Os
burocratas do governo lembram formigas sobre um tronco que desce o rio: cada
uma acredita estar no comando, mas a cachoeira se aproxima - e nenhuma percebe
o perigo iminente.
Essa
metáfora descreve com precisão a ilusão de controle em meio ao caos, onde decisões
míopes e ideológicas substituem o senso de responsabilidade e o planejamento de
longo prazo.
O atual
governo do Partido dos Trabalhadores parece repetir velhos erros com novas
justificativas. Navega sem rumo, impulsionado por correntes partidárias e
convicções doutrinárias, ignorando os sinais evidentes de crise.
Desde o
retorno ao poder em 2023, o país revive uma combinação perigosa de populismo
econômico, gasto público descontrolado e retórica política que mascara
ineficiência.
Panorama Histórico: A Crônica de uma Crise Anunciada
Para
entender o presente, é necessário recuar algumas décadas.
Nos anos
2000, o Brasil viveu um ciclo de otimismo econômico impulsionado pelo boom das
commodities - soja, minério, petróleo. Sob os governos Lula (2003–2010), o país
cresceu, reduziu a pobreza e conquistou prestígio internacional.
Contudo,
grande parte desse progresso foi sustentada por fatores externos e não por
reformas estruturais. A máquina pública se expandiu, o crédito foi
artificialmente estimulado e o Estado se tornou um gigante oneroso.
Com a
chegada de Dilma Rousseff (2011–2016), a política econômica se transformou em
um experimento intervencionista: congelamento de tarifas, manipulação de preços
de combustíveis, controle de juros e desonerações pontuais que corroeram a base
fiscal.
O
resultado foi uma recessão profunda em 2015-2016, com inflação em alta,
desemprego recorde e o país mergulhado em escândalos de corrupção,
especialmente os revelados pela Operação Lava Jato.
O
período 2016–2022 trouxe alternância e tentativas de ajuste: Michel Temer
aprovou o teto de gastos, e Jair Bolsonaro, com Paulo Guedes, buscou reformas
liberais - previdenciária, trabalhista e administrativa.
Contudo,
a pandemia de 2020 exigiu gastos emergenciais massivos, deteriorando novamente
as contas públicas e paralisando reformas. Ainda assim, a inflação foi
controlada em parte do período, e o país mostrou alguma recuperação no
pós-pandemia.
Mas com
o retorno do PT em 2023, muitos viram a história se repetir. O discurso do
“Estado forte” voltou, e com ele, subsídios, programas assistencialistas e
intervencionismo estatal.
A
dívida pública - que já era alta - ultrapassou 77% do PIB em 2025, segundo
dados recentes do Banco Central e do FMI. O déficit primário deve fechar o ano
em torno de 1% do PIB, apesar das promessas de equilíbrio fiscal.
A
inflação ronda 5% ao ano, e o crescimento não ultrapassa 2,3%, insuficiente
para reduzir desigualdades ou gerar empregos sustentáveis.
O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, tornou-se símbolo dessa desorientação: ora promete
austeridade, ora defende aumento de impostos; fala em credibilidade, mas
sustenta políticas que afastam investidores.
É como
a formiga que caiu do tronco, agarrando-se a folhas e galhos, sem perceber que
está sendo arrastada pela correnteza.
O Tronco à Deriva: O Presente em Desagregação
O país
enfrenta infraestrutura precária, educação estagnada e um ambiente de negócios
hostil. As rodovias e portos continuam obsoletos; o Brasil segue na lanterna do
PISA; e a burocracia paralisa o empreendedorismo.
Escândalos
recentes envolvendo estatais, como novas denúncias na Petrobras e nos Correios,
reforçam a sensação de que a ética pública se tornou um discurso vazio.
Enquanto
isso, o real se desvaloriza - chegando a picos de R$ 6 por dólar em momentos de
incerteza - e os investimentos estrangeiros fogem, reduzindo a competitividade
e o potencial de crescimento.
O país
avança perigosamente rumo a uma recessão técnica, com o desemprego em ascensão,
especialmente nos setores industriais e de serviços.
A
geração que hoje chega à vida adulta herda um país mais caro, mais lento e
menos esperançoso - o resultado previsível de décadas de decisões políticas
guiadas por interesses eleitorais e não por visão de futuro.
O Futuro: Antes da Cachoeira
Recuperar
a confiança exigirá reformas profundas, corte de privilégios, modernização do
Estado e foco em produtividade. É preciso um governo que enxergue o rio de
cima, e não apenas o galho à frente.
Enquanto isso, as formigas continuam sobre o tronco - discutindo, discursando, criando narrativas - sem notar que o som da cachoeira já ecoa ao longe. E quando o tronco despencar, será tarde demais para descobrir quem realmente estava no controle.









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