Campo Gulag era um sistema de campos de trabalhos
forçados para criminosos, presos políticos e qualquer cidadão em
geral que se opusesse ao regime na União Soviética (todavia, a grande
maioria era de presos políticos; no campo Gulag de Kengir, em junho
de 1954, existiam 650 presos comuns e 5200 presos políticos).
Antes da Revolução, o Gulag chamava-se Katorga, e aplicava exatamente a mesma coisa: pena privativa de liberdade, pena de trabalhos forçados e pena de morte.
Os bolcheviques continuaram a tradição
autocrática-imperial russa em uma escala dezenas de vezes maior e
em condições muito piores, nas quais até o canibalismo existiu.
A criminalização da dissidência política era regra tanto na antiga União Soviética quanto no Império Russo Czarista (que também criminalizava heresias religiosas).
Além de presos políticos, havia presos
condenados por vadiagem, furto, roubo, agressão, homicídio e estupro.
Finalmente, a antiga União Soviética passou por guerras
internas e externas, assim como o Império Russo, então uma parte desses
presidiários eram prisioneiros de guerra.
O sistema funcionou de 25 de abril de 1930 até 1960.
Foram aprisionadas milhões de
pessoas, muitas delas vítimas das perseguições de Stalin, as consideradas
"pessoas infames", para a chamada "Pátria Mãe" (a União das
Republicas Socialistas Soviéticas), e que deveriam passar por "trabalhos
forçados educacionais" e merecerem viver na chamada "Pátria Mãe".
O Gulag tornou-se um símbolo da repressão da ditadura
de Stalin. Na verdade, as condições de trabalho nos campos eram bastante
penosas e incluíam fome, frio, trabalho intensivo de características próprias
da escravatura (por exemplo, horário de trabalho excessivo) e guardiões
desumanos.
Floresceram
durante o regime chamados pelos historiadores de stalinista da URSS,
estendendo-se a regiões como a Sibéria e a Ucrânia, por exemplo, e
destinavam-se, na verdade, a silenciar e torturar opositores ao regime,
incluindo entre eles anarquistas, trotskistas e outros marxistas.
A Coreia do Norte, considerada um dos últimos Estados comunistas, ainda mantém disfarçados "campos de trabalhos forçados" muito semelhantes no sentido de tratamento "educacional" e "adoecimento" (pela loucura), muitas vezes chamados também de gulags.
Norte-coreanos
como Shin Dong-hyuk, único prisioneiro nascido num campo de trabalhos forçados do
país que conseguiu fugir, tem denunciado violações aos direitos humanos ali
praticados.
Número de prisioneiros
O número de presos cresceu gradualmente a partir de 1930 (179.000) para 1934 (510.307), quando cresceu mais rapidamente em 1938 relacionado a expurgos (1.881.570), e, em seguida, diminuiu durante a Segunda Guerra Mundial por causa de recrutamento para o Exército Vermelho (1.179.819 em 1944).
Em 1945 voltou a crescer até 1950, atingindo um valor máximo (cerca
de 2.500.000), que se manteve praticamente constante até 1953.
Os fluxos de entrada e saída dos campos era muito substancial, o número total de detentos entre 1929 e 1953 é de cerca de 18 milhões.
Como parte do mais amplo
"trabalho duro", se deve adicionar cerca de 4 milhões de prisioneiros
de guerra, e pelo menos 6 milhões de "especiais", ou seja, de
camponeses que foram deportados durante a coletivização, para um total de
28.000.000.
O número de mortes ainda está sob investigação, um
valor provisório é de 2.749.163. Este número não leva em conta as
execuções relacionadas com o sistema judicial (as execuções apenas por razões
políticas são de 786.098).
Segundo dados soviéticos morreram no gulag
1 053 829 pessoas entre 1934 e 1953, excluindo mortos em colônias de
trabalho.
Os campos recebiam também prisioneiros de outras
nacionalidades, incluindo cidadãos americanos. Em 1931, a Amtorg Trading
Corporation (primeira representação comercial soviética nos estados
Unidos) recrutou milhares de trabalhadores americanos, que sofriam as
consequências da Grande Depressão, atraindo-os com promessas de boas condições
de trabalho.
Estes
trabalhadores, que contribuíram para o desenvolvimento indústria da URSS, eram
dispensados quando não mais necessários e poucos conseguiram retornar aos EUA. Muitos,
foram enviados aos Gulags, permanecendo detidos ali por anos.
O telefilme de
1982 Coming Out of the ice (pt. Atrás da Cortina de Gelo), baseado
no livro homônimo, dramatiza a vida de Victor Herman, paraquedista
estadunidense que passou 18 anos detido na Sibéria por recusar-se a
adotar a nacionalidade soviética após bater o recorde de salto em queda
livre.
Segundo Werh Nicolas, um historiador francês do Centre
National de la Recherche Scientifique, em Paris, no livro "História da
Rússia no século XX" nas páginas 318-9 se lê textualmente: "As
estimativas do número de presos no Gulag no final dos anos trinta variam entre
3.000.000 (Timasheff, Bergson, Wheatcroft) e de 9 a 10.000.000 (Dallin, Conquest,
Avtorkhanov, Rosefielde, Solzhenitsyn).
Os arquivos do
Gulag, confirmados pelos dados dos censos de 1937 e 1939, em documentos dos
Ministérios da Justiça, do Interior e da Procuradoria Geral, dão um valor de
cerca de 2.000.000 prisioneiros em 1940 (cerca de 300.000 em 1932, e de
1.200.000, no início de 1937).
O número acumulado de entradas no Gulag durante os anos 30 tendo em conta a alta rotatividade dos detentos é cerca de 6.000.000 pessoas.
"No mesmo livro na página 416, lemos: "Como evidenciado
pelos arquivos do Gulag, recentemente exumados, nos anos 1945-53 houve um forte
aumento no número de prisioneiros nos campos de trabalho Gulag (passando de
1.200. 000 para 2.500.000 entre 1944 e 1953) e o número de deportados
"especiais" de 1.700.000 em 1943, para 2.700.000 em 1953.
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