Eu
gosto do passado. Estive lá, nasci dele, venho de suas raízes. Gosto de
recordar tudo: as quedas que levei enquanto tentava pedalar a bicicleta, o chão
riscando meus joelhos, e as promessas que fiz a mim mesmo para encontrar o
equilíbrio.
Lembro
da emoção do primeiro namoro, aquele frio na barriga, o primeiro beijo tímido e
o primeiro amor, tão puro e desajeitado. Gosto desse tempo que, como um rio, me
trouxe até o presente. Gosto do presente que, a cada instante, se transforma em
passado diante dos meus olhos.
No
presente, eu saboreio o beijo, o amor, o prazer de amar. É um presente assistir
ao jogo do meu time do coração, torcendo com a alma em cada lance; é um
presente rever o filme favorito, saborear a bebida mais gostosa ou me perder
nas páginas de um bom livro.
Até a
dor e a tristeza que sinto são presentes - reais, palpáveis, parte de mim. Elas
também passam, viram lembranças, se transformam em saudade. Eu quisera viver
para sempre nesse vaivém entre o passado e o presente, onde tudo ganha sentido.
E o
futuro? Ah, o futuro! Eu não o conheço. Não sei se algum dia vou conhecê-lo,
porque estarei sempre preso ao agora. O futuro é um mistério, uma sombra
incerta que não sei se realmente existe.
Se
existir, tenho certeza de que nunca vou alcançá-lo de fato, pois venho do ontem
e habito o hoje. Mas, às vezes, penso nele como um sonho: um lugar onde
deposito esperanças, planos e um pouco de medo.
Talvez
o futuro seja apenas isso - uma promessa que o presente me faz, mas que nunca
se cumpre inteiramente.
Ainda assim, o passado me ensina, o presente me acolhe, e o futuro me provoca. Entre os três, eu danço essa valsa da vida, abraçando o que foi e o que é, enquanto o que será permanece um sussurro ao longe. (Francisco Silva Sousa)
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