Johnny Weissmuller: O Lendário Tarzan
Johnny
Weissmuller, nascido János Weißmüller, veio ao mundo em 2 de junho de 1904, na
cidade de Timișoara, na região do Banato, então parte do Império Austro-Húngaro
(hoje Romênia).
Filho
de uma família de origem alemã, ele nasceu em Freidorf, hoje um bairro de
Timișoara. Com apenas sete meses de idade, sua família emigrou para os Estados
Unidos em busca de melhores oportunidades, estabelecendo-se inicialmente em
Windber, na Pensilvânia, antes de se mudarem para Chicago.
Essa
mudança marcaria o início de uma trajetória extraordinária, que o transformaria
em um dos maiores atletas e ícones culturais do século XX.
Uma Carreira Esportiva Brilhante
Antes
de conquistar as telas de cinema, Johnny Weissmuller alcançou fama como um dos
maiores nadadores da história. Sua habilidade nas piscinas era incomparável, e
sua carreira esportiva foi repleta de feitos notáveis.
Nos
Jogos Olímpicos de 1924, em Paris, e de 1928, em Amsterdã, ele conquistou cinco
medalhas de ouro, além de uma de bronze no polo aquático.
Durante
sua carreira, Weissmuller estabeleceu 67 recordes mundiais de natação e venceu
52 campeonatos nacionais dos Estados Unidos, números que consolidaram sua
reputação como um fenômeno do esporte.
Seu
estilo de nado crawl, elegante e poderoso, revolucionou a natação competitiva,
e ele foi um dos primeiros atletas a popularizar o esporte nos Estados Unidos.
Sua dedicação e talento nas piscinas abriram portas para oportunidades além do
esporte, incluindo sua entrada no mundo do entretenimento.
O Mito de Tarzan no Cinema
Em
1932, Weissmuller alcançou a imortalidade cultural ao interpretar Tarzan, o
lendário "homem macaco" criado pelo escritor norte-americano Edgar
Rice Burroughs.
O filme
Tarzan, o Homem Macaco (Tarzan the Ape Man) foi um sucesso estrondoso,
transformando o personagem literário em um ícone universal. Com seu físico
atlético, carisma natural e o famoso grito de Tarzan - um som estilizado que se
tornou marca registrada -, Weissmuller personificou o herói da selva como
ninguém.
Entre
1932 e 1948, ele estrelou doze filmes da série Tarzan, produzidos pela Metro-Goldwyn-Mayer
(MGM) e, posteriormente, pela RKO Pictures. Esses filmes, como Tarzan e Sua
Companheira (1934) e O Filho de Tarzan (1936), misturavam aventura, romance e
exotismo, cativando audiências em todo o mundo.
A
química entre Weissmuller e Maureen O'Sullivan, que interpretava Jane, também
contribuiu para o sucesso da franquia. Apesar de críticas à simplificação do
personagem em relação aos livros de Burroughs, a interpretação de Weissmuller
tornou Tarzan sinônimo de heroísmo selvagem e liberdade.
De Tarzan a Jim das Selvas
Após
deixar o papel de Tarzan, Weissmuller encontrou novo sucesso ao interpretar Jim
das Selvas (Jungle Jim), um personagem aventureiro criado para a Columbia
Pictures.
Entre
1948 e 1955, ele estrelou dezesseis filmes de baixo orçamento, cada um com
cerca de 70 minutos. A série, voltada para um público infantojuvenil,
apresentava Weissmuller como um caçador e explorador enfrentando perigos em
selvas exóticas.
Embora
menos prestigiada que a série Tarzan, a franquia foi popular e reforçou sua
imagem como ícone de aventura. Em 1955, Jim das Selvas migrou para a televisão,
com Weissmuller reprisando o papel em 26 episódios de meia hora.
No
entanto, nessa fase, ele já enfrentava desafios físicos: aos 50 anos, o ator
estava visivelmente envelhecido e acima do peso, o que contrastava com a imagem
atlética de seus papéis anteriores. Apesar disso, sua dedicação ao personagem e
seu carisma continuaram a atrair fãs.
O Declínio e os Últimos Anos
O fim
da série Jim das Selvas marcou o declínio da carreira de Weissmuller no
entretenimento. Nos anos seguintes, ele fez apenas participações esporádicas em
dois filmes na década de 1970, em papéis menores que não recuperaram sua antiga
glória.
Fora
das câmeras, ele tentou se reinventar como empreendedor. No final dos anos
1950, mudou-se para Chicago, onde fundou uma empresa de construção de piscinas,
capitalizando sua fama como nadador.
Outros
empreendimentos, muitos ligados à natação ou à marca Tarzan, não alcançaram
grande sucesso. Em 1965, Weissmuller aposentou-se oficialmente, mas sua ligação
com Tarzan permaneceu.
No ano
seguinte, ele se uniu a outros ex-intérpretes do personagem, Jock Mahoney e
James Pierce, em uma campanha publicitária para promover a nova série de TV
Tarzan, estrelada por Ron Ely.
Em
1967, sua imagem foi eternizada na capa do icônico álbum Sgt. Pepper’s Lonely
Hearts Club Band, dos Beatles, um reconhecimento de seu impacto cultural.
Vida Pessoal e Legado
A vida
pessoal de Weissmuller foi tão intensa quanto sua carreira. Ele se casou seis
vezes, com relacionamentos frequentemente marcados por instabilidade.
Sua
sexta esposa, Maria Bauman, foi sua companheira até o fim da vida. Em 1977,
após sofrer uma trombose, Weissmuller mudou-se com Maria para Acapulco, no
México, onde buscava recuperação e um estilo de vida mais tranquilo.
Em 20
de janeiro de 1984, Johnny Weissmuller faleceu em Acapulco, vítima de um edema
pulmonar, aos 79 anos. Ele foi sepultado no Panteón Valle de la Luz, na mesma
cidade.
Sua
morte marcou o fim de uma era, mas seu legado perdura. Como nadador, ele
inspirou gerações de atletas; como Tarzan, ele criou uma imagem indelével que
transcendeu gerações e fronteiras.
Impacto Cultural e Curiosidades
Além de
seu impacto no cinema e no esporte, Weissmuller deixou marcas na cultura
popular. O grito de Tarzan, que ele ajudou a popularizar, foi objeto de lendas:
alguns dizem que era uma combinação de sons gravados, enquanto outros atribuem
a Weissmuller a criação de um grito vocal único.
Em
1980, ele foi homenageado com uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood,
reconhecendo sua contribuição ao entretenimento. Weissmuller também enfrentou
controvérsias.
Durante
sua infância, ele usou o nome de nascimento de seu irmão mais novo, Peter, para
competir como cidadão americano em eventos esportivos, já que sua própria
cidadania ainda não estava consolidada. Essa história, embora pouco discutida
na época, reflete as dificuldades enfrentadas por imigrantes nos Estados Unidos
no início do século XX.
Hoje,
Johnny Weissmuller é lembrado como um símbolo de força, aventura e reinvenção.
Sua jornada, do Banato austro-húngaro às piscinas olímpicas e às selvas
fictícias de Hollywood, é uma história de talento, determinação e resiliência.
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