Em 23
de novembro de 1942, durante o auge da Segunda Guerra Mundial, o marinheiro
chinês Poon Lim, de 24 anos, enfrentou uma provação que o tornaria uma lenda de
sobrevivência.
Ele era
tripulante do SS Benlomond, um navio mercante britânico que navegava pelo
Atlântico Sul, transportando suprimentos essenciais para os Aliados.
No
entanto, a embarcação foi atacada e afundada por um torpedo disparado pelo
submarino alemão U-172, a cerca de 750 milhas da costa da Guiana. Dos 55
tripulantes, apenas Poon Lim sobreviveu ao naufrágio, iniciando uma saga de 133
dias à deriva em um pequeno bote salva-vidas.
Sozinho
em uma jangada de madeira de apenas 2,4 metros, com suprimentos limitados, Poon
enfrentou condições extremas no vasto e imprevisível Atlântico Sul.
Inicialmente,
ele contava com um pequeno estoque de biscoitos, chocolate e água potável, mas
esses recursos logo se esgotaram. Para sobreviver, ele demonstrou uma
engenhosidade notável.
Usando
pedaços de corda e metal da jangada, improvisou anzóis para pescar. Quando a
linha de pesca se desgastou, ele desfiou cordas do bote para criar novas.
Para
obter água, coletava a chuva com uma lona e, em momentos de desespero, chegou a
beber o sangue de aves marinhas que conseguia capturar.
Em um
episódio impressionante, Poon enfrentou um tubarão que se aproximou do bote.
Com coragem e determinação, ele o matou usando uma lata de biscoito vazia como
arma improvisada, consumindo partes do animal para se sustentar.
Durante
sua odisseia, Poon avistou vários navios e aviões, mas, para sua frustração,
nenhum o resgatou. Alguns passaram sem notá-lo, enquanto outros, possivelmente
por receio de submarinos inimigos ou por não identificarem o pequeno bote em
meio ao oceano, não pararam.
Apesar
do isolamento, da fome e das tempestades, ele manteve a esperança, guiado por
uma resiliência extraordinária e pela vontade de sobreviver.
Após
133 dias à deriva, em 5 de abril de 1943, Poon foi finalmente resgatado por
pescadores brasileiros perto da costa de Belém, no Pará. Ele havia perdido
cerca de 20 quilos, mas estava vivo e surpreendentemente lúcido.
Sua
história de sobrevivência não apenas chocou o mundo, mas também lhe rendeu um
lugar no Guinness World Records como a pessoa que sobreviveu por mais tempo
sozinha em alto-mar.
Após a
guerra, Poon emigrou para os Estados Unidos, onde viveu até 1991. Ao refletir
sobre sua experiência, ele declarou com humildade: "Espero que ninguém
jamais precise quebrar esse recorde."
O feito
de Poon Lim é mais do que uma história de sobrevivência; é um testemunho da
capacidade humana de enfrentar adversidades extremas com criatividade e
determinação.
Durante
a Segunda Guerra Mundial, o Atlântico Sul foi palco de intensos combates
navais, com submarinos alemães (os U-boats) atacando rotas de suprimento
aliadas, o que tornava a sobrevivência em alto-mar ainda mais desafiadora.
Sua história inspira até hoje, destacando a força do espírito humano em meio ao caos e à incerteza.
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