Quando a tristeza vier ao teu encontro, não a
rejeites. Deixa que ela se revele: dos olhos, uma lágrima que carrega o peso do
que não foi dito; da boca, um sorriso tímido, insistindo em lembrar que a vida
ainda pulsa; e do coração, uma esperança tênue, frágil como a luz que trespassa
as nuvens numa tarde de inverno.
Não são
covardes os que choram por amor - são fortes, pois conhecem a coragem de se
entregar, de sentir até o limite do que o peito suporta.
Covardes são aqueles que, temendo as lágrimas,
fecham-se em muros invisíveis e renegam o amor, preferindo a sombra da
indiferença ao risco de um abraço.
Ontem,
na praça onde o vento arrastava folhas secas como lembranças que o tempo já não
guarda, vi uma mulher solitária, sentada num banco de madeira gasto.
Seus olhos estavam fixos no horizonte, mas o que ela
mirava parecia vir de dentro. Entre os dedos, segurava uma carta amarelada,
talvez escrita há anos, talvez relíquia de um amor que nunca retornou. O papel
tremia, não pelo vento, mas pela emoção que ainda pulsava em suas mãos.
De
repente, uma lágrima escorreu, lenta, como quem não tem pressa de partir. Mas
seus lábios, em contraste, curvaram-se num sorriso, delicado, como se lembrasse
de um instante que valera toda a dor.
Ao redor dela, o mundo seguia indiferente: crianças
corriam em volta de um chafariz, um vendedor anunciava frutas maduras com voz
estridente, e o velho relógio da igreja marcava os minutos que ninguém ousa
deter.
Mas ali, naquele instante suspenso, aquela mulher era
um universo inteiro, equilibrando em si a tristeza e a esperança, como quem
dança entre o ontem e o amanhã.
Quando
a tristeza te encontrar, não fujas. Permite que ela te ensine o que só os
corações partidos conhecem: que amar é sempre arriscar, mesmo sabendo que o fim
pode sangrar.
E se as lágrimas vierem, deixa que caiam como chuva
mansa sobre a terra seca - porque, ao molhar a alma, elas preparam espaço para
um novo florescer.
No fim,
é sempre o amor - com suas dores, suas alegrias, suas esperanças - que nos
mantém humanos. Sem ele, seríamos apenas silêncio. Com ele, mesmo na saudade,
somos eternidade.
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