Sinéad O'Connor: Uma Vida de Talento, Controvérsia e Resiliência
Sinéad O'Connor (nascida Sinéad Marie Bernadette
O'Connor, em 8 de dezembro de 1966 - falecida em 26 de julho de 2023) foi uma
cantora, compositora e ativista irlandesa, conhecida pela voz poderosa, emotiva
e pela postura rebelde contra injustiças sociais, especialmente abusos na
Igreja Católica, direitos das mulheres e questões de saúde mental.
Ao longo da carreira, mudou de nome várias
vezes refletindo buscas espirituais: em 2017, adotou Magda Davitt; em 2018,
converteu-se ao Islã e passou a se chamar Shuhada' Sadaqat (ou Shuhada' Davitt
inicialmente), embora continuasse a usar Sinéad O'Connor profissionalmente.
Início da Vida e Traumas
Sinéad nasceu em Dublin, filha de Sean
O'Connor (engenheiro que virou advogado) e Marie O'Connor. Era a terceira de
cinco filhos, incluindo o escritor Joseph O'Connor. Sua infância foi marcada
por abusos físicos e emocionais graves por parte da mãe, o que ela revelou
publicamente anos depois.
Esses traumas moldaram sua personalidade
rebelde e contribuíram para lutas com saúde mental, incluindo tentativas de
suicídio na adolescência, diagnóstico de transtorno bipolar (posteriormente
revisado para PTSD e transtorno de personalidade borderline) e internações. Ela
também se identificou como lésbica em certos períodos, mas mais tarde descreveu
sua sexualidade como fluida.
Carreira Musical
Destacou-se pela voz doce e intensa, e pela
cabeça raspada, sua marca registrada por décadas. Estreou em 1987 com The Lion
and the Cobra, dedicado à mãe recém-falecida. O álbum trouxe visibilidade
internacional, com turnês pela Europa e EUA.
O sucesso global veio em 1990 com I Do Not
Want What I Haven't Got e a cover de "Nothing Compares 2 U" (original
de Prince), que alcançou o topo das paradas em vários países e rendeu prêmios,
incluindo indicações ao Grammy.
Em 1990, participou de The Wall - Live in
Berlin, de Roger Waters, cantando "Mother". Em 1992, lançou Am I Not
Your Girl?, com covers como "Don't Cry for Me Argentina”.
Lançou álbuns como Universal Mother (1994,
com "Fire on Babylon" sobre abuso infantil), o EP Gospel Oak (1997,
dedicado a causas humanitárias como Ruanda e Palestina), Faith and Courage
(2000), Sean-Nós Nua (2002, folk irlandês), Throw Down Your Arms (2005,
reggae), Theology (2007), How About I Be Me (and You Be You)? (2012) e I'm Not
Bossy, I'm the Boss (2014).
Publicou memórias em Rememberings (2021).
Controvérsias e Ativismo Em 1992, no Saturday Night Live, rasgou uma foto do
Papa João Paulo II em protesto contra abusos sexuais na Igreja Católica,
dizendo "Fight the real enemy".
A ação gerou boicotes, vaias (como em tributo
a Bob Dylan) e impacto negativo na carreira nos EUA, mas anos depois foi
reconhecida como profética, com escândalos confirmados.
Em 1999, foi ordenada sacerdotisa por um
grupo católico independente, desejando ser chamada "Mother Bernadette
Mary" - controverso, pois a Igreja Católica não reconhece ordenação
feminina.
Após conversão ao Islã em 2018, postou
declaração polêmica sobre não querer tempo com "pessoas brancas não
muçulmanas", chamando-as de "nojentas"; depois explicou como
reação a islamofobia e pediu desculpas.
Acusou Prince de comportamento violento em
encontro (detalhado em memórias). Anunciou aposentadorias várias vezes, mas
continuou. Era ativista por Irlanda unida, direitos humanos e contra abusos.
Vida Privada e Falecimento
Casou-se quatro vezes: primeiro com o
produtor John Reynolds (pai de Jake Reynolds), depois com jornalistas e outros;
teve quatro filhos de pais diferentes: Jake (1987), Roisin (1996), Shane (2004,
com Donal Lunny) e Yeshua (2006).
Apenas um nasceu em casamento. Em janeiro de
2022, Shane, de 17 anos, cometeu suicídio após fugir de hospital onde estava em
vigilância suicida. Sinéad ficou devastada, cancelou shows e lutou publicamente
com luto.
Faleceu em 26 de julho de 2023, aos 56 anos,
em Londres. A polícia não tratou como suspeita; em 2024, certidão revelou
causas naturais: exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma
brônquica e infecção respiratória.
Sinéad deixou legado de coragem, voz única e
luta por justiça, inspirando gerações apesar das batalhas pessoais. Seu
ativismo contra abusos foi vindicado pelo tempo, e sua música continua
emocionando milhões.


























