Um juramento ao luar
Agora que o nosso tempo se dissolveu, como orvalho que
o sol da manhã reclama, resta-me acolher o murmúrio suave do meu coração em
lamento. Não é um pranto de revolta, mas de reverência a um amor que, mesmo
impossível, teima em brilhar como brasa sob cinzas.
Sei que não posso te oferecer o que tua alma almeja,
que os caminhos que outrora se cruzaram agora se perdem em horizontes
distintos. Ainda assim, com a força de um sentimento que não se curva ao
destino, faço um juramento silencioso: velarei, em segredo, pela tua
felicidade.
De longe, serei como uma estrela discreta no teu céu -
nunca ousarei perturbar a penumbra da tua noite, mas estarei lá, brilhando com
o desejo de que teus dias transbordem em paz.
Quero que encontres risos que ecoem como sinos em
manhãs de primavera, sonhos que te envolvam como um manto quente, e um amor que
te mereça mais do que eu jamais poderia.
Cada passo que deres, cada vitória que conquistares,
será como uma nota suave em uma melodia que acalmará minha alma, mesmo estando
tão distante.
E, nesse adeus que não pronuncio em voz alta, descubro
uma verdade nova em mim: amar-te me ensinou a colocar tua felicidade acima do
meu próprio querer.
Houve um tempo - tão breve, tão eterno - em que nossos
olhares se encontraram sob o mesmo céu. Lembro-me do vento que dançava entre as
folhas, do rumor do rio que parecia contar nossas histórias, e do calor de uma
promessa que não precisava de palavras.
Mas o tempo, esse tecelão incansável, desfez os fios
que nos uniam, deixando apenas ecos de instantes que guardo como relíquias.
Sob este céu de agora, onde a lua parece ouvir minhas
confissões, percebo que o amor, mesmo perdido, não se extingue. Ele se
transforma. Torna-se uma prece sussurrada nas noites de insônia, uma esperança
que não pede nada em troca, um farol que ilumina sem ser visto.
Se o destino traçou para nós linhas separadas, que eu
possa, ao menos, carregar está certeza como um tesouro: tua alegria será sempre
minha oração mais sincera.
E assim, enquanto o mundo segue seu curso, enquanto as
estações trocam seus mantos e as estrelas renovam suas danças, eu sigo. Não com
amargura, mas com gratidão. Porque, mesmo que o nosso tempo tenha se desfeito,
o que sinto por ti permanece como uma canção que não precisa de fim.
Que tu caminhes leve, que encontres repouso nos braços
de dias gentis, e que, onde quer que estejas, saibas que há uma alma, em algum
canto do universo, que deseja, acima de tudo, teu bem.
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