Ota Benga: A Trágica História do Homem Exposto em um Zoológico
A história de Ota Benga é um dos exemplos
mais cruéis de como o racismo foi institucionalizado no início do século XX.
Membro do povo Mbuti, pejorativamente chamados de "pigmeus", Benga
foi sequestrado no Congo, então sob o domínio brutal do rei Leopoldo II da
Bélgica, e levado aos Estados Unidos em 1904.
A Exibição no Zoológico do Bronx
Em 1906, Ota Benga tornou-se o centro de um
espetáculo degradante no Zoológico do Bronx, em Nova York. Sob a manchete "Homem
da Selva compartilha jaula com macacos do Bronx Park", os jornais da época
descreviam multidões de até 500 pessoas que se aglomeravam para observar o
jovem de apenas 1,50m de altura e cerca de 45 quilos.
A direção do zoológico, liderada pelo
eugenista William Hornaday, transferiu Benga de uma jaula pequena para uma
muito maior, visando aumentar a visibilidade para o público.
Ele dividia o espaço com um orangotango
chamado Dohong. Enquanto as crianças riam e os adultos observavam com uma
curiosidade mórbida, Benga alternava entre o silêncio resignado e olhares de
fúria através das grades.
O Contexto Científico: Na época, a exposição
não era vista apenas como entretenimento, mas como uma "demonstração científica".
Antropólogos e diretores de museus acreditavam que Benga representava uma
"forma inferior" de evolução humana, utilizando sua imagem para
validar teorias racistas da eugenia.
Resistência e Libertação
No último mês de sua exibição, quase 40 mil pessoas
o visitaram. A placa na jaula indicava que ele seria exibido até setembro. No
entanto, a indignação de pastores protestantes negros, liderados pelo reverendo
James H. Gordon, forçou a libertação de Benga.
Gordon argumentava que Benga era um ser humano
com alma e que sua exibição era uma afronta ao cristianismo e à dignidade
humana. Após sair do zoológico, Benga viveu por dez anos em instituições e
lares de apoio.
Ele foi levado para Lynchburg, Virgínia, onde
teve seus dentes - que haviam sido limados em ponta por tradição cultural em
sua tribo - restaurados com capas de porcelana para que pudesse se integrar
melhor à sociedade americana. Ele começou a trabalhar em uma fábrica de tabaco
e passou a ser conhecido como Otto Bingo.
O Fim Trágico e a Impossibilidade do Retorno
Apesar de tentar se adaptar, o desejo de
Benga era retornar ao Congo. Em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial,
as rotas de navios de passageiros foram interrompidas, tornando seu retorno
impossível. A depressão profunda se instalou quando ele percebeu que nunca mais
veria sua terra natal.
Em 20 de março de 1916, em um ato final de
autonomia sobre seu próprio corpo e destino, Ota Benga: Acendeu uma fogueira
cerimonial. Arrancou as capas de porcelana de seus dentes, restaurando sua
aparência original. Suicidou-se com um tiro no coração usando uma pistola
emprestada.
O Legado e a Memória
Benga foi enterrado em uma sepultura sem
identificação no Cemitério da Cidade Velha, em Lynchburg. Anos depois,
acredita-se que seus restos mortais foram transferidos para o White Rock Hill
Cemetery, um local que infelizmente caiu em ruínas.
Somente em 2017, mais de um século depois,
Benga recebeu um marco histórico oficial em Lynchburg. Recentemente, em 2020, a
Wildlife Conservation Society, que administra o Zoológico do Bronx, emitiu um
pedido de desculpas formal pela forma como Ota Benga foi tratado, reconhecendo
o racismo sistêmico que permitiu tal atrocidade.
A história de Ota Benga é um dos exemplos
mais cruéis de como o racismo foi institucionalizado no início do século XX.
Membro do povo Mbuti, pejorativamente chamados de "pigmeus", Benga
foi sequestrado no Congo, então sob o domínio brutal do rei Leopoldo II da
Bélgica, e levado aos Estados Unidos em 1904.
A Exibição no Zoológico do Bronx
Em 1906, Ota Benga tornou-se o centro de um
espetáculo degradante no Zoológico do Bronx, em Nova York. Sob a manchete "Homem
da Selva compartilha jaula com macacos do Bronx Park", os jornais da época
descreviam multidões de até 500 pessoas que se aglomeravam para observar o
jovem de apenas 1,50m de altura e cerca de 45 quilos.
A direção do zoológico, liderada pelo
eugenista William Hornaday, transferiu Benga de uma jaula pequena para uma
muito maior, visando aumentar a visibilidade para o público.
Ele dividia o espaço com um orangotango
chamado Dohong. Enquanto as crianças riam e os adultos observavam com uma
curiosidade mórbida, Benga alternava entre o silêncio resignado e olhares de
fúria através das grades.
O Contexto Científico: Na época, a exposição
não era vista apenas como entretenimento, mas como uma "demonstração científica".
Antropólogos e diretores de museus acreditavam que Benga representava uma
"forma inferior" de evolução humana, utilizando sua imagem para
validar teorias racistas da eugenia.
Resistência e Libertação
No último mês de sua exibição, quase 40 mil pessoas
o visitaram. A placa na jaula indicava que ele seria exibido até setembro. No
entanto, a indignação de pastores protestantes negros, liderados pelo reverendo
James H. Gordon, forçou a libertação de Benga.
Gordon argumentava que Benga era um ser humano
com alma e que sua exibição era uma afronta ao cristianismo e à dignidade
humana. Após sair do zoológico, Benga viveu por dez anos em instituições e
lares de apoio.
Ele foi levado para Lynchburg, Virgínia, onde
teve seus dentes - que haviam sido limados em ponta por tradição cultural em
sua tribo - restaurados com capas de porcelana para que pudesse se integrar
melhor à sociedade americana. Ele começou a trabalhar em uma fábrica de tabaco
e passou a ser conhecido como Otto Bingo.
O Fim Trágico e a Impossibilidade do Retorno
Apesar de tentar se adaptar, o desejo de
Benga era retornar ao Congo. Em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial,
as rotas de navios de passageiros foram interrompidas, tornando seu retorno
impossível. A depressão profunda se instalou quando ele percebeu que nunca mais
veria sua terra natal.
Em 20 de março de 1916, em um ato final de
autonomia sobre seu próprio corpo e destino, Ota Benga: Acendeu uma fogueira
cerimonial. Arrancou as capas de porcelana de seus dentes, restaurando sua
aparência original. Suicidou-se com um tiro no coração usando uma pistola
emprestada.
O Legado e a Memória
Benga foi enterrado em uma sepultura sem
identificação no Cemitério da Cidade Velha, em Lynchburg. Anos depois,
acredita-se que seus restos mortais foram transferidos para o White Rock Hill
Cemetery, um local que infelizmente caiu em ruínas.
Somente em 2017, mais de um século depois,
Benga recebeu um marco histórico oficial em Lynchburg. Recentemente, em 2020, a
Wildlife Conservation Society, que administra o Zoológico do Bronx, emitiu um
pedido de desculpas formal pela forma como Ota Benga foi tratado, reconhecendo
o racismo sistêmico que permitiu tal atrocidade.









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