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sábado, novembro 08, 2025

O Massacre de Babi Yar: Um dos Maiores Horrores do Holocausto


 

O massacre de Babi Yar, ocorrido ao longo de dois dias - 29 e 30 de setembro de 1941 -, representa um dos atos de assassinato em massa mais brutais e chocantes do Holocausto.

Localizado em um ravino profundo nos arredores de Kiev, na Ucrânia (então parte da União Soviética ocupada pelos nazistas), Babi Yar era um desfiladeiro natural que se transformou em cenário de horror inimaginável.

Nesse curto período, cerca de 33.771 judeus - homens, mulheres, crianças e idosos - foram sistematicamente executados pelos Einsatzgruppen (unidades móveis de extermínio da SS nazista), com o auxílio de policiais auxiliares ucranianos e colaboradores locais.

Contexto Histórico e os Acontecimentos Iniciais

A invasão alemã à União Soviética, conhecida como Operação Barbarossa, começou em junho de 1941. Kiev caiu nas mãos das forças nazistas em 19 de setembro, após intensos bombardeios que deixaram a cidade em ruínas.

Nos dias seguintes, explosões misteriosas destruíram edifícios no centro da cidade, incluindo quartéis-generais alemães. Os nazistas culparam sabotadores judeus e usaram isso como pretexto para uma "retaliação".

Em 28 de setembro, ordens foram afixadas por toda Kiev, exigindo que todos os judeus se apresentassem no dia seguinte em um ponto de encontro, sob pena de morte.

Muitos acreditaram que se tratava de uma deportação para "trabalho" ou reassentamento, levando pertences pessoais como roupas e documentos. Na manhã de 29 de setembro, milhares de famílias judias marcharam em direção ao ravino, carregando malas e crianças nos braços.

Ao chegarem, foram recebidos por cordões de soldados e policiais. As vítimas eram obrigadas a entregar valores, documentos e roupas em pontos de triagem.

Em seguida, em grupos de dez, eram forçadas a descer até a beira do desfiladeiro, onde se deitavam sobre os corpos das vítimas anteriores - uma técnica macabra para economizar espaço nas valas comuns.

Os executores, posicionados acima, disparavam rajadas de metralhadoras. Crianças eram frequentemente jogadas vivas no ravino ou mortas com tiros na nuca.

O som dos tiros ecoava incessantemente, misturado a gritos e choros. Para abafar o barulho, alto-falantes tocavam música marciais, e caminhões com motores ligados eram posicionados nas proximidades.

A eficiência era aterradora: os Einsatzgruppen C, sob comando do SS-Brigadeführer Otto Rasch e do infame Paul Blobel, coordenavam as operações com precisão industrial.

Relatos de sobreviventes e testemunhas descrevem pilhas de corpos de até dois metros de altura, com sangue escorrendo pelas encostas. No final do segundo dia, o ravino estava repleto de camadas de cadáveres, cobertos com uma fina camada de terra.

Estima-se que, apenas nesses dois dias, 33.771 judeus foram assassinados - o maior massacre único de judeus durante o Holocausto em termos de vítimas em um local específico.

A Continuação das Atrocidades e o Legado

Babi Yar não foi um evento isolado. Nos meses e anos seguintes, o local continuou a ser usado para execuções em massa. Entre 1941 e 1943, estima-se que mais de 100.000 pessoas foram mortas ali, incluindo prisioneiros de guerra soviéticos, ciganos (romani), partisans ucranianos, comunistas, doentes mentais e outros grupos considerados "indesejáveis" pelos nazistas.

Em agosto de 1943, à medida que o Exército Vermelho avançava, os alemães tentaram encobrir os crimes: prisioneiros do campo de concentração de Syretsk foram forçados a exumar e queimar os corpos em piras gigantes, em uma operação conhecida como "Aktion 1005".

Muitos desses prisioneiros foram executados após o trabalho. O massacre só veio à tona publicamente após a libertação de Kiev pelo Exército Vermelho em novembro de 1943.

Inicialmente, o regime soviético minimizou o aspecto antissemita, enquadrando-o como crime contra "cidadãos soviéticos pacíficos" para evitar destacar a perseguição específica aos judeus.

Apenas na década de 1960, com o poema épico "Babi Yar" do escritor soviético Yevgeny Yevtushenko - que denunciava o antissemitismo e o esquecimento -, o evento ganhou maior visibilidade.

A obra inspirou a Sinfonia nº 13 de Dmitri Shostakovich, amplificando o clamor por memória.

Memória e Lições Contemporâneas

Hoje, Babi Yar é um memorial oficial na Ucrânia, com um monumento erguido em 1976 (inicialmente genérico) e um centro de memória mais abrangente inaugurado em 2016, que inclui exposições sobre o Holocausto ucraniano.

O local simboliza não apenas a brutalidade nazista, mas também a colaboração local e o silêncio pós-guerra. Em 2021, no 80º aniversário, eventos internacionais destacaram a importância de combater o negacionismo do Holocausto.

Babi Yar destaca-se pela escala e frieza: em apenas 48 horas, uma comunidade judaica vibrante de Kiev - que contava com cerca de 160.000 pessoas antes da guerra - foi quase aniquilada. Sobreviventes como Dina Pronicheva, que fingiu estar morta e escapou do ravino, forneceram testemunhos cruciais em julgamentos pós-guerra.

Esse episódio reforça a necessidade de vigilância contra o ódio étnico e o totalitarismo, servindo como lembrete de que o Holocausto não foi apenas campos de extermínio, mas também massacres "artesanais" como esse, perpetrados com impunidade em plena luz do dia.

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