A pior parte do fim não é a briga, nem o
silêncio que vem depois da última mensagem lida e não respondida. É o vazio que
se instala devagar, silencioso, como uma casa da qual você ainda tem a chave,
mas já não pode entrar.
É acordar num domingo qualquer e lembrar que
não vai mais ter aquela ligação preguiçosa perguntando: “o que você tá fazendo
hoje?”. É passar em frente ao cinema que vocês frequentavam e sentir o coração
apertar ao ver o cartaz do filme que ela queria tanto assistir - aquele que
vocês nunca foram juntos porque sempre havia algo “mais importante”, mesmo que
hoje você perceba que nada era tão urgente assim.
É abrir o
WhatsApp e ver o nome dela ali, salvo com algum apelido bobo que fazia sentido
só entre vocês, mas agora completamente mudo, imóvel, com zero chance de uma
nova mensagem surgir. A pior parte é o “não mais” que toma conta de tudo.
Não mais dividir o fone de ouvido no ônibus
enquanto ouviam aquela playlist duvidosa. Não mais mandar meme às três da
manhã, certo de que ela ia rir mesmo com sono.
Não mais ter alguém que sabia exatamente como
você gostava do café, que te mandava áudios intermináveis reclamando do chefe,
confiando que só você ia entender cada detalhe.
Não mais ter aquela pessoa que era o seu “pra
quem eu ligo quando qualquer coisa acontece”. É descobrir que o mundo segue
girando, implacável, mesmo quando falta uma peça essencial na sua engrenagem
diária.
Os dias parecem mais longos porque já não
existe a expectativa de contar como foi a reunião, de enviar a foto idiota
tirada no intervalo, de simplesmente dizer “tô com saudade” sem precisar
justificar nada.
E então vem o
golpe mais duro: perceber que você vai se acostumar com a ausência. Que um dia
vai rir de novo sem sentir culpa. Vai ao cinema com outra pessoa.
Vai contar sobre a promoção no trabalho para
alguém novo. E isso dói de outro jeito, porque significa que, de fato, acabou.
Que aquilo que era rotina virou lembrança. Que o “nós” se dissolveu até sobrar
apenas você - e ela, cada um em seu próprio caminho.
Aceitar o fim é
entender que o amor, às vezes, não morre por falta de sentimento, mas por falta
de futuro. É reconhecer que, por mais que ainda exista um resto de esperança
insistindo em ficar, ele não sustenta o que já desabou.
E ainda assim,
de vez em quando, você olha para o celular, só para checar - quase sem querer -
se, por um milagre, o nome dela pisca na tela de novo.
Mas não pisca. E esse continua sendo o pior “não mais” de todos.









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