Lá estava eu em Atlanta, bem pior
do que em Nova Iorque, mais quebrado, mais louco, mais doente, mais magro; com
chances iguais a uma puta de 53 anos ou uma aranha numa floresta em chamas.
De qualquer forma, saí caminhando
rua abaixo era noite e fazia frio, e Deus não se importava, e as mulheres não
se importavam, e o imbecil do editor não se importava, as aranhas não se
importavam.
Não podiam cantar, não sabiam o
meu nome, mas o frio sabia, sim, e as ruas lambiam a minha barriga fria e
vazia, haha, as ruas sabiam muito, e eu seguia perambulando numa camisa branca
californiana velha e fazia um frio do caralho.
Eu bati numa porta, era umas nove
da noite, quase dois mil anos que Cristo desistira, e a porta abriu e um homem
sem rosto se postou na soleira da porta.
Eu disse: eu preciso de um
quarto, vi que você tem um aviso de Quarto Para Alugar. E ele disse: você não
me saca, portanto eu não quero ser incomodado. - Tudo que quero é um quarto, eu
disse, está muito frio. Eu vou lhe pagar, pode ser que eu não tenha o
suficiente para uma semana, mas eu só quero sair do frio. Não é morrer que é
ruim, é estar perdido que é ruim.
Charles Bukowski in: Notas de um velho Safado
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