocos, arroz roubado de fazendas locais e, ocasionalmente, carne de gado abatido.

Onoda liderava um pequeno grupo de soldados, mas, ao longo dos anos, seus companheiros foram mortos ou se renderam. O último deles, o cabo Kinshichi Kozuka, foi morto por forças filipinas em 1972, deixando Onoda sozinho.

Durante esse período, Onoda realizou ataques esporádicos contra moradores locais e forças policiais, acreditando estar em guerra. Esses incidentes causaram a morte de cerca de 30 pessoas e ferimentos em outras, o que levou as autoridades filipinas a considerá-lo uma ameaça.

Apesar disso, Onoda via suas ações como parte de sua missão militar, sem saber que o conflito mundial havia terminado.

A Rendição

A história de Onoda começou a chamar atenção internacional nos anos 1970, quando rumores sobre um "soldado fantasma" japonês ainda ativo em Lubang chegaram ao Japão. Em 1974, um jovem aventureiro japonês, Norio Suzuki, decidiu procurar Onoda.

Após encontrá-lo na selva, Suzuki ganhou sua confiança, mas Onoda recusou-se a abandonar sua missão sem ordens diretas de um superior. Suzuki então localizou o antigo comandante de Onoda, Major Taniguchi, que havia se tornado livreiro após a guerra.

Em 9 de março de 1974, Taniguchi viajou a Lubang e, em uma cerimônia formal, ordenou que Onoda depusesse as armas. Aos 52 anos, Onoda finalmente se rendeu, entregando sua espada de samurai, seu fuzil Arisaka Type 99 ainda funcional, munições e granadas.

A rendição de Onoda foi um evento midiático global. Ele saiu da selva vestindo seu uniforme militar esfarrapado, ainda em bom estado, e foi recebido com uma mistura de admiração e perplexidade.

Nas Filipinas, ele enfrentava acusações pelos ataques realizados, mas o governo filipino, sob pressão internacional e considerando as circunstâncias, concedeu-lhe perdão.

Vida Após a Guerra

Ao retornar ao Japão, Onoda enfrentou dificuldades para se adaptar a uma sociedade que havia mudado drasticamente desde a década de 1940. O Japão pós-guerra era uma nação modernizada, com valores diferentes dos da era imperial em que ele fora criado.

Sentindo-se deslocado, Onoda decidiu emigrar para o Brasil em 1975, onde se estabeleceu como fazendeiro na colônia japonesa de Terenos, no Mato Grosso do Sul.

Lá, ele se casou com Machie Onoda, uma professora japonesa, e viveu por cerca de uma década, criando gado e integrando-se à comunidade nipo-brasileira.

Em 1984, Onoda retornou ao Japão e fundou a "Escola da Natureza Onoda", um acampamento educativo para jovens, onde ensinava técnicas de sobrevivência e valores como resiliência e autodisciplina, inspirado em suas experiências na selva.

Ele também publicou um livro de memórias, No Surrender: My Thirty-Year War (Sem Rendição: Minha Guerra de Trinta Anos), que detalha sua vida em Lubang e se tornou um best-seller.

Legado e Reflexões

Hiroo Onoda faleceu em 16 de janeiro de 2014, aos 91 anos, em Tóquio. Sua história é frequentemente vista como um exemplo extremo de lealdade e obediência militar, mas também levanta questões sobre os limites do dever e o impacto do fanatismo.

Para alguns, Onoda é um herói que personifica a determinação; para outros, sua relutância em aceitar a realidade reflete uma tragédia pessoal e os horrores da guerra, que o mantiveram preso a um conflito inexistente por quase 30 anos.

Sua vida também destaca o impacto cultural do bushido e do militarismo japonês da era imperial, que valorizavam a honra acima da própria vida. Além disso, a história de Onoda ressoa como um lembrete dos desafios enfrentados por soldados em zonas de guerra isoladas, onde a falta de comunicação pode perpetuar conflitos pessoais muito após o fim oficial das hostilidades.

Curiosidades e Impacto Cultural

Impacto na cultura popular: A história de Onoda inspirou livros, documentários e até referências em filmes e séries. Sua vida é frequentemente citada em discussões sobre lealdade, sobrevivência e os efeitos psicológicos da guerra.

Interação com moradores locais: Durante seus anos em Lubang, Onoda e seus homens foram vistos como figuras quase míticas pelos moradores, que os chamavam de "homens da montanha".

Apesar dos conflitos, alguns relatos indicam que Onoda ocasionalmente trocava itens com os locais, mantendo uma relação ambígua com a população.

Reconhecimento: Embora nunca tenha recebido condecorações formais do governo japonês, Onoda foi admirado por muitos no Japão como um símbolo de perseverança. No entanto, sua história também gerou críticas, especialmente entre aqueles que viam sua resistência como desnecessária e prejudicial.

Hiroo Onoda permanece uma figura fascinante, cuja vida reflete tanto a força do espírito humano quanto as complexidades de um mundo marcado por guerras e suas consequências duradouras.


quarta-feira, outubro 29, 2025

A Escravidão Moderna

 


A Servidão Moderna: A Escravidão Voluntária da Era Contemporânea

“Meu otimismo está relacionado à certeza de que esta civilização, tal como a conhecemos, está destinada a colapsar. Meu pessimismo, no entanto, reside em tudo o que ela faz para arrastar a humanidade em sua queda resultante.”

Vivemos sob o jugo de um serviço moderno, uma escravidão voluntária, aceitamos por multidões que se arrastam pela superfície da Terra, cegos pela ilusão de liberdade.

Compram antecipadamente as mercadorias que as acorrentam, correm atrás de trabalhos cada vez mais alienantes e escolhem, com resignação, os mestres a quem servirão.

Essa tragédia absurda só foi possível porque se arranjou desta classe a capacidade de compreender sua própria exploração, sua alienação. Eis uma estranha modernidade da nossa era: uma sociedade de escravos que não se regula como tal, que rejeita a rebelião - a única ocorrência legítima diante da opressão - e aceita, sem questionar, a vida precária que lhe foi imposta.

Diferentemente dos escravos da antiguidade, dos servos medievais ou dos operários das primeiras revoluções industriais, a classe explorada de hoje é única em sua inconsciência.

Não apenas ignora sua condição, mas, pior, recusa-se a enxergá-la. A renúncia e a resignação tornaram-se a fonte de sua tristeza. Os escravos modernos não aspiram à liberdade, mas se deixarão levar pela dança macabra de um sistema que os aliena.

À medida que constrói o mundo com o suor de seu trabalho alienado, esse mesmo mundo se transforma em sua prisão: um cenário sórdido, sem sabor, sem odor, impregnado pela miséria do modo de produção dominante.

O Mundo como Mercadoria

O mundo está em constante acompanhamento, mas nada é estável. A remodelação permanente do espaço ao nosso redor é justificada pela amnésia generalizada e pela insegurança que o sistema impõe.

Tudo deve ser moldado à imagem do mercado: o planeta se torna mais sujo, mais barulhento, uma usina global onde cada parcela de terra é propriedade de um Estado ou de um particular.

Esse roubo social, materializado em muros, barreiras e fronteiras, é a marca visível da separação que invade tudo. Paradoxalmente, enquanto o sistema divide, ele também unifica o espaço sob os interesses da cultura mercantil.

O objetivo é transformar o mundo em uma imensa autopista, racionalizada ao extremo, onde mercadorias circulam livremente, e quaisquer obstáculos - naturais ou humanos - devem ser eliminados.

O ambiente onde se aglomera essa massa servil reflete sua própria existência: jaulas, prisões, cavernas. Diferentemente dos escravos do passado, o explorado moderno paga por sua cela.

Nesse espaço estreito e lúgubre, acumula mercadorias que, segundo a propaganda onipresente, deveriam trazer felicidade e plenitude. No entanto, quanto mais consome, mais se distancia da verdadeira realização.

A mercadoria, ideológica por essência, despoja o trabalhador de seu esforço e o consumidor de sua vida. No sistema econômico atual, a oferta determina a demanda, invertendo a lógica natural.

Periodicamente, novas "necessidades" são criadas e impostas como obrigatórias: do rádio ao carro, da televisão ao computador, do celular aos dispositivos inteligentes. Essas mercadorias, disseminadas em massa, isolam os indivíduos e disseminam uma ideologia dominante. As coisas que possuímos acabam por nos possuir.

A Falsa Abundância e a Crise Alimentar

O consumo alimentar ilustra a decadência do escravo moderno. Com o tempo escasso para preparar sua comida, ele engole rapidamente os produtos da indústria agroquímica, vagando por supermercados em busca do que a sociedade da falsa abundância lhe permite.

A suposta variedade de escolhas é uma ilusão: os produtos são organismos geneticamente modificados, saturados de corantes, conservantes, pesticidas e hormonais.

O prazer imediato, regra do consumo dominante, traz consequências visíveis: obesidade, doenças crônicas e a restrição da saúde coletiva. A abundância alimentar dissimula sua própria manipulação.

Enquanto o homem ocidental vangloria-se do seu consumo frenético, a miséria se espalha por onde reina a sociedade mercantil totalitária. A escassez é o outro lado da falsa abundância.

Embora a produção agroquímica seja suficiente para alimentar o mundo, a fome persiste, pois o sistema promove a desigualdade como motor do progresso.

A lógica do lucro também sustenta fazendas industriais, verdadeiras usinas de concentração e extermínio de espécies, onde a vida é sacrificada em nome da eficiência. A espoliação dos recursos naturais, a produção desenfreada de energia e mercadorias, e os resíduos do consumo ostentoso comprometem a sobrevivência do planeta.

Ainda assim, o crescimento econômico não pode parar. Produzir, vender e acumular são os mandamentos do capitalismo selvagem.

A Tirania das Imagens e a Tecnologia Digital

A criança é a primeira vítima do serviço moderno, pois o sistema busca sufocar a liberdade desde o berço. Com a cumplicidade dos pais, que se rendem à força dos meios de comunicação, as novas gerações são moldadas por imagens que promovem a estupidez e anulam a capacidade de reflexão.

As telas - da televisão aos smartphones - tornaram-se as babás eletrônicas do século XXI, disseminando uma cultura de consumo que confunde entretenimento com alienação.

A revolta, outrora um grito de liberdade, foi reduzida a uma mercadoria, esvaziada de seu potencial subversivo e transformada em camisetas, séries e hashtags.

As mulheres, em particular, pagam um preço elevado. Reduzidas a objetos de consumo, sua imagem é explorada para vender desde produtos cosméticos até estilos de vida. A publicidade apela aos instintos mais baixos, reforçando estereótipos e perpetuando a opressão.

A tecnologia digital, com suas redes sociais e algoritmos, intensificou essa dinâmica. Plataformas como Instagram e TikTok criam bolhas de validação superficial, onde a aparência é absoluta, e a autoestima é medida por curtidas e seguidores.

O que parece liberdade de expressão é, na verdade, um controle sutil das consciências, mediado por algoritmos que priorizam o lucro sobre o bem-estar humano.

A Ilusão da Democracia e o Poder da Linguagem

Os escravos modernos ainda se veem como cidadãos, acreditando que seus votos moldam o futuro. No entanto, a democracia representativa é uma farsa. Partidos políticos, sejam de esquerda ou direita, convergem no essencial: a preservação do sistema mercantil.

Socialistas, conservadores, democratas ou populistas disputam apenas detalhes, enquanto o dogma do mercado permanece intocável. A mídia, cúmplice desse teatro, amplifica essas disputas fúteis para desviar a atenção do debate real: a escolha da sociedade em que queremos viver.

A verdadeira democracia, direta e participativa, foi obtida por um simulacro onde o voto é apenas uma ilusão de poder. A linguagem manipulada pela classe dominante é uma ferramenta central dessa opressão.

Palavras como "liberdade", "progresso" e "democracia" são vazias de sentido, apresentadas como neutras, mas carregadas de ideologia. Eles servem para explicar a resignação e a impotência, condenando os explorados a aceitar a realidade como imutável.

Uma mudança radical exige a reinvenção da linguagem, uma comunicação autêntica que uma pessoa faz em um projeto coletivo de emancipação. Como já disse o poeta, a revolução e a poesia caminham juntas: na efervescência popular, as palavras ganham vida, e a responsabilidade criativa torna-se coletiva.

A Crise Climática e os Movimentos de Resistência

Os acontecimentos recentes intensificaram o diagnóstico do serviço moderno. A crise climática, exacerbada pela ganância do capitalismo, ameaça a habitabilidade do planeta.

Eventos extremos - secas, enchentes, furacões - se tornaram frequentes, enquanto as mesmas corporações que poluem posam de salvadoras com campanhas de "sustentabilidade".

A COP30, planejada para 2025 em Belém, Brasil, é um exemplo dessa hipocrisia: enquanto líderes globais discutem metas climáticas, a Amazônia continua sendo devastada por interesses econômicos.

A narrativa de que mudanças individuais - como reciclar ou reduzir o consumo de carne - salvarão o planeta ignora a responsabilidade sistêmica das substâncias fósseis e agropecuárias.

Apesar disso, há sinais de resistência. Movimentos como os coletes amarelos na França, as greves climáticas lideradas pelos jovens e as lutas indígenas pela soberania territorial mostram que a rebelião, embora fragmentada, não foi completamente sufocada.

No entanto, essas revoltas são frequentemente cooptadas ou reprimidas. As redes sociais, que poderiam amplificar vozes dissidentes, muitas vezes as diluem em um mar de desinformação e distrações.

A luta por um futuro diferente exige não apenas ação coletiva, mas uma ruptura com a lógica mercantil que permeia até os mesmos movimentos de resistência.

Conclusão: Romper como Correntes

O sistema mercantil totalitário, que chamamos de “democracia liberal”, unificou o mundo à sua imagem, eliminando qualquer possibilidade de exílio. Ele reduz a vida a uma inovação de produção, consumo e acumulação, transformando o planeta e seus habitantes em mercadorias.

No entanto, um serviço moderno não é inovador. A conscientização, a reinvenção da linguagem e a organização coletiva são os primeiros passos para romper as correntes invisíveis.

A rebelião não pode ser apenas um grito, mas um projeto poético e revolucionário que devolve à humanidade sua capacidade de sonhar e construir um mundo onde a vida, e não o lucro, seja o valor supremo.

Robert E. Cornish: O Gênio Polêmico que Desafiou a Morte



Robert E. Cornish foi um cientista americano cuja genialidade e audácia desafiaram os limites da ciência convencional no início do século XX. Nascido em 1903, Cornish era um prodígio que se destacou desde jovem.

Graduou-se pela Universidade da Califórnia, Berkeley, aos 18 anos e obteve seu doutorado aos 22, demonstrando um intelecto excepcional e uma curiosidade insaciável.

Sua carreira, no entanto, ficou marcada por experimentos controversos que o tornaram uma figura tanto admirada quanto criticada. Cornish é mais conhecido por suas tentativas de reanimar organismos mortos, um empreendimento que parecia saído de um romance de ficção científica.

Na década de 1930, ele conduziu experimentos pioneiros na Universidade da Califórnia, onde tentou ressuscitar cães que haviam sido clinicamente mortos.

Seu método envolvia o uso de uma "máquina de reanimação" que injetava adrenalina, anticoagulantes e oxigênio nos corpos dos animais, enquanto os balançava em uma prancha para estimular a circulação sanguínea.

Em 1934, Cornish alcançou certo sucesso ao reanimar dois cães, chamados Lázaro IV e Lázaro V, que haviam sido sacrificados com éter. Embora os animais tenham voltado a respirar e apresentado sinais vitais, eles sofreram danos cerebrais graves e não sobreviveram por muito tempo.

Esses experimentos geraram grande interesse da mídia, mas também críticas éticas e científicas, já que muitos questionavam a viabilidade e a moralidade de tais procedimentos.

Além de seus estudos sobre reanimação, Cornish era um inventor prolífico. Ele desenvolveu uma série de inovações, incluindo lentes especiais para óculos de leitura e até mesmo uma fórmula para pasta de dente.

Sua mente inquieta também o levou a explorar ideias excêntricas, como a proposta de usar um iceberg como plataforma para experimentos científicos no Ártico.

Durante a Segunda Guerra Mundial, ele trabalhou em projetos relacionados à visão noturna, contribuindo para avanços tecnológicos que beneficiaram os esforços de guerra.

Apesar de sua genialidade, Cornish enfrentou dificuldades para ser plenamente aceito pela comunidade científica. Suas ideias ousadas e métodos não convencionais muitas vezes o colocaram em conflito com colegas mais conservadores.

Em 1948, ele tentou levar seus experimentos de reanimação a um novo nível ao propor ressuscitar um condenado à morte na câmara de gás, com a condição de que o prisioneiro consentisse previamente.

O experimento, porém, foi vetado pelas autoridades devido a preocupações éticas e legais. Cornish continuou seus estudos até o fim da vida, mas nunca alcançou o reconhecimento que acreditava merecer. Ele faleceu em 1963, deixando um legado de inovação, polêmica e um questionamento profundo sobre os limites da ciência.

Seus experimentos, embora controversos, abriram caminho para discussões sobre ressuscitação e ética médica, influenciando indiretamente avanços em áreas como a medicina de emergência e a pesquisa em parada cardíaca.


terça-feira, outubro 28, 2025

Gratidão



Por essa amizade que você me oferece com tanto carinho, pelos meus defeitos que, em sua bondade, você nem sequer nota. Pelos meus valores que você enaltece com generosidade, pela minha fé que você fortalece com sua luz e verdade.

Por essa paz que trocamos em silêncio, como um rio que corre sereno, por esse pão de amor que partilhamos, simples, puro, pleno. Pelo silêncio que fala mais que palavras, carregado de cumplicidade, por esse olhar que, sem julgar, me guia com firmeza e suavidade.

Pela pureza dos seus sentimentos, cristalinos como a água da fonte, pela sua presença que me ampara, mesmo estando além do horizonte. Por ser presente, ainda que ausente, em cada momento da minha jornada, por vibrar de alegria quando me vê com o coração em festa, iluminada.

Por esse olhar que sussurra: “Amigo, siga em frente, não pare!” Por se entristecer quando a sombra cobre meu semblante, e por rir comigo quando a vida me faz leve e risonho, dançante.

Por me corrigir com cuidado quando erro o caminho traçado, por guardar meu segredo com lealdade, como um tesouro inviolado. Por seu segredo, que confia só a mim, em laços de confiança profunda, por acreditar que sou digno desse afeto, dessa ligação que nunca se inunda.

Por apontar-me a trilha certa a cada passo, com paciência e clareza, por esse amor fraterno que pulsa, constante, em sua beleza. Gratidão à Mãe Terra, que nos abraça e nos dá a semente, que germina em nossos corações, unindo-nos eternamente.

Por suas raízes que nos sustentam, por sua força que nos renova, por nos ensinar que a amizade é planta viva, que cresce e se prova. Que cada novo dia traga o orvalho da sua companhia, que nossas risadas ecoem como o vento na folhagem fria.

Pelo milagre de sermos amigos, de cruzarmos nossos destinos, por essa dança da vida, entrelaçada em laços divinos.

A Política e a Religião: Uma Aliança para Manipular a Humanidade


 

A política e a religião, em muitos momentos da história, caminham de mãos dadas, frequentemente manipulando as massas para beneficiar poucos em detrimento de muitos.

Essa parceria, seja intencional ou oportunista, explora a fé, o medo e a esperança das pessoas, criando narrativas que justificam interesses econômicos ou de poder.

Ao longo do tempo, inúmeros exemplos demonstram como essas forças moldam comportamentos e enriquecem pequenos grupos, enquanto a maioria permanece à mercê de promessas vazias ou imposições disfarçadas de benevolência.

A Religião e a Criação de "Necessidades

"Um caso emblemático ocorreu em Juazeiro do Norte, no Ceará, nos tempos em que Padre Cícero Romão Batista, uma figura central no imaginário religioso nordestino, ainda era vivo.

Conta-se que um flandeiro, devoto fervoroso e amigo do padre, enfrentava graves dificuldades financeiras. Desesperado, ele buscou conselhos com o religioso, que, astuto, enxergou uma oportunidade.

Padre Cícero sugeriu: “O dia de Nossa Senhora das Candeias está se aproximando. Fabrique o maior número de lamparinas – ou candeeiros – que puder e encha os quartos de sua casa com esse produto.”

O flandeiro, perplexo, respondeu: “Mas, padre, não tenho dinheiro para comprar os materiais.”

O religioso, com um tom confiante, orientou: “Peça emprestado a quem puder e prometa pagar em pouco tempo.”

No domingo seguinte, durante a missa, Padre Cícero subiu ao púlpito e, em seu sermão, proclamou aos fiéis: “No dia de Nossa Senhora das Candeias, em vez de velas, tragam candeeiros sobre a cabeça durante a procissão, para honrar a Virgem com luz e devoção.”

O resultado foi imediato. A demanda por candeeiros explodiu, e o flandeiro não apenas quitou suas dívidas, mas também prosperou. A “moda” pegou, e a prática se repetiu nos anos seguintes, transformando uma sugestão religiosa em um lucrativo empreendimento.

Esse episódio, embora local, ilustra como a fé pode ser instrumentalizada para criar necessidades artificiais, beneficiando poucos sob o pretexto de devoção.

A Política e as Leis de Conveniência

Na esfera política, a manipulação segue caminhos semelhantes, muitas vezes travestida de preocupação com o bem-estar coletivo. Um exemplo clássico no Brasil foi a obrigatoriedade de kits de primeiros socorros e extintores de incêndio em veículos particulares, implementada em diferentes momentos.

Essas medidas, apresentadas como essenciais para a segurança, geraram lucros astronômicos para fabricantes e distribuidores, enquanto motoristas arcavam com os custos de aquisição e, em alguns casos, multas por descumprimento.

Curiosamente, após intensos debates e críticas, a obrigatoriedade do extintor foi revogada em 2015, evidenciando que a medida não era tão indispensável quanto se propagandeava.

Durante a pandemia de COVID-19, outro exemplo veio à tona com a súbita valorização de produtos como álcool em gel e máscaras faciais. O que começou como uma recomendação sanitária rapidamente se transformou em um mercado bilionário.

Fabricantes e distribuidores desses itens viram seus lucros dispararem, enquanto consumidores enfrentavam preços exorbitantes e, em alguns casos, produtos de qualidade duvidosa.

Governos e políticos, por sua vez, muitas vezes se aproveitaram da crise para justificar contratos superfaturados ou direcionados a aliados, como foi amplamente noticiado em casos de compras emergenciais de equipamentos de proteção.

Outros Exemplos e Reflexões

Além desses casos, a história recente oferece outros exemplos de como política e religião se entrelaçam para moldar comportamentos e lucros. Durante as cruzadas medievais, a Igreja Católica incentivava a participação em guerras santas, prometendo salvação espiritual, enquanto nobres e comerciantes lucravam com saques e comércio de relíquias.

Mais recentemente, no Brasil, a ascensão de líderes religiosos com forte influência política tem levado à criação de verdadeiros impérios econômicos, com dízimos e doações sustentando estilos de vida luxuosos, muitas vezes em nome da “prosperidade divina”.

Na política, a criação de “modas” ou obrigatoriedades também se estende a setores como o agronegócio e a indústria farmacêutica. Por exemplo, a pressão por vacinas e medicamentos específicos durante crises sanitárias, embora necessária em muitos casos, nem sempre é acompanhada de transparência sobre os interesses econômicos envolvidos.

Durante a pandemia, a corrida por vacinas contra a COVID-19 gerou contratos bilionários para grandes laboratórios, enquanto países mais pobres enfrentavam dificuldades para acessar doses.

Conclusão

A aliança entre política e religião, quando usada para manipular, transforma esperanças e temores em ferramentas de controle e enriquecimento. Seja por meio de procissões com candeeiros, leis de conveniência ou mercados emergenciais, o padrão se repete: poucos lucram às custas de muitos.

Cabe à sociedade questionar essas práticas, buscar transparência e reconhecer que, por trás de discursos piedosos ou promessas de segurança, muitas vezes há interesses que pouco têm a ver com o bem comum.