Propaganda

segunda-feira, abril 28, 2025

Paradoxos

 

O paradoxo de nosso tempo na história é que erguemos arranha-céus que tocam as nuvens, mas nossa tolerância encolhe a cada dia. Construímos estradas mais largas, que cruzam continentes, mas nossos pontos de vista se estreitam, presos em preconceitos e certezas frágeis.

Gastamos fortunas em busca de conforto, mas acumulamos menos satisfação; compramos incessantemente, mas desfrutamos pouco do que temos.

Nossas casas cresceram, com quartos amplos e paredes lustrosas, mas nossas famílias minguaram, distantes mesmo sob o mesmo teto. Temos mais conveniências - aparelhos que prometem facilitar a vida -, mas o tempo escapa, roubado por agendas lotadas e distrações digitais.

Ostentamos mais diplomas e títulos, mas o sentido da vida nos escapa; acumulamos conhecimento, mas carecemos de sabedoria para usá-lo. Multiplicamos “especialistas”, mas os problemas se avolumam; avançamos na medicina, mas o bem-estar genuíno parece cada vez mais raro.

Nossas posses se multiplicaram, mas nossos valores encolheram. Falamos incessantemente - em mensagens, postagens, reuniões -, mas amamos com timidez e odiamos com facilidade.

Aprendemos a ganhar a vida, a conquistar riquezas e status, mas esquecemos como viver com propósito. Adicionamos anos à existência, com tecnologias e cuidados, mas não vida aos anos, que passam sem brilho ou significado.

Chegamos à Lua, desbravamos o cosmos, mas hesitamos em cruzar a rua para conhecer o vizinho. Conquistamos o espaço sideral, mas o espaço interior - aquele onde residem nossas emoções, dúvidas e sonhos - permanece inexplorado.

Limpamos o ar, lutamos pelo planeta, mas nossas almas seguem poluídas por rancores, medos e preconceitos que resistem ao tempo. Desvendamos o átomo, mas não os muros que erguemos entre nós.

Vivemos tempos de abundância em quantidade, mas de escassez em qualidade. Temos homens e mulheres de estatura imponente, mas caráter muitas vezes frágil; lucros exorbitantes, mas relações superficiais.

Pregamos a paz mundial, enquanto guerras silenciosas - de palavras, de silêncios, de indiferença - devastam lares. Temos mais ócio, mas menos alegria; prateleiras cheias de alimentos, mas corpos e almas subnutridos.

São dias de duplos salários, mas divórcios em alta; de mansões reluzentes, mas lares despedaçados. É uma era de vitrines repletas, exibindo promessas de felicidade, mas depósitos vazios de esperança e conexão.

A tecnologia nos permite enviar esta mensagem a você, atravessando distâncias em segundos, mas também nos dá a escolha: refletir sobre essas palavras e buscar mudança ou, com um simples clique, apagá-las da tela - e da consciência.

E, ainda assim, há esperança. O paradoxo não é uma sentença, mas um convite. Podemos construir pontes em vez de muros, cultivar empatia em vez de ódio, priorizar o que realmente importa: as relações, o propósito, a paz interior.

Podemos escolher viver com menos pressa e mais presença, com menos posses e mais valores. O futuro não está escrito; ele é moldado por nossas ações hoje.

Que tal começar agora, com um pequeno gesto de coragem, para mudar o rumo dessa história?

0 Comentários: