Não entendo porque aquele
que tem sede, não grita: “Estou com sede”. A mesma coisa acontece com aquele
que tem fome, por que não grita “Estou faminto”!?
Por que só se preocupam
quando falta luz e não se consegue assistir televisão? Por que não se grita:
estou perdido, não sei para onde ir? Por que sufocamos os nossos gritos?
É para não incomodar os
vizinhos? Por que buscamos a rima fácil e jamais o poema selvagem? Por que
deixamos a doença se alastrar, sem gritar: “queremos ser curados!?
Por que vivemos calados? Por
que é bonito ser taciturno? Por que quem se desprende do rebanho é alvejado?
Por que cultuamos tudo que
é covarde, tudo que é ídolo falso, tudo que morre sem alarde? Eu grito porque
machuca!
Além de ser violentado eu
ainda tenho que ficar calado?
Podem me xingar, podem
tentar me calar, mas sei que na minha lápide vai brilhar: “Viveu, gritou,
gemeu. Jamais foi covarde!”
Esperou pelas estrelas caírem do céu e como não caíram, abriu fuzilaria com as palavras até todo céu vir abaixo!... (Paulo Mohyloviski)
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