Tive
amores que, por destino ou escolha, não pude viver plenamente. E vivi outros
que, talvez, fosse melhor terem ficado apenas na imaginação.
Envolvi-me
em disputas que deveria ter deixado passar, evitando o desgaste que trouxeram.
Por outro lado, lutei por algumas causas que, desde o início, sabia serem
inalcançáveis.
Pronunciei
palavras que, em silêncio, teriam causado menos ruído. E calei outras que, se
ditas, poderiam ter mudado o curso das coisas. Gastei tempo e recursos com o que
era supérfluo, enquanto economizei – por medo ou descuido – com o que realmente
importava, o essencial que dá sentido à existência.
Houve
momentos em que me entreguei aos sonhos, acreditando em suas promessas frágeis.
Em outros, ignorei a realidade, como se ela não batesse à porta com suas
verdades inevitáveis.
Já me
deixei enganar por mentiras bem disfarçadas, seduzido por sua doce ilusão, e,
por desconfiança ou teimosia, duvidei da verdade quando ela se apresentou clara
diante de mim.
É assim
o ser humano: um emaranhado de contradições, um equilibrista entre o que foi, o
que poderia ter sido e o que ainda pode vir a ser. Carregamos arrependimentos
como cicatrizes, mas também aprendizados que, aos poucos, nos moldam.
Talvez seja exatamente nessa imperfeição – nesse constante tropeçar e reerguer – que reside nossa essência mais verdadeira. Somos feitos de escolhas tortas, de silêncios que gritam e de vozes que se perdem, mas também de uma busca incansável por algo maior, algo que nos transcenda. (Francisco Silva Sousa)
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