Anne Frank sonhava em ser escritora ou Jornalista
Anne Frank - Vítima do Campo
de Concentração de Bergen-Belsen - No dia 14 de junho de 1942, Anne
Frank começou a escrever regularmente no seu diário, que havia
recebido de presente dois dias antes, ao completar 13 anos. No livro,
documentaria o tempo que passou escondido dos nazistas.
"Espero poder contar tudo
a você, como nunca pude contar a ninguém, e espero que você seja uma grande
fonte de conforto e ajuda."
O diário de Annelies
Frank, um caderno de capa quadriculada nas cores vermelho, laranja e cinza,
tornou-se um dos símbolos do martírio judeu durante o regime de Hitler. Hoje,
está entre os mais conhecidos do mundo e já foi transformado em filme e
traduzido para 55 idiomas.
Annelies,
chamada pelos pais de Anne, nasceu a 12 de junho de 1929 em Frankfurt,
filha do comerciante judeu Otto Frank. Em 1933, após a ascensão dos
nazistas ao poder na Alemanha, emigrou com a família
para Amsterdã, na Holanda.
Ela começou a escrever
regularmente no seu diário a partir de 14 de junho de 1942. Em princípio, o
tema era a Holanda ocupada pelos nazistas, que tornavam a
situação dos judeus cada vez mais insuportável.
Algumas semanas depois, ela
começou a narrar ao diário, que considerava fiel amigo e confidente, o
cotidiano no esconderijo, um anexo nos fundos da firma do pai.
Angústia no
esconderijo
Junto com os pais e a irmã
de Anne, escondiam-se ali mais quatro pessoas do envio certo ao
campo de concentração. Foram 25 meses de necessidades e medo de ser descoberto
a qualquer momento.
"Sem Deus eu já teria
sucumbido. Eu sei que não tenho segurança, tenho medo das celas e do campo de
concentração, mas sinto que criei mais coragem e estou nos braços de
Deus."
O "mergulho" (como
se chamava a passagem de judeus para a existência na ilegalidade) já estava
sendo planejada há muito tempo por Otto Frank e alguns dos
seus funcionários, Miep Gies, Johannes Kleiman, Victor Krugler e Bep
Voskuijl.
Durante dois anos, estas
pessoas protegeram e alimentaram a família Frank, os Van
Pels e Fritz Pfeffer. A tensão no anexo era enorme. Qualquer pequeno
descuido poderia traí-los e levá-los à morte.
Durante o dia, só se podia
andar de cócoras e sussurrar. Durante a noite, todos os cuidados eram
necessários para que a vizinhança não suspeitasse que ali havia oito judeus
escondidos.
Vida em silêncio
absoluto
Surpreendendo pela sua
maturidade, apesar dos 14 anos, Anne descreveu seu cotidiano
com pormenores: a preocupação diária com a possível falta de comida, em certos
momentos mesmo a fome, mas acima de tudo o horror de serem descobertos.
Miep Gies, uma
das pessoas que mais ajudou os Frank nesta época, lembra que
com frequência visitava os clandestinos, levando notícias e conforto:
"Eles não podiam fazer barulho para não serem descobertos, o que
significava não puxar a descarga no banheiro, andar descalço, ficar
sentado..."
Curiosamente, Anne nunca
perdeu a esperança e a alegria de viver. Acreditou sempre que as coisas iriam
melhorar e fazia projetos para quando chegasse a liberdade. Sonhava com o
retorno à escola e queria tornar-se escritora.
Com este propósito, em 1944
começou a rescrever o começo do diário, para uma futura publicação. As
narrações eram dirigidas a uma amiga fictícia, a quem deu um nome.
"Querida Kitty, imagine
que interessante seria se eu escrevesse um romance aqui na casa dos fundos.
Pelo título, as pessoas pensariam tratar-se de um caso de detetive. Mas,
falando sério, cerca de dez anos depois do fim da guerra, vai parecer esquisito
quando se disser como nós judeus vivemos, comemos e conversamos aqui. Não quero
ter vivido inutilmente, como a maioria das pessoas. Quero continuar vivendo,
mesmo depois da minha morte. "
Ninguém no esconderijo tinha
conhecimento desta faceta na vida de Anne, nem sabiam do
diário. Mep Gies, que evitou que o caderno caísse nas mãos da Gestapo, entregou
o diário, sem lê-lo, ao pai de Anne, o único da família que
sobreviveu, e que acabou publicando a obra, intitulada O Diário de Anne
Frank.
O próprio pai, grande amigo e
confidente de Anne, ficou surpreendido com as narrações. O sonho de
tornar-se conhecida acabou se concretizando, só que ela não conseguiu desfrutá-lo.
No dia 4 de agosto, os "mergulhados" foram presos pela Gestapo. Anne e a irmã, Margot, morreram de tifo em março de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen, perto de Hanôver.
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