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terça-feira, dezembro 23, 2025

Ota Benga - Exposto em Jaulas com Macacos


 

Ota Benga: A Trágica História do Homem Exposto em um Zoológico

A história de Ota Benga é um dos exemplos mais cruéis de como o racismo foi institucionalizado no início do século XX. Membro do povo Mbuti, pejorativamente chamados de "pigmeus", Benga foi sequestrado no Congo, então sob o domínio brutal do rei Leopoldo II da Bélgica, e levado aos Estados Unidos em 1904.

A Exibição no Zoológico do Bronx

Em 1906, Ota Benga tornou-se o centro de um espetáculo degradante no Zoológico do Bronx, em Nova York. Sob a manchete "Homem da Selva compartilha jaula com macacos do Bronx Park", os jornais da época descreviam multidões de até 500 pessoas que se aglomeravam para observar o jovem de apenas 1,50m de altura e cerca de 45 quilos.

A direção do zoológico, liderada pelo eugenista William Hornaday, transferiu Benga de uma jaula pequena para uma muito maior, visando aumentar a visibilidade para o público.

Ele dividia o espaço com um orangotango chamado Dohong. Enquanto as crianças riam e os adultos observavam com uma curiosidade mórbida, Benga alternava entre o silêncio resignado e olhares de fúria através das grades.

O Contexto Científico: Na época, a exposição não era vista apenas como entretenimento, mas como uma "demonstração científica". Antropólogos e diretores de museus acreditavam que Benga representava uma "forma inferior" de evolução humana, utilizando sua imagem para validar teorias racistas da eugenia.

Resistência e Libertação

No último mês de sua exibição, quase 40 mil pessoas o visitaram. A placa na jaula indicava que ele seria exibido até setembro. No entanto, a indignação de pastores protestantes negros, liderados pelo reverendo James H. Gordon, forçou a libertação de Benga.

Gordon argumentava que Benga era um ser humano com alma e que sua exibição era uma afronta ao cristianismo e à dignidade humana. Após sair do zoológico, Benga viveu por dez anos em instituições e lares de apoio.

Ele foi levado para Lynchburg, Virgínia, onde teve seus dentes - que haviam sido limados em ponta por tradição cultural em sua tribo - restaurados com capas de porcelana para que pudesse se integrar melhor à sociedade americana. Ele começou a trabalhar em uma fábrica de tabaco e passou a ser conhecido como Otto Bingo.

O Fim Trágico e a Impossibilidade do Retorno

Apesar de tentar se adaptar, o desejo de Benga era retornar ao Congo. Em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial, as rotas de navios de passageiros foram interrompidas, tornando seu retorno impossível. A depressão profunda se instalou quando ele percebeu que nunca mais veria sua terra natal.

Em 20 de março de 1916, em um ato final de autonomia sobre seu próprio corpo e destino, Ota Benga: Acendeu uma fogueira cerimonial. Arrancou as capas de porcelana de seus dentes, restaurando sua aparência original. Suicidou-se com um tiro no coração usando uma pistola emprestada.

O Legado e a Memória

Benga foi enterrado em uma sepultura sem identificação no Cemitério da Cidade Velha, em Lynchburg. Anos depois, acredita-se que seus restos mortais foram transferidos para o White Rock Hill Cemetery, um local que infelizmente caiu em ruínas.

Somente em 2017, mais de um século depois, Benga recebeu um marco histórico oficial em Lynchburg. Recentemente, em 2020, a Wildlife Conservation Society, que administra o Zoológico do Bronx, emitiu um pedido de desculpas formal pela forma como Ota Benga foi tratado, reconhecendo o racismo sistêmico que permitiu tal atrocidade.Ota Benga: A Trágica História do Homem Exposto em um Zoológico

A história de Ota Benga é um dos exemplos mais cruéis de como o racismo foi institucionalizado no início do século XX. Membro do povo Mbuti, pejorativamente chamados de "pigmeus", Benga foi sequestrado no Congo, então sob o domínio brutal do rei Leopoldo II da Bélgica, e levado aos Estados Unidos em 1904.

A Exibição no Zoológico do Bronx

Em 1906, Ota Benga tornou-se o centro de um espetáculo degradante no Zoológico do Bronx, em Nova York. Sob a manchete "Homem da Selva compartilha jaula com macacos do Bronx Park", os jornais da época descreviam multidões de até 500 pessoas que se aglomeravam para observar o jovem de apenas 1,50m de altura e cerca de 45 quilos.

A direção do zoológico, liderada pelo eugenista William Hornaday, transferiu Benga de uma jaula pequena para uma muito maior, visando aumentar a visibilidade para o público.

Ele dividia o espaço com um orangotango chamado Dohong. Enquanto as crianças riam e os adultos observavam com uma curiosidade mórbida, Benga alternava entre o silêncio resignado e olhares de fúria através das grades.

O Contexto Científico: Na época, a exposição não era vista apenas como entretenimento, mas como uma "demonstração científica". Antropólogos e diretores de museus acreditavam que Benga representava uma "forma inferior" de evolução humana, utilizando sua imagem para validar teorias racistas da eugenia.

Resistência e Libertação

No último mês de sua exibição, quase 40 mil pessoas o visitaram. A placa na jaula indicava que ele seria exibido até setembro. No entanto, a indignação de pastores protestantes negros, liderados pelo reverendo James H. Gordon, forçou a libertação de Benga.

Gordon argumentava que Benga era um ser humano com alma e que sua exibição era uma afronta ao cristianismo e à dignidade humana. Após sair do zoológico, Benga viveu por dez anos em instituições e lares de apoio.

Ele foi levado para Lynchburg, Virgínia, onde teve seus dentes - que haviam sido limados em ponta por tradição cultural em sua tribo - restaurados com capas de porcelana para que pudesse se integrar melhor à sociedade americana. Ele começou a trabalhar em uma fábrica de tabaco e passou a ser conhecido como Otto Bingo.

O Fim Trágico e a Impossibilidade do Retorno

Apesar de tentar se adaptar, o desejo de Benga era retornar ao Congo. Em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial, as rotas de navios de passageiros foram interrompidas, tornando seu retorno impossível. A depressão profunda se instalou quando ele percebeu que nunca mais veria sua terra natal.

Em 20 de março de 1916, em um ato final de autonomia sobre seu próprio corpo e destino, Ota Benga: Acendeu uma fogueira cerimonial. Arrancou as capas de porcelana de seus dentes, restaurando sua aparência original. Suicidou-se com um tiro no coração usando uma pistola emprestada.

O Legado e a Memória

Benga foi enterrado em uma sepultura sem identificação no Cemitério da Cidade Velha, em Lynchburg. Anos depois, acredita-se que seus restos mortais foram transferidos para o White Rock Hill Cemetery, um local que infelizmente caiu em ruínas.

Somente em 2017, mais de um século depois, Benga recebeu um marco histórico oficial em Lynchburg. Recentemente, em 2020, a Wildlife Conservation Society, que administra o Zoológico do Bronx, emitiu um pedido de desculpas formal pela forma como Ota Benga foi tratado, reconhecendo o racismo sistêmico que permitiu tal atrocidade.

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