Aos vinte anos, em 1894, Guglielmo Marconi passou suas
férias com a família nos Alpes. Após retornar, ele se isolou no sótão da Villa
Griffone, a propriedade de seu pai em Pontecchio.
Durante meses, viveu como um eremita, mergulhado nos
primeiros experimentos de telegrafia sem fio, dedicando-se inteiramente à sua
paixão pela ciência emergente das ondas eletromagnéticas.
Marconi encontrou apoio em dois jovens da região, que,
embora nem sempre compreendessem o que ele estava fazendo, compartilhavam de
seu entusiasmo e o defendiam das críticas e do ceticismo de outros moradores
locais.
O momento decisivo veio no verão de 1895. Ele montou
um transmissor perto da janela do sótão e posicionou o receptor a algumas
centenas de metros de distância, em uma pequena colina próxima.
Enquanto Marconi operava o transmissor, um de seus
assistentes, Mignani, segurava o receptor. A comunicação consistia em Marconi
enviar a letra “s” e Mignani sinalizar a recepção bem-sucedida com um lenço
branco.
O verdadeiro desafio, no entanto, era descobrir se as
ondas de rádio podiam superar barreiras físicas, como colinas. Para testar essa
hipótese, Marconi pediu a Mignani que levasse o receptor para o lado oposto da
colina, fora do campo de visão da casa, e aguardasse os sinais. Ele deu
instruções claras:
- Leve o rifle. Vou pressionar o botão três vezes. Se
você ouvir três cliques no receptor, atire.
Mignani seguiu as ordens, levando o equipamento e o
rifle. Enquanto isso, Marconi chamou sua mãe para a sala de criação de
bichos-da-seda, convidando-a a testemunhar o momento que poderia marcar uma
nova era.
Com o coração acelerado, Marconi pressionou o botão
uma, duas, três vezes. O silêncio se prolongou, e o tempo parecia congelado.
Então, o som de um tiro atravessou o ar, ecoando pelo vale e rompendo a tensão.
Naquele instante, a comunicação sem fio se tornava realidade. O mundo estava à beira de uma nova era - a era do wireless, um legado que mudaria a humanidade para sempre.
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