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quarta-feira, outubro 15, 2025

Tristeza!



Quando a tristeza vier ao teu encontro, não a rejeites. Deixa que ela se revele: dos olhos, uma lágrima que carrega o peso do que não foi dito; da boca, um sorriso tímido, insistindo em lembrar que a vida ainda pulsa; e do coração, uma esperança tênue, frágil como a luz que trespassa as nuvens numa tarde de inverno.

Não são covardes os que choram por amor - são fortes, pois conhecem a coragem de se entregar, de sentir até o limite do que o peito suporta.

Covardes são aqueles que, temendo as lágrimas, fecham-se em muros invisíveis e renegam o amor, preferindo a sombra da indiferença ao risco de um abraço.

Ontem, na praça onde o vento arrastava folhas secas como lembranças que o tempo já não guarda, vi uma mulher solitária, sentada num banco de madeira gasto.

Seus olhos estavam fixos no horizonte, mas o que ela mirava parecia vir de dentro. Entre os dedos, segurava uma carta amarelada, talvez escrita há anos, talvez relíquia de um amor que nunca retornou. O papel tremia, não pelo vento, mas pela emoção que ainda pulsava em suas mãos.

De repente, uma lágrima escorreu, lenta, como quem não tem pressa de partir. Mas seus lábios, em contraste, curvaram-se num sorriso, delicado, como se lembrasse de um instante que valera toda a dor.

Ao redor dela, o mundo seguia indiferente: crianças corriam em volta de um chafariz, um vendedor anunciava frutas maduras com voz estridente, e o velho relógio da igreja marcava os minutos que ninguém ousa deter.

Mas ali, naquele instante suspenso, aquela mulher era um universo inteiro, equilibrando em si a tristeza e a esperança, como quem dança entre o ontem e o amanhã.

Quando a tristeza te encontrar, não fujas. Permite que ela te ensine o que só os corações partidos conhecem: que amar é sempre arriscar, mesmo sabendo que o fim pode sangrar.

E se as lágrimas vierem, deixa que caiam como chuva mansa sobre a terra seca - porque, ao molhar a alma, elas preparam espaço para um novo florescer.

No fim, é sempre o amor - com suas dores, suas alegrias, suas esperanças - que nos mantém humanos. Sem ele, seríamos apenas silêncio. Com ele, mesmo na saudade, somos eternidade.

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