Ronald Pierce Ely é
um ator norte americano mais conhecido por ter vivido Tarzan na série de TV na
década de 1960. Nascido em Hereford, Texas no dia 21 de julho de 1938.
Na década de 1950,
estudou na Universidade de Austin, Texas. Desejando ser ator, fez pontas em
alguns dos grandes filmes de Hollywood, como "The Remarkable Mr.
Pennypacker", estrelado por Clifton Webb, notório homossexual de
Hollywood, que tentou seduzir o iniciante ator.
Quando Cliffton
comprou duas entradas para ele e Ely assistirem a peça "Nude with
Violin", com Noel Cowar Webb perguntou a Ron o que tinha achado da peça,
que respondeu: "Achei boa, mas aquele tal de Coward…como vou dizer…"
fazendo um gesto de desmunheca.
O veterano ator
ficou furioso e tentou boicotar Ely de Hollywood. Na verdade, ele nunca atingiu
um status de grande astro, fazendo participações em alguns filmes para o
cinema e em séries de televisão também.
Em 1960, Ely foi
escalado no elenco de uma série de tevê da CBS, chamada "The
Aquanauts" (1960/61), que não se confunde com a série "Sea Hunt"
("Aventura Submarina"), também estrelada por Ely em 1987 (Sea Hunt
foi uma versão moderna da série de mesmo nome, anos antes estrelada por Lloyd
Bridges entre 1957 e 1961).
"The
Aquanauts" foi cancelada após uma única temporada, mas sem desanimar, o
ator continuou perseguindo o reconhecimento profissional em vários outros
filmes. Sua maior oportunidade ainda estaria por vir no ano de 1966, quando foi
escalado no papel principal de Tarzan, na série de tevê de mesmo nome.
Tarzan e o estrelato
Foi o 15º ator a
interpretar Tarzan nas telas (no caso, na Televisão). Sy Weintraub, planejou
inicialmente a série televisiva para Mike Henry, depois dos três filmes que
produziu com ele para o cinema, mas devido a problemas internos entre o ator e
o produtor, Henry se desligou do personagem e dos planos da série de TV.
Porém, Weintraub já
notara um jovem ator texano de 28 anos e 1m93 de altura, de fluente cultura, e
que já lera muitos dos romances de Tarzan escritos por Edgar Rice Borroughs.
Este jovem era Ron Ely.
Para surpresa de Sy
Weintraub, o jovem Ron conhecia detalhes dos livros de Burroughs sobre Tarzan,
e por isto adotou uma caracterização mais acadêmica do personagem do que feita
pelos atores anteriores.
Na série de TV,
Earl Greystoke, ainda bebê, fica órfão depois que seus pais americanos morrem
em um acidente de aeroplano no continente africano. Achado e criado pelos
grandes macacos, o menino recebe o nome de Tarzan, que significa "Pele
Branca".
Não muito tempo
depois, o jovem Earl é resgatado pelos parentes e levado para os Estados
Unidos, onde recebe educação e entra para a Universidade, tornando-se um
fenômeno dos esportes, inclusive no Katatê, esporte que ele domina.
Decepcionado com a
civilização, Earl volta para a Selva Africana, tornando-se novamente Tarzan. Apesar
de algumas diferenças entre a caracterização de Ely com o personagem original
de Burroughs, a atuação de Ron é tida como a mais próxima do personagem
descrito por Burroughs, embora ele não se beneficie da personagem Jane, sua
esposa, abordada nos filmes de Johnny Weissmuller, Lex Barker e Gondon Scott.
Ao invés disso,
Tarzan cuida de um menino, também órfão, de nome Jay, interpretado por Manuel
Padilla Junior. Nos livros, Tarzan jamais frequentaria uma Universidade, mas tinha
o dom de aprender as coisas com facilidade.
Aprende várias
línguas ocidentais, aprende a dirigir carros e a pilotar aviões, e várias
técnicas de lutas, e também é um homem viajado. Outra diferença do Tarzan da
série de TV e dos livros originais, é que Ely é louro, não correspondendo a
descrição física do Homem – Macaco nos romances de Edgar - a de um
"gigante branco de cabelos negros, e 6 pés de altura e 6 polegadas",
ou seja, cerca de 1m93, a mesma altura de Ron.
Como nos três
filmes estrelados por Mike Henry, Weintraub rodou os episódios de sua série com
Ely no Brasil e no México, sem os incidentes anteriores que causaram o
afastamento de Henry.
No entanto,
terminantemente, recusou usar dublês para suas cenas de perigo (que
incluíam balançar em cipós, lutar com feras e rolar em penhascos, locomoção, e
travessias de pântanos utilizando-se apenas de cipós, pulos e mergulhos de
altíssimas cachoeiras), e frequentemente saía ferido ou com alguma fratura.
Estas cenas de ação
e aventura de Ron exigiam demais de seu físico avantajado. As situações de
perigo eram gravadas como se o ator tivesse com o corpo tomado, possesso por
alguma força inimaginável e jamais vista.
Muitas vezes ele
atuava sentindo terríveis dores, quase que insuportáveis, advindas das consequências
dos momentos de tensão e de ação exigidos pelos diretores. Mas nunca deixou de
asseverar: "Tarzan é o papel que venho esperando a minha vida toda".
O diretor James
Komack, que dirigiu alguns episódios da série, numa entrevista dada para a
revista TV Guide, disse certa vez ter ouvido de Ron Ely a seguinte frase:
"Essa é a minha grande chance. Eu nunca tive um papel de destaque. Eu
nunca estive numa série de qualidade.
É uma boa sensação,
tão boa que, de certo modo, custo muito a acreditar que me machucarei
seriamente". A palavra "seriamente" era utilizada de forma muito
subjetiva por Ron Ely.
Na verdade,
frequentes suturas múltiplas, costumeiros pontos no corpo todo, ossos quebrados
constantemente e músculos repetidas vezes distendidos era o que mais se via no
ator. Não só para mim, mas para qualquer pessoa em sã consciência, tais
consequências podem traduzir realmente graves ferimentos e terríveis machucados.
E essa não foi uma
observação isolada do diretor. Uma outra observação no mesmo sentido também
veio do próprio Ron Ely. "Se é algo que eu sinto que posso fazer, eu devo
fazer sozinho", disse Ely. "Não é bom vender algo que não seja
verdade. Eu quero fazer com que o telespectador acredite que eu sou
Tarzan".
E Ron Ely realmente
convenceu, não obstante as escoriações, os hematomas, os tombos, as fraturas,
os cortes, os machucados e os inúmeros riscos à sua integridade física e à
própria vida. Um ator extremamente profissional, preocupado com o respeito e a
opinião de seus fãs e dos envolvidos nas filmagens.
A série encerrou
com 57 episódios e 2 temporadas produzidas. Sobre Tarzan, Ely citou certa vez:
"Ler sempre as histórias originais de Tarzan, pois elas são bonitas e
fascinantes. Sobre um homem educado que retorna ao ambiente que conhece melhor…
a selva.
Lá, procura a
verdade, a honra, e a humanidade perdida do homem pelo homem. Este Tarzan é o
papel que venho esperando toda minha vida."
Trabalhos posteriores
Com encerramento da
série, Ely fez participações especiais em outras séries para a Televisão, como
Mulher Maravilha, estrelado por Linda Carter, e "A Ilha da Fantasia",
estrelado por Ricardo Montalban, ambos da década de 1970.
Em 1975, fez um
piloto para um projeto de séries de TV intitulado "Doc Savage, o Homem de
Bronze" encarnando o personagem título das revistas pulp e das
histórias de quadrinhos criado nos anos de 1930, contudo, o projeto foi
cancelado, sobrando apenas o piloto, exibido como um longa-metragem.
Em 1987, Ely foi
escalado para reviver o mergulhador Mike Nelson, personagem vivido na TV por
Lloyd Bridges na nova versão da série televisiva "Aventura
Submarina"/"Sea Hunt", mas o programa não deu certo, e depois de
produzidos poucos episódios, foi cancelado.
Posteriormente,
ganhou renome como escritor de livros de mistérios, inspirados até mesmo pela
literatura de Edgar Rice Burroughs que ele tanto cultivara, e desde então
vem publicando seus livros nos Estados Unidos.
Vida pessoal
Em 1984, casou com
Valerie Lundeen (Valerie Lundeen Ely), modelo e Miss Airlines Internacional de
1980, Miss Miami e Miss Flórida de 1981, e tiveram três filhos, as
gêmeas Kirsten e Kaitland e Cameron Ely, que nasceu em 1989.
Na noite de 15 de
outubro de 2019, Cameron Ely matou a sua mãe a facadas, Valerie Ely, e foi
morto a tiros pela polícia com 24 disparos efetuados por diversos policiais.
Em 2020, o ator
abriu um processo de homicídio culposo e danos, contra a polícia de Santa
Bárbara, na Califórnia, cidade onde mora e local da ocorrência policial que
resultou na morte do seu filho.