Os hicsos foram
um povo semita asiático que governou o Egito aproximadamente em 1800
a.C, iniciando o Segundo Período Intermediário da história do Antigo Egito.
Ao contrário
do que antes se pensava, os novos estudos indicam que os hicsos não invadiram a
região oriental do Delta do Nilo durante a décima segunda dinastia do
Egito, mas que tomaram poder como dinastia dominante em 1638 a.C. numa revolta
após várias ondas de migração anteriores.
São mostrados na arte local vestindo os mantos
multicoloridos associados com os arqueiros e cavaleiros mercenários de Mitani (ha
ibrw) de Canaã, Aram, Cadexe, Sidom e Tiro.
Se eram
arqueiros cavaleiros vizinhos a Mitani sua origem indo-iraniana ou cítica
pré-eslávica é bem mais provável que a semítica.
Em 1885, os arqueólogos descobriram ruínas da capital hicsa, a cidade de
Aváris, em um local no delta do Nilo chamado Tel Eldaba, cerca de 120
quilômetros ao norte do Cairo.
Identidade
Muitos
consideram os hicsos um bando de forasteiros desagradáveis e saqueadores que
invadiram e depois governaram brutalmente o Delta do Nilo até que reis heroicos
os expulsaram.
De fato, os
hicsos tiveram um impacto mais diplomático, contribuindo para o progresso da
cultura, idioma, assuntos militares e até a introdução do cavalo e da carruagem
icônicos.
Por décadas, os escritos do historiador egípcio
ptolomaico Manetão influenciaram as interpretações populares e acadêmicas
dos hicsos. Preservado no Contra Apião I de Flávio Josefo, Manetão apresentou
os hicsos como uma horda bárbara, "invasores de uma raça obscura"
que conquistou o Egito à força, causando destruição e assassinando ou
escravizando egípcios.
Esse relato
continuou nos textos egípcios do Segundo Período Intermediário e do Novo Reino.
À medida que a egiptologia se desenvolvia, anos de debate sobre a extensão
da destruição e a etnia do "povo hicso" transpiraram.
Somente nas
décadas mais recentes os hicsos foram revelados como um pequeno grupo de
governantes (conhecemos seis) e não como uma população ou grupo étnico. Durante
seu governo, os reis hicsos estavam constantemente renegociando suas
identidades conforme o contexto exigia, enfatizando as tradições egípcias ou
suas origens na Ásia Ocidental.
Eles adotaram
elementos da realeza egípcia, incluindo títulos reais, nomes de tronos,
inscrições hieroglíficas, atividade dos escribas e adoração ao panteão egípcio. No
entanto, eles mantiveram o título incomum de Heca Casute (Heka Khasut)
com seus nomes pessoais semitas / amorreus, e os principais monumentos de sua
capital eram inconfundivelmente do Oriente Próximo em estilo arquitetônico.
Apesar desses conflitos entre a realidade e o registro
oficial, o domínio dos hicsos e dos imigrantes de onde eles nasceram afetou a
cultura do Novo Reino, a linguagem, as forças armadas e até as concepções do
que significava ser um rei egípcio.
Esse período
notável foi marcado pelo influxo de novas tecnologias no Egito, do cavalo e da
carruagem à fabricação de vidro. A influência hicsa também estabeleceu
precedentes para a diplomacia internacional seguida nas Cartas de Amama, e
muitos acreditam que os hicsos estimularam a expansão imperial do Novo Reino.
Uma pesquisa de 2020 usando análise química sugere que os governantes da dinastia hicsos eram estrangeiros que viviam no Egito que subiram ao poder, não invasores.
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