Propaganda

domingo, junho 01, 2025

A Violência Universal


A Violência: Uma Marca registrada da Humanidade

A violência parece ter nascido com o próprio homem e, ao que tudo indica, só terá fim quando a humanidade desaparecer. Desde os primórdios, o ser humano carrega em si a semente da discórdia, que floresce em atos de brutalidade e derramamento de sangue.

Não há canto do mundo, por mais remoto ou sagrado que seja, que tenha escapado da sombra da violência. Até mesmo instituições que se proclamam guiadas pela paz e pela divindade, como a Igreja, tornaram-se, em certos momentos da história, palco de atrocidades.

A Igreja Católica, que deveria ser um bastião de misericórdia, foi responsável por um dos capítulos mais sombrios da humanidade: a Inquisição. Durante séculos, milhares de inocentes foram submetidos a torturas cruéis, queimados vivos em fogueiras consideradas "santas" e despojados de seus bens.

Famílias inteiras viram seus patrimônios confiscados pela Igreja, sob pretextos muitas vezes frágeis, como acusações de heresia ou bruxaria. A punição era implacável: mesmo aqueles que cediam tudo o que possuíam não escapavam da morte lenta e dolorosa.

A Inquisição não foi apenas um período de perseguição religiosa, mas também um mecanismo de enriquecimento institucional. Hoje, a Igreja Católica é uma das organizações mais ricas do mundo, com um império que se estende a regiões onde sua influência nem sempre é reconhecida.

No entanto, a violência não se restringe à Igreja ou a qualquer instituição específica. Muitas vezes, ela encontra justificativa em textos considerados sagrados.

A Bíblia, por exemplo, tida como um guia espiritual por milhões, contém passagens que revelam a crueza da natureza humana. O Salmo 109, com suas imprecações de vingança, é apenas uma amostra de como a violência está entranhada até mesmo em escrituras veneradas.

Desde os primeiros capítulos do Gênesis, a narrativa bíblica já expõe a inclinação humana para o mal: logo após a criação, no terceiro capítulo, Adão e Eva desobedecem a Deus, e, no quarto, Caim comete o primeiro assassinato ao matar seu irmão Abel.

Esse é apenas o início de uma longa história de conflitos que atravessam milênios. A violência não é exclusividade do passado. No presente, ela se manifesta com igual ferocidade, muitas vezes amparada por ideologias ou interpretações extremistas de textos religiosos.

O Estado Islâmico, por exemplo, baseia suas atrocidades em uma leitura distorcida do Alcorão, promovendo decapitações, atentados e opressão em nome de uma suposta vontade divina.

Assim como a Inquisição no passado, esses grupos utilizam a religião como pretexto para justificar o ódio e a destruição. O vermelho do sangue continua a irrigar a terra, alimentando um ciclo interminável de vingança e rancor.

A história da humanidade é, em grande parte, uma crônica de violência. Dos campos de batalha da Antiguidade às guerras modernas, o homem aprimorou seus métodos de destruição.

As fogueiras da Inquisição foram substituídas por bombas atômicas; as arenas romanas, com seus leões e gladiadores, deram lugar aos campos de concentração nazistas e às câmaras de gás.

Hoje, drones e armas de alta precisão permitem matar a distância, com uma eficiência assustadora. A tecnologia mudou, mas a mentalidade permanece a mesma: o desejo de domínio, a ambição desmedida e a indiferença pela vida alheia continuam sendo os motores da violência.

Os meios de comunicação amplificam a visibilidade dessa realidade. Jornais, revistas, noticiários de televisão e redes sociais expõem, quase em tempo real, a brutalidade que permeia o cotidiano.

Seja em conflitos armados, como os que assolam o Oriente Médio, seja em atos de violência urbana, como tiroteios em escolas ou massacres em comunidades, a crueldade humana está sempre à vista.

Eventos recentes, como os conflitos na Ucrânia, iniciados em 2022, ou as tensões crescentes no Indo-Pacífico, mostram que a guerra, em suas formas mais sofisticadas, permanece uma constante.

A violência não discrimina: atinge ricos e pobres, fortes e fracos, em qualquer tempo ou lugar. Não há como negar que o homem é, por natureza, um guerreiro.

A busca por poder, territórios e recursos sempre esteve no cerne das grandes tragédias humanas. As cruzadas, as conquistas coloniais, as duas guerras mundiais e os genocídios do século XX - como o Holocausto e o massacre de Ruanda - são testemunhos de uma barbárie que não respeita fronteiras temporais ou geográficas.

Mesmo em tempos de avanços tecnológicos e discursos de progresso, a violência persiste, adaptando-se aos novos contextos. A inteligência artificial, por exemplo, já é usada em armas autônomas, levantando questões éticas sobre o futuro da guerra.

Diante disso, é difícil não generalizar. A história e o presente mostram que a violência é uma característica intrínseca à humanidade. Não se trata apenas de indivíduos isolados, mas de sociedades inteiras que, de uma forma ou de outra, perpetuam o ciclo de agressão.

O ódio, a ambição e a intolerância são ingredientes que alimentam esse fogo, e não há indícios de que ele se apagará enquanto houver homens para ateá-lo.

Francisco Silva Sousa

0 Comentários: