A Fossa das
Marianas é o local mais profundo dos oceanos, atingindo uma profundidade
de 10.984 metros. Localiza-se no oceano Pacífico, a leste das ilhas
Marianas, na fronteira convergente entre as placas tectônicas do Oceano
Pacífico e das Filipinas.
Geologicamente, a fossa
das Marianas é resultado geomorfológico de uma zona de subducção. O ponto mais
profundo da fossa foi sondado pelos
navios Challenger e Challenger II, da Marinha Real.
O local foi batizado,
então, de Challenger Deep. O fundo da fossa das Marianas foi atingido em
1960 pelo batiscafo "Trieste", da marinha Americana
tripulado pelo tenente Don Walsh e o cientista suíço Jacques Piccard, que
passaram 20 minutos no fundo do oceano, numa expedição que durou ao todo 9
horas.
Geologia
A placa do Pacífico é
subduzida sob a Placa Mariana, criando a Fossa das Marianas e (mais adiante) o
arco das ilhas Mariana, à medida que a água está presa na placa é lançada e
explode para cima para formar vulcões da ilha.
A Fossa das Marianas faz
parte do sistema Izu-Bonin-Mariana que forma o limite de fronteira
convergente entre duas chapas tectônicas. Neste sistema, a borda ocidental
de um prato, a Placa do Pacifico, é subduzida (isto é, impulso) abaixo da
menor Placas das Marianas que fica a oeste.
O material crostal na
borda ocidental da placa do Pacífico é uma das crostas oceânicas mais antigas
da Terra (até 170 milhões de anos) e, portanto, é mais frio e mais denso;
Daí a sua grande diferença de altura em relação à Placa Mariana de alto escalão
(e mais jovem). A área mais profunda do limite da placa é a Fossa Mariana
propriamente dita.
O movimento das placas do
Pacífico e Mariana também é indiretamente responsável pela formação das Ilhas
Marianas. Estas ilhas vulcânicas são causadas pelo fluxo fundido do manto
superior devido à libertação de água que está presa em minerais da porção
subduzida da Placa do Pacífico.
Exploração
O ser humano chegou à
Fossa das Marianas pela primeira vez em 23 de janeiro de 1960, quando o
batiscafo Trieste atingiu a Depressão Challenger, a 10.916 metros de
profundidade, levando os mergulhadores Don Walsh e Jacques Piccard. Em
1995, o mesmo ponto foi atingido pelo submarino-robô japonês Kaikô, que em 2003
foi perdido durante uma tempestade.
Na única ocasião em que
seres humanos estiveram no ponto mais profundo do globo, não havia como tirar
fotografias, uma vez que as janelas do batiscafo foram diminuídas a tamanhos de
moedas, para melhor resistir à pressão. Por esse motivo, não existem registos
visuais do evento.
Segundo o escritor
norte-americano Bill Bryson, em seu livro Breve História de Quase Tudo, a
aventura nunca mais foi repetida em parte porque a Marinha dos Estados Unidos
se negou a financiar novas missões e em parte porque "a nação estava
prestes a se voltar para as viagens espaciais e a missão de enviar um homem à
Lua, que fizeram com que as investigações do mar profundo parecessem sem
importância e um tanto antiquadas. Mas o fator decisivo foi a escassez de
resultados do mergulho do Trieste".
Em 1985 o oceanográfico
Robert Ballard, que se tornou famoso pela descoberta do Titanic, utilizou um
ROV (Remotely operated underwater vehicle) e seu minissubmarino Alvin para
fazer mais uma descoberta histórica em conjunto com o pesquisador Dedley
Foster, comprovando que, ao contrário do que se supunha, abaixo da camada
batipelágico situada entre mil e 4 mil metros, volta a existir vida.
Antes da descoberta, as
pesquisas eram realizadas de maneira empírica, com redes de alta profundidade.
Até então era tido como certo que abaixo do batipelágico não existia mais nada
no oceano. Pelas imagens de Ballard e Foster, comprovou-se que graças aos
componentes químicos e ao calor exalado pelos vulcões por delicadas
"chaminés" encontrados nas Fossas Marianas (a mais de 10 000
metros de profundidade) há vida exuberante nas profundezas.
Pela análise das amostras
coletadas pelo robô submarino comprovou-se a existência de vida marinha milhões
de anos antes da vida na superfície terrestre. Na fossa das Marianas há um
incalculável número de espécimes vivos altamente desenvolvidos e adaptados à
colossal pressão encontrada nessas profundidades.
As filmagens do ROV de
Ballard e Foster mudaram para sempre parte da história da evolução da vida no
planeta e abriram um campo imenso para novas pesquisas. Em 25 de março de 2012,
o cineasta James Cameron desceu sozinho até ao fundo da fossa das Marianas
num batiscafo, no âmbito da expedição Deep Sea Challenge.
Foram sete anos de
trabalho para o cineasta empreender, em apenas três horas, uma descida aos 10.998
metros de profundidade. A fossa das Marianas, que recebera a presença humana
pela primeira vez em 1960, foi filmada com câmeras de alta resolução em 3D.
Cameron esperava ainda,
ao longo de seis horas no fundo, recolher amostras do sítio, menos conhecido
pela ciência do que a superfície do planeta Marte. Em 8 de maio de 2020, o
Vitiaz, um veículo submarino não tripulado e autónomo russo à Fossa das
Marianas.
Os sensores de Vitiaz
registaram uma profundidade de 10 028 metros. Ao contrário dos
dispositivos Kaiko (Japão) e Nereus (Estados Unidos), o dispositivo Vitiaz
funciona de forma totalmente autónoma.
Graças ao uso de
elementos de inteligência artificial no sistema de controlo do veículo, esse
pode contornar a obstáculos de forma independente e encontrar uma saída de um
espaço limitado e resolver outros problemas. O Vitiaz fez o mapeamento, captou
fotografias e gravou vídeos, tendo também aproveitado a missão para estudar o
ambiente marinho.
Tal como outras fossas
oceânicas, a fossa das Marianas foi proposta para local de armazenamento de
resíduos nucleares na esperança de que a subducção de placas
tectónicas que se verifica no local possa eventualmente fazer entrar o lixo
nuclear no manto da Terra. Porém, o depósito de lixo nuclear no
oceano é proibido pelo direito internacional.
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