Não
é quem sente sua falta às duas da manhã, perdido na escuridão do quarto,
lutando contra o vazio do silêncio e a inquietude da insônia. Esse tipo de
saudade é quase inevitável - a solidão amplifica qualquer ausência, faz o
coração apertar com memórias que dançam na penumbra.
O
verdadeiro vazio, porém, é aquele que surge às três da tarde, em um instante
qualquer de leveza. É quando você está entre amigos, no calor de risadas
soltas, com o sol brilhando lá fora, e, de repente, um pensamento atravessa a
multidão de vozes: “Queria que você estivesse aqui.”
É
uma pausa silenciosa no meio do barulho, um espaço que só aquela pessoa poderia
preencher. Não é a carência que fala nesses momentos; é a presença de uma
conexão tão forte que ela se faz sentir mesmo quando tudo parece completo.
Porque
sentir falta na solidão é humano, é fácil. Qualquer um já se pegou remoendo
memórias em noites longas, quando o mundo está quieto e a mente, inquieta.
Mas
lembrar de alguém quando a vida está leve, quando o coração está cheio de
alegria, e mesmo assim perceber que aquela pessoa tornaria tudo ainda mais
especial - isso é raro. Isso é o que separa o efêmero do eterno, o apego
passageiro do laço que resiste ao tempo.
Essa
saudade não nasce apenas de momentos compartilhados, mas de uma história viva,
tecida em instantes que marcaram a alma. É o eco de uma conversa que durou até
o amanhecer, de um olhar que disse mais do que palavras, de silêncios
confortáveis que só existem entre quem se entende.
É
a memória de alguém que, mesmo estando tão longe, ainda faz parte do seu
presente, como se a distância fosse apenas um detalhe.
E
quando essa ausência pesa, não é só sobre o que foi perdido. É sobre o que
ainda poderia ser: as risadas que vocês dariam juntos, as histórias que
contariam, os sonhos que compartilhariam.
É
a certeza de que, em algum canto do mundo, essa pessoa também pode estar, às
três da tarde, sentindo o mesmo vazio, pensando em você no meio de um momento
perfeito que, sem você, parece incompleto.
Isso não é carência. Isso é conexão. Isso é o que faz a vida pulsar com sentido. Porque, no fim, são essas pessoas - as que nos faltam mesmo quando tudo está bem - que nos lembram o que realmente importa.
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