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quinta-feira, maio 01, 2025

Velarei


Um juramento ao luar

Agora que o nosso tempo se dissolveu, como orvalho que o sol da manhã reclama, resta-me acolher o murmúrio suave do meu coração em lamento. Não é um pranto de revolta, mas de reverência a um amor que, mesmo impossível, teima em brilhar como brasa sob cinzas.

Sei que não posso te oferecer o que tua alma almeja, que os caminhos que outrora se cruzaram agora se perdem em horizontes distintos. Ainda assim, com a força de um sentimento que não se curva ao destino, faço um juramento silencioso: velarei, em segredo, pela tua felicidade.

De longe, serei como uma estrela discreta no teu céu - nunca ousarei perturbar a penumbra da tua noite, mas estarei lá, brilhando com o desejo de que teus dias transbordem em paz.

Quero que encontres risos que ecoem como sinos em manhãs de primavera, sonhos que te envolvam como um manto quente, e um amor que te mereça mais do que eu jamais poderia.

Cada passo que deres, cada vitória que conquistares, será como uma nota suave em uma melodia que acalmará minha alma, mesmo estando tão distante.

E, nesse adeus que não pronuncio em voz alta, descubro uma verdade nova em mim: amar-te me ensinou a colocar tua felicidade acima do meu próprio querer.

Houve um tempo - tão breve, tão eterno - em que nossos olhares se encontraram sob o mesmo céu. Lembro-me do vento que dançava entre as folhas, do rumor do rio que parecia contar nossas histórias, e do calor de uma promessa que não precisava de palavras.

Mas o tempo, esse tecelão incansável, desfez os fios que nos uniam, deixando apenas ecos de instantes que guardo como relíquias.

Sob este céu de agora, onde a lua parece ouvir minhas confissões, percebo que o amor, mesmo perdido, não se extingue. Ele se transforma. Torna-se uma prece sussurrada nas noites de insônia, uma esperança que não pede nada em troca, um farol que ilumina sem ser visto.

Se o destino traçou para nós linhas separadas, que eu possa, ao menos, carregar está certeza como um tesouro: tua alegria será sempre minha oração mais sincera.

E assim, enquanto o mundo segue seu curso, enquanto as estações trocam seus mantos e as estrelas renovam suas danças, eu sigo. Não com amargura, mas com gratidão. Porque, mesmo que o nosso tempo tenha se desfeito, o que sinto por ti permanece como uma canção que não precisa de fim.

Que tu caminhes leve, que encontres repouso nos braços de dias gentis, e que, onde quer que estejas, saibas que há uma alma, em algum canto do universo, que deseja, acima de tudo, teu bem. 

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