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sexta-feira, maio 02, 2025

Saudade que transcende a solidão


 

Não é quem sente sua falta às duas da manhã, perdido na escuridão do quarto, lutando contra o vazio do silêncio e a inquietude da insônia. Esse tipo de saudade é quase inevitável - a solidão amplifica qualquer ausência, faz o coração apertar com memórias que dançam na penumbra.

O verdadeiro vazio, porém, é aquele que surge às três da tarde, em um instante qualquer de leveza. É quando você está entre amigos, no calor de risadas soltas, com o sol brilhando lá fora, e, de repente, um pensamento atravessa a multidão de vozes: “Queria que você estivesse aqui.”

É uma pausa silenciosa no meio do barulho, um espaço que só aquela pessoa poderia preencher. Não é a carência que fala nesses momentos; é a presença de uma conexão tão forte que ela se faz sentir mesmo quando tudo parece completo.

Porque sentir falta na solidão é humano, é fácil. Qualquer um já se pegou remoendo memórias em noites longas, quando o mundo está quieto e a mente, inquieta.

Mas lembrar de alguém quando a vida está leve, quando o coração está cheio de alegria, e mesmo assim perceber que aquela pessoa tornaria tudo ainda mais especial - isso é raro. Isso é o que separa o efêmero do eterno, o apego passageiro do laço que resiste ao tempo.

Essa saudade não nasce apenas de momentos compartilhados, mas de uma história viva, tecida em instantes que marcaram a alma. É o eco de uma conversa que durou até o amanhecer, de um olhar que disse mais do que palavras, de silêncios confortáveis que só existem entre quem se entende.

É a memória de alguém que, mesmo estando tão longe, ainda faz parte do seu presente, como se a distância fosse apenas um detalhe.

E quando essa ausência pesa, não é só sobre o que foi perdido. É sobre o que ainda poderia ser: as risadas que vocês dariam juntos, as histórias que contariam, os sonhos que compartilhariam.

É a certeza de que, em algum canto do mundo, essa pessoa também pode estar, às três da tarde, sentindo o mesmo vazio, pensando em você no meio de um momento perfeito que, sem você, parece incompleto.

Isso não é carência. Isso é conexão. Isso é o que faz a vida pulsar com sentido. Porque, no fim, são essas pessoas - as que nos faltam mesmo quando tudo está bem - que nos lembram o que realmente importa.

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