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terça-feira, setembro 10, 2024

A Montanha Tianmen


 

A Montanha Tianmen, localizada na província de Hunan, na China, é considerada uma das montanhas mais belas e místicas do mundo, famosa pelo seu impressionante arco natural, conhecido como "Portão do Céu".

Situada próximo à cidade de Zhangjiajie, essa formação geológica atrai milhões de visitantes anualmente, fascinados por sua beleza cênica, significado espiritual e façanhas humanas que marcaram sua história.

Como Chegar ao Cume

Do centro de Zhangjiajie até o topo da Montanha Tianmen, os visitantes têm três opções principais: um teleférico de tirar o fôlego, uma estrada sinuosa ou a desafiadora escadaria de 999 degraus.

O teleférico, conhecido como o mais longo entre montanhas altas do mundo, cobre uma distância de aproximadamente 7,4 km, conectando o centro da cidade ao pico, onde se encontra o chamado "Jardim Suspenso".

Durante o trajeto, os passageiros desfrutam de vistas panorâmicas dos penhascos verdejantes, vales profundos e formações rochosas únicas que caracterizam o Parque Nacional Florestal de Zhangjiajie, Patrimônio Mundial da UNESCO.

Para os que preferem uma experiência terrestre, a Estrada do Céu (ou Tongtian Avenue) oferece uma alternativa emocionante. Essa estrada de 11 km, com 99 curvas fechadas, é uma das rotas mais desafiadoras do mundo.

O número 99 não é coincidência: na cultura chinesa, o número 9 está associado à eternidade e à conexão entre o humano e o divino, reforçando o caráter sagrado da montanha.

A estrada serpenteia por penhascos íngremes, exigindo habilidade dos motoristas e coragem dos passageiros, enquanto proporciona vistas deslumbrantes.

Para os mais aventureiros, a escadaria de 999 degraus, apelidada de "Stairway to Heaven" (Escadaria para o Céu), é um teste de resistência física e espiritual.

Cada degrau leva os visitantes mais perto do arco natural, situado a 1.519 metros acima do nível do mar, e a jornada é vista por muitos como uma peregrinação.

O Portão do Céu

No cume da montanha, o "Portão do Céu" é o destaque principal. Este arco natural, formado há cerca de 1.700 anos, no século III, quando parte do penhasco desmoronou, é uma maravilha geológica.

Com 131 metros de altura, 57 metros de largura e 60 metros de profundidade, o arco é envolto em lendas que o consideram um portal entre o mundo terreno e o celestial.

A névoa que frequentemente envolve o arco, especialmente após chuvas, reforça sua aura mística, atraindo peregrinos e turistas em busca de conexão espiritual ou simplesmente de uma vista inesquecível.




História e Significado Cultural

Até o século III, a Montanha Tianmen era um local relativamente comum. O colapso que formou o arco natural marcou um turning point em sua história, transformando-a em um símbolo de divindade.

Registros históricos da Dinastia Wu (263 d.C.) relatam que o desmoronamento foi interpretado como um sinal celestial, consolidando a reputação de Tianmen como montanha sagrada.

O Templo Tianmen, localizado próximo ao arco, é um ponto de peregrinação para budistas e taoístas, que acreditam que a montanha é um lugar de energia espiritual poderosa.

Feitos Históricos e Modernos

A Montanha Tianmen ganhou notoriedade mundial em 1999, quando um grupo de pilotos realizou um feito ousado: atravessar o arco do Portão do Céu em aviões, marcando a primeira vez que tal manobra foi realizada em uma montanha.

O evento, televisionado globalmente, garantiu à montanha um lugar no Livro dos Recordes Guinness e consolidou sua fama como um destino de aventuras extremas.

Além disso, a montanha tem sido palco de outros eventos notáveis. Em 2011, o equilibrista americano Nik Wallenda atravessou o arco caminhando sobre uma corda bamba, em um espetáculo que atraiu atenção internacional.

Mais recentemente, a montanha serviu como cenário para competições de wingsuit (esporte em que atletas "voam" usando trajes especiais), com participantes cruzando o arco em alta velocidade, desafiando os limites da gravidade e da coragem humana.

Atrações Adicionais e Curiosidades

Além do Portão do Céu, a Montanha Tianmen oferece outras atrações que encantam os visitantes. O "Caminho de Vidro" (ou Glass Skywalk), uma passarela de vidro suspensa a mais de 1.400 metros de altura, proporciona uma experiência vertiginosa, permitindo que os visitantes caminhem sobre o vazio com vistas do abismo abaixo.

Inaugurado em 2016, o skywalk é uma prova da engenhosidade moderna e da capacidade de Tianmen de combinar natureza e inovação. Outra curiosidade é a presença de uma caverna sagrada, a Caverna Tianmen, acessível por trilhas próximas ao arco. Segundo a tradição, a caverna é um local de meditação e oferendas, onde os visitantes deixam incensos e orações.

Impacto Turístico e Preservação

A popularidade da Montanha Tianmen trouxe benefícios econômicos para Zhangjiajie, mas também desafios relacionados à preservação ambiental. As autoridades locais implementaram medidas para limitar o impacto do turismo, como restringir o número de visitantes diários e promover práticas sustentáveis.

Apesar disso, a montanha continua sendo um destino acessível, com infraestrutura bem desenvolvida para receber viajantes de todo o mundo.

Conclusão

A Montanha Tianmen é mais do que uma maravilha natural; é um símbolo de espiritualidade, aventura e resiliência humana. Seja pela jornada no teleférico, pela adrenalina da Estrada do Céu, pela peregrinação pelos 999 degraus ou pelas façanhas que marcaram sua história, Tianmen continua a inspirar e surpreender.

Para aqueles que buscam beleza natural, significado cultural ou emoções extremas, a Montanha Tianmen é, sem dúvida, um destino que transcende o comum, conectando o humano ao divino.


Eu me despeço


 

Despedida e Canto à Pátria

Eu me despeço, mas não para sempre. Volto à minha casa, aos refúgios dos meus sonhos, onde a alma descansa e se reconcilia. Volto à Patagônia, onde o vento açoita os estábulos com sua fúria indomada e salpica de espuma fresca as ondas rebeldes do Oceano Pacífico.

Ali, o céu é um manto de estrelas cortado por nuvens velozes, e a terra respira sob o peso de geleiras milenares. Sou nada mais que um poeta: um coração que pulsa com o mundo, que ama a todos, que vagueia errante por estradas de poeira e esperança.

Amo o mundo em sua inteireza, com suas dores e alegrias, suas montanhas e seus vales. Em minha pátria, porém, há sombras: prendem-se os mineiros nas entranhas da terra, onde o cobre sangra para sustentar nações distantes.

Os soldados, com suas botas pesadas, pisam sobre os sonhos, mandando mais que os juízes, enquanto a justiça se curva sob o peso da opressão. Ainda assim, amo até as raízes mais profundas do meu pequeno país frio.

Amo o cheiro úmido da araucária selvagem, o rugido do vendaval que desce do Sul, carregando ecos de antigas batalhas dos mapuches, que resistiram com lanças e coragem contra o invasor.

Amo as campanas recém-compradas, que tocam nas vilas perdidas, anunciando a vida simples, o pão quente, a roda de mate compartilhada ao entardecer.

Se mil vezes eu tivesse que morrer, que seja ali, entre as cordilheiras que cortam o céu, onde o condor voa livre e o horizonte não tem fim. Se mil vezes eu tivesse que nascer, que seja ali, sob o olhar vigilante do vulcão Villarrica, entre os lagos que refletem o azul de um tempo sem mácula.

Que ninguém pense em mim, poeta passageiro. Pensemos, isso sim, em toda a terra, em suas gentes humildes que golpeiam a mesa com amor e exigem justiça.

Não quero que o sangue volte a manchar o pão que sustenta, os feijões que nutrem, a música que consola.

Quero que venha comigo o mineiro, com sua pele marcada pela poeira do deserto; a criança, com seus olhos cheios de futuro; o advogado, que luta com palavras afiadas; o marinheiro, que enfrenta as tormentas do mar; e o fabricante de bonecas, que tece sonhos com mãos calejadas.

Que entremos juntos no cinema, onde as histórias nos unem, e que bebamos o vinho mais tinto, aquele que aquece o peito e faz brotar canções. Eu não vim para resolver o mundo, com suas feridas abertas. Vim para cantar, para erguer a voz como o vento da Patagônia, e quero que cantes comigo. Que nossas vozes se unam, cruzem montanhas e oceanos, e cheguem aos corações que ainda acreditam na beleza de sermos um.

“O vínculo com a terra natal de Pablo Neruda. Menciona o cobre, um elemento central na economia e na história chilena, e os conflitos sociais, que ecoam as lutas descritas por Pablo Neruda em outros poemas, como os de Canto General.”

segunda-feira, setembro 09, 2024

Mauricio do Valle - Grandes Papéis no Cinema e na TV




Maurício do Valle, nascido no Rio de Janeiro em 1º de março de 1928 e falecido na mesma cidade em 7 de outubro de 1994, foi um dos atores brasileiros mais versáteis e marcantes de sua geração.

Com uma carreira que abrangeu cinema, teatro e televisão, ele deixou um legado inesquecível, especialmente por sua presença carismática e pela capacidade de transitar entre papéis dramáticos, cômicos e até mesmo vilanescos.

Início no Cinema e na Televisão

A trajetória de Maurício do Valle no mundo artístico começou de forma quase casual, no início da década de 1950, quando respondeu a um anúncio de jornal que buscava extras para o filme Tudo Azul (1951), dirigido por Moacyr Fenelon.

Essa oportunidade abriu as portas do cinema, onde ele rapidamente se destacou pela expressividade e pelo porte físico imponente, características que o tornaram uma figura recorrente nas telas brasileiras.

Na televisão, seu primeiro papel de destaque veio no final dos anos 1950, em um teleteatro da TV Tupi, onde contracenou com Fernanda Montenegro na adaptação de A Dama das Camélias.

No papel do galã Armand Duval, Maurício demonstrou sua versatilidade, conquistando o público com uma atuação sensível e marcante. Esse trabalho inicial na TV foi apenas o começo de uma carreira prolífica no meio.

Consagração no Cinema com Glauber Rocha

Maurício do Valle alcançou reconhecimento internacional ao interpretar o icônico Antônio das Mortes, o caçador de cangaceiros, nos filmes Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969), ambos dirigidos por Glauber Rocha.

Essas obras-primas do Cinema Novo brasileiro destacaram seu tipo rústico, com gestos dramáticos e uma presença magnética que capturava a essência do sertão brasileiro.

O personagem Antônio das Mortes se tornou um marco na história do cinema nacional, simbolizando a complexidade de um Brasil dividido entre tradição e modernidade.

A crítica elogiou sua interpretação, que misturava força bruta e uma inesperada profundidade emocional. Apesar de ser reconhecido por papéis de homens durões, Maurício do Valle se descrevia como um "grande romântico".

Essa dualidade entre sua imagem pública e sua personalidade introspectiva adicionava camadas aos personagens que interpretava, tornando suas atuações ainda mais ricas.

Carreira na Televisão: Novelas e Minisséries

Na televisão, Maurício consolidou sua carreira com papéis memoráveis em novelas e minisséries. Um de seus primeiros grandes sucessos foi na novela Meu Pedacinho de Chão (1971), escrita por Benedito Ruy Barbosa, com quem ele desenvolveria uma parceria duradoura.

Outros trabalhos com o autor incluíram Cabocla (1979) e Pé de Vento (1980), exibida pela Rede Bandeirantes. Sua habilidade em dar vida a personagens rurais e autênticos o tornou uma escolha natural para produções que exploravam o universo do interior brasileiro.

Além disso, Maurício participou de clássicos da TV brasileira, como O Tempo e o Vento (1967) na TV Excelsior, A Última Testemunha (1968) na TV Record, Jerônimo (1972) na TV Tupi e Rosa Baiana (1981) na Rede Bandeirantes.

Na Rede Globo, ele brilhou como o Gigante no infantil Sítio do Pica-Pau Amarelo, encantando gerações de espectadores, e como o Delegado Feijó na icônica novela Roque Santeiro (1985), de Dias Gomes, onde sua atuação trouxe humor e autoridade ao personagem.

Também participou de seriados como Carga Pesada e de episódios do programa interativo Você Decide, além de especiais como Alice e O Segredo da Arte da Palavra.

Na Rede Manchete, Maurício do Valle marcou presença em produções de grande impacto, como as minisséries A Rainha da Vida (1987) e Escrava Anastácia (1990), além das novelas Kananga do Japão (1989), Pantanal (1990) e A História de Ana Raio e Zé Trovão (1990), onde interpretou o carismático Cabeção.

Esta última novela foi reprisada pelo SBT em 2010, permitindo que novas gerações descobrissem seu talento.

Presença nos Trapalhões e Outros Trabalhos

Maurício também se destacou como coadjuvante em produções cômicas, especialmente no programa Os Trapalhões, onde frequentemente interpretava vilões com um toque de humor exagerado.

Nos filmes do grupo, como Os Trapalhões e o Mágico de Oróz (1984), ele viveu o Coronel Ferreira, um antagonista que se tornou memorável pela química com os humoristas.

Sua participação no Chico Anysio Show na década de 1980 reforçou sua versatilidade, mostrando que ele podia transitar com facilidade entre o drama e a comédia.

Premiações e Reconhecimento no Cinema

Nas décadas de 1960 e 1970, Maurício do Valle viveu o auge de sua carreira no cinema, participando de dezenas de filmes e se tornando um dos atores mais prolíficos da época.

Sua presença constante nas telas lhe rendeu diversos prêmios, especialmente por papéis em produções do Cinema Novo e em filmes populares que exploravam temáticas regionais e históricas.

Trabalhos como O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte, e A Grande Feira (1961), de Roberto Pires, consolidaram sua reputação como um ator de peso, capaz de roubar a cena mesmo em papéis coadjuvantes.

Últimos Anos e Legado

O último trabalho de Maurício do Valle em novelas foi uma participação especial em Deus nos Acuda (1992), da Rede Globo, onde interpretou um delegado de polícia contracenando com a inesquecível Dona Armênia, vivida por Aracy Balabanian.

Mesmo com a saúde fragilizada, ele ainda participou de um episódio de Você Decide e do especial O Segredo da Arte da Palavra em 1994, demonstrando sua dedicação à arte até o fim.

Maurício faleceu em 7 de outubro de 1994, aos 66 anos, vítima de complicações decorrentes de diabetes e problemas cardíacos. Três meses antes de sua morte, ele passou por uma amputação de uma perna devido a problemas vasculares, e, na madrugada do dia de seu falecimento, teve a outra perna amputada.

Segundo seu irmão, o também ator Sérgio Valle, essas cirurgias abalaram profundamente Maurício, que "perdeu a vontade de viver". Ele foi sepultado no Cemitério do Catumbi, no Rio de Janeiro, deixando para trás uma carreira brilhante e um vazio no cenário artístico brasileiro.

Legado e Memória

Maurício do Valle foi muito mais do que um ator de papéis marcantes; ele foi um símbolo da riqueza cultural do Brasil, transitando entre o cinema de vanguarda, a televisão popular e o humor escrachado dos Trapalhões.

Sua habilidade de dar vida a personagens tão diversos - do introspectivo Antônio das Mortes ao cômico Cabeção - reflete a amplitude de seu talento.

Até hoje, suas atuações continuam a inspirar atores e diretores, e sua presença em reprises e retrospectivas mantém viva a memória de um dos grandes nomes da dramaturgia brasileira.

Valentina Vassilyeva


 

Valentina Vassilyeva: A Mulher com Mais Filhos da História

Valentina Vassilyeva é reconhecida como a mulher que teria dado à luz o maior número de filhos registrado na história. Primeira esposa de Feodor Vassilyev, um camponês de Shuya, na Rússia, Valentina viveu entre 1707 e 1782.

Durante sua vida, ela teria tido 27 gestações, resultando em um total impressionante de 69 filhos: 16 pares de gêmeos, 7 conjuntos de trigêmeos e 4 conjuntos de quadrigêmeos.

Estima-se que suas gestações duravam, em média, 37 semanas para gêmeos, 32 semanas para trigêmeos e 30 semanas para quadrigêmeos. Surpreendentemente, apenas dois de seus 69 filhos não sobreviveram à infância, o que, se verdadeiro, seria um feito notável para a medicina e as condições de vida do século XVIII.

Feodor Vassilyev, seu marido, também é uma figura central nessa história extraordinária. Além dos 69 filhos com Valentina, ele teria tido mais 18 filhos com sua segunda esposa (6 pares de gêmeos e 2 conjuntos de trigêmeos), totalizando 87 filhos.

Esses números, registrados no Livro Guinness de Recordes Mundiais, colocam Feodor como o pai com o maior número de filhos na história documentada.

No entanto, a falta de registros precisos, como nomes, datas de nascimento ou morte dos filhos, alimenta o ceticismo sobre a veracidade desses relatos.

Contexto Histórico e Social

A história de Valentina e Feodor Vassilyev ocorre em um período em que a Rússia do século XVIII era predominantemente rural, com famílias numerosas sendo comuns, especialmente entre camponeses.

A fertilidade era vista como uma bênção, e grandes famílias eram valorizadas tanto por questões econômicas - mais mãos para trabalhar na terra - quanto culturais.

Contudo, as condições de saúde e saneamento da época tornavam a sobrevivência de tantas crianças, especialmente de partos múltiplos, extremamente improvável.

A medicina obstétrica era rudimentar, e a mortalidade infantil era alta, o que torna o caso de Valentina ainda mais extraordinário, mas também mais difícil de ser aceito sem questionamentos.

A história foi registrada pela primeira vez em 1783, na The Gentleman’s Magazine (Vol. 53, p. 753, Londres), que relatou a informação com base no depoimento de um comerciante inglês em São Petersburgo.

Segundo o relato, a história era confiável, e Feodor teria sido apresentado à Imperatriz russa, possivelmente Catarina, a Grande, como uma curiosidade. Outras fontes, como o comentário de Ivan Nikitich Boltin sobre a história russa e o livro Panorama de São Petersburgo (1834), de Alexander Pavlovich Bashutskiy, corroboram os números, mas sem fornecer evidências concretas, como certidões de nascimento ou registros paroquiais.

Ceticismo e Tentativas de Verificação

Apesar da inclusão no Livro Guinness de Recordes Mundiais, a história de Valentina e Feodor é cercada de dúvidas. Um artigo de 1933, publicado por Julia Bell na revista Biometrika, cita um livro de 1790, Statistische Schilderung von Rußland, de BFJ Hermann, que menciona o caso com ressalvas.

Bell também destaca que a revista The Lancet, em 1878, relatou que a Academia Francesa de Ciências tentou verificar os fatos, contatando a Academia Imperial de São Petersburgo.

No entanto, a resposta recebida foi evasiva, sugerindo que membros da família Vassilyev ainda viviam em Moscou e haviam recebido favores do governo russo, o que desestimulou investigações mais aprofundadas.

Marie M. Clay, em seu livro Quadruplets and Higher Multiple Births (1989), lamenta a falta de investigação rigorosa, afirmando que a ausência de registros detalhados comprometeu a possibilidade de confirmar a história.

A improbabilidade biológica também alimenta o ceticismo: 27 gestações em cerca de 40 anos, muitas delas de partos múltiplos, exigiria uma saúde física excepcional de Valentina, além de condições de vida que minimizassem os riscos de mortalidade materna e infantil, algo raro para a época.

Reflexões sobre o Legado e o Contexto Atual

A história de Valentina Vassilyeva, verdadeira ou não, fascina por sua grandiosidade e pelo que revela sobre a curiosidade humana por recordes extremos.

No século XVIII, relatos como esse podiam servir como propaganda ou curiosidade cultural, talvez até para destacar a força de uma nação rural como a Rússia.

Hoje, a narrativa ressoa em discussões sobre fertilidade, saúde materna e os limites do corpo humano. Avanços médicos modernos, como a fertilização in vitro, tornaram partos múltiplos mais comuns, mas ainda assim, a escala do caso de Valentina permanece quase inconcebível.

Além disso, a história levanta questões sobre a documentação histórica e a confiabilidade de relatos antigos. Em um mundo atual, onde a verificação de fatos é facilitada por registros digitais e bancos de dados, casos como o de Valentina seriam mais facilmente confirmados ou refutados.

A ausência de tais recursos no século XVIII deixa a história envoltos em mistério, como uma lenda que mistura fato e exagero.

Conclusão

Valentina e Feodor Vassilyev permanecem figuras lendárias, imortalizadas por números que desafiam a imaginação. Seja como um feito histórico ou uma história amplificada pelo boca a boca, o caso reflete a fascinação humana por superar limites.

A falta de evidências concretas não diminui o impacto cultural dessa narrativa, que continua a inspirar debates sobre fertilidade, família e a confiabilidade dos registros históricos.

Talvez o verdadeiro legado de Valentina seja nos lembrar da resiliência humana - ou da nossa capacidade de criar histórias que transcendem o tempo.

domingo, setembro 08, 2024

Um aplauso


 

Um aplauso aos homens que têm a coragem de dizer: “Desculpa, eu errei, vamos conversar, porque eu não quero te perder. Em um mundo que muitas vezes glorifica a rigidez e o orgulho, admitir um erro exige não apenas humildade, mas uma força interior que desafia estereótipos.

Esses homens entendem que um pedido de desculpas sincero não é sinal de fraqueza, mas um passo em direção à construção de relações mais verdadeiras e sólidas.

Um aplauso aos homens que, diante dos “amigos”, têm a ousadia de afirmar: “Não troco a mulher da minha vida, a nossa história, por uma noite qualquer”.

Em uma sociedade onde a pressão social muitas vezes incentiva escolhas passageiras, esses homens priorizam o compromisso, a lealdade e o respeito mútuo, mostrando que a verdadeira masculinidade está na firmeza de caráter, não em aventuras efêmeras.

Um aplauso aos homens que tratam suas companheiras como rainhas, com amor, carinho e respeito. Eles entendem que o amor não é apenas uma palavra, mas um conjunto de ações diárias: ouvir com atenção, apoiar nos momentos difíceis, celebrar as conquistas e construir uma parceria baseada em igualdade.

Esses homens sabem que tratar uma mulher com dignidade não diminui sua força, mas a engrandece.

Um aplauso aos homens que têm a coragem de assumir suas vulnerabilidades: seu amor incondicional, suas lágrimas contidas, seus medos de não serem suficientes, suas inseguranças e até o receio de serem trocados.

Em um mundo que frequentemente associa masculinidade a uma fachada de invencibilidade, esses homens desafiam o status quo ao mostrarem que sentir, chorar e expressar dúvidas é humano, não uma falha.

Um aplauso aos homens que enfrentam o machismo arraigado, que insistem em desconstruir a ideia de que um homem com sentimentos deixa de ser masculino.

Eles lutam contra a pressão cultural que mede a virilidade por conquistas passageiras ou pela repressão das emoções. Esses homens mostram que a verdadeira coragem está em ser autêntico, em um mundo que muitas vezes pune a autenticidade.

Um aplauso aos homens que se entregam de corpo e alma às suas relações, que amam intensamente, que se doam sem reservas e sonham com um futuro compartilhado.

Em um tempo em que relações superficiais são comuns, esses homens são raros. Eles entendem que dividir a vida, com todas as suas alegrias e desafios, exige mais do que apenas estar presente - exige compromisso, paciência e a vontade de crescer juntos.

A realidade por trás desses aplausos

Esses homens, que escolhem o caminho da vulnerabilidade e do respeito, muitas vezes enfrentam críticas e incompreensão. Em ambientes onde o machismo ainda dita regras implícitas, eles podem ser ridicularizados por expressarem sentimentos ou por priorizarem suas parceiras.

A sociedade, em muitos casos, ainda reforça estereótipos tóxicos, como a ideia de que um homem deve ser “durão” ou que demonstrações de afeto são sinais de fraqueza.

Esses homens, no entanto, estão na vanguarda de uma mudança cultural. Eles estão redefinindo o que significa ser homem, mostrando que a força está na empatia, na honestidade e no respeito mútuo.

Recentemente, discussões sobre masculinidade têm ganhado espaço em movimentos sociais e na mídia, com campanhas que incentivam os homens a falarem sobre saúde mental e emoções.

Por exemplo, iniciativas como o “Movember” não apenas abordam a saúde física masculina, mas também promovem conversas sobre depressão e ansiedade, temas antes considerados tabus.

Esses movimentos reforçam que ser vulnerável não é o oposto de ser masculino, mas sim parte essencial de ser humano. Por fim, um aplauso aos homens que não apenas dizem “desculpa”, mas o fazem com sinceridade, com o coração aberto, não como uma estratégia para apaziguar conflitos, mas como um compromisso genuíno de melhorar e fortalecer laços.

Esses homens sabem que a masculinidade não se mede por quantas batalhas se vence, mas por quantas pontes se constrói. Eles são os que, em meio às loucuras da vida, escolhem amar, respeitar e sonhar juntos - e isso, sim, merece todos os aplausos.

Roque Santeiro


 

Roque Santeiro é uma icônica telenovela brasileira, considerada uma das maiores produções da Rede Globo e um marco na teledramaturgia nacional. A trama foi baseada na peça O Berço do Herói, escrita por Dias Gomes em 1965, que, por sua vez, já havia inspirado uma primeira versão da novela em 1975, censurada pelo regime militar antes de sua estreia.

A versão definitiva, exibida entre 24 de junho de 1985 e 22 de fevereiro de 1986, no horário das 20 horas, contou com 209 capítulos e conquistou o público com sua mistura de crítica social, humor, sátira política e elementos de realismo fantástico.

O roteiro da telenovela foi assinado por Dias Gomes e Aguinaldo Silva, com a colaboração de Marcílio Moraes e Joaquim Assis. Dias Gomes escreveu os capítulos iniciais (1 a 51) e do 162 até o final, enquanto Aguinaldo Silva foi responsável pelos capítulos 52 a 161, sempre respeitando a essência da obra original de Gomes.

A direção ficou a cargo de Gonzaga Blota, Paulo Ubiratan, Marcos Paulo e Jayme Monjardim, com direção geral de Paulo Ubiratan e gerência de produção de Carlos Henrique de Cerqueira Leite.

A combinação de um texto afiado, direção competente e produção caprichada resultou em uma novela que marcou época.

O elenco de Roque Santeiro era estelar, reunindo alguns dos maiores nomes da televisão brasileira. José Wilker brilhou no papel-título, interpretando o mítico Roque Santeiro, um homem comum transformado em lenda após ser dado como morto.

Ao seu lado, Regina Duarte deu vida à viúva Porcina, uma figura carismática e ambígua, enquanto Lima Duarte encarnou o inesquecível Sinhozinho Malta, um fazendeiro poderoso e carismático.

Outros destaques incluíram Yoná Magalhães, Ary Fontoura, Waldyr Sant’anna, Regina Dourado, Eloísa Mafalda, Armando Bógus, Lucinha Lins, Fábio Jr., Lídia Brondi, Cláudio Cavalcante, Rui Rezende, Cássia Kis, Ewerton de Castro, Patrícia Pillar, Paulo Gracindo, Wanda Kosmo, Arnaud Rodrigues, Maurício do Valle, Luiz Armando Queiroz e Lilian Lemmertz, todos em atuações memoráveis que enriqueceram a trama.

A história se passa na fictícia cidade de Asa Branca, onde a suposta morte de Roque Santeiro, um jovem que teria morrido defendendo a população, cria um mito alimentado por interesses políticos, religiosos e econômicos.

A novela aborda temas como falsos milagres, corrupção, luta pelo poder, traição, injustiça social e fanatismo religioso, tudo embalado por um humor ácido e inteligente.

A crítica à sociedade brasileira, com suas contradições e desigualdades, é feita de forma brilhante, misturando elementos de comédia e drama.

Personagens como a viúva Porcina, com seu passado inventado, e Sinhozinho Malta, com sua mistura de charme e autoritarismo, tornaram-se ícones culturais, enquanto bordões como “Tô certo ou tô errado?” entraram para o imaginário popular.

Na minha opinião, Roque Santeiro é a melhor telenovela já produzida pela Rede Globo. Sua capacidade de entreter enquanto provoca reflexões sobre a sociedade brasileira é incomparável.

A trama soube equilibrar humor, crítica social e emoção, criando uma narrativa envolvente que conquistou milhões de telespectadores. Em 2016, a revista Veja elegeu Roque Santeiro como a terceira melhor telenovela brasileira de todos os tempos, ficando atrás apenas de Avenida Brasil (2012) e Vale Tudo (1988), o que reforça sua relevância e qualidade.

Um episódio pessoal marcante ocorreu durante a exibição da novela. Na época, eu estava em Juazeiro do Norte, no Ceará, a trabalho. Em um dia triste, José Wilker, que era natural da cidade, retornou para se despedir de sua avó, que havia falecido.

A presença do ator, que vivia o auge da fama como Roque Santeiro, causou grande comoção. As proximidades da residência da família de Wilker ficaram lotadas, e a cidade parecia pulsar de forma diferente.

Era como se, por um dia, a popularidade de José Wilker tivesse ofuscado até mesmo a figura de Padre Cícero, o lendário “Padim Ciço”, tão reverenciado na região.

A passagem de Wilker por Juazeiro do Norte reforçou o impacto cultural da novela, que parecia transcender a televisão e se entrelaçar com a vida real.

Além disso, Roque Santeiro também foi um fenômeno de audiência, alcançando picos de mais de 60 pontos no Ibope, números impressionantes para a época.

A novela inspirou debates, análises acadêmicas e até releituras em outras mídias, como minisséries e adaptações teatrais. Sua trilha sonora, com músicas como “Dona” de Roupa Nova, tornou-se um clássico, evocando nostalgia até hoje.

O sucesso da trama também abriu portas para outras produções que exploraram o realismo fantástico e a crítica social, consolidando o gênero na teledramaturgia brasileira.

Em resumo, Roque Santeiro não foi apenas uma novela, mas um fenômeno cultural que capturou o espírito de uma época, misturando humor, crítica e emoção de forma magistral.

Sua relevância perdura, e a obra continua sendo referência para produtores, roteiristas e amantes da televisão brasileira.