Sim, Ele Existiu! A História Real por Trás de Popeye, o Marinheiro
Sim,
o icônico marinheiro Popeye não foi apenas uma criação da imaginação de um
cartunista - ele teve raízes em uma pessoa real! Seu nome era Frank "Rocky"
Fiegel.
Nascido
em 27 de janeiro de 1868, em Chester, Illinois (EUA), Frank era de origem
polonesa: seus pais, Bartłomiej e Anna Figiel, imigraram da Polônia
(especificamente de Czarnków, perto de Poznań) por volta de 1864, adaptando o
sobrenome para "Fiegel" para facilitar a pronúncia em inglês.
Ele
faleceu em 24 de março de 1947, aos 79 anos, sem nunca ter se casado, e viveu
modestamente na mesma casa onde morava com a mãe até o fim dela, perto do
Cemitério Evergreen, em Chester.
Embora
o texto original sugira que Frank era marinheiro, isso é um equívoco comum
baseado em lendas locais - na realidade, ele não serviu na marinha nem foi
marinheiro profissional.
Sua
vida foi mais ancorada em terra firme, como um trabalhador braçal e figura
lendária da pequena Chester. No entanto, sua personalidade combativa, bondosa
com crianças e cheia de histórias exageradas serviu de inspiração perfeita para
o personagem que Elzie Crisler Segar criaria anos depois.
A Vida de Frank "Rocky" Fiegel: Um "Brawler" com Coração de Ouro
Frank
ganhou o apelido "Rocky" devido à sua constituição física robusta e à
reputação de ser um brigão invicto - ele era conhecido por nunca perder uma
briga, frequentemente intervindo em discussões na taverna local para
"manter a ordem".
Após
uma juventude de trabalhos manuais (incluindo possivelmente como marinheiro por
curtos períodos, segundo algumas anedotas não confirmadas), ele se aposentou
precocemente e foi contratado pela taverna Wiebusch's, em Chester, como zelador
e segurança.
Seu
papel era simples: limpar o local, servir bebidas e, acima de tudo, impedir
confusões - o que ironicamente o levava a se envolver em mais delas! Sua
aparência física era marcante e diretamente inspirou traços de Popeye:
O
olho deformado: Uma consequência de suas inúmeras brigas de bar, que o deixou
com um olho inchado e semicerrado - de onde veio o apelido "Pop-eye"
(em português, "olho estourado" ou "olho saliente").
O
cachimbo e a fala enviesada: Frank era viciado em cachimbo de espiga de milho,
fumando incessantemente, o que o fazia falar apenas de um lado da boca, com um
sotaque rouco e dentes escassos (ele era quase desdentado na velhice).
Força
lendária e histórias fantásticas: Ele se gabava de proezas impossíveis, como
derrotar múltiplos oponentes sozinho ou aventuras nos "sete mares"
(embora nunca tenha navegado extensivamente). Seu sobrinho-neto, Clyde Feegie,
recordava:
"Quando
Rocky começava a vir atrás de alguém, nem uma faca o parava". Apesar da
fama de durão, Frank era extremamente amável com as crianças. Ele distribuía
doces e balas, entretendo-as com contos exagerados de suas "batalhas
épicas" e lições morais sobre coragem e honestidade.
Para
os pequenos de Chester, ele era um herói de carne e osso - não um
"vagabundo", como alguns adultos o viam por seu estilo de vida
errático e alcoolismo ocasional.
O Encontro com Elzie Crisler Segar: De Histórias Locais a Ícone Global
Elzie
Crisler Segar (1894-1938), o criador de Popeye, nasceu e cresceu em Chester,
uma pacata cidade ribeirinha no sul de Illinois, com cerca de 5 mil habitantes
na época.
Como
jovem aspirante a cartunista (ele começou trabalhando no teatro local de
William "Windy Bill" Schuchert, que inspiraria o personagem Chicão),
Segar frequentava a taverna Wiebusch's e ficava horas hipnotizado pelas
narrativas de Rocky.
"Eu
sentava lá, ouvindo suas histórias malucas sobre lutas e aventuras, e ele me
dava balas", recordava Segar em entrevistas posteriores. Anos depois, em
17 de janeiro de 1929, Segar introduziu Popeye como um personagem secundário na
tira de jornal Thimble Theatre (lançada em 1919, focada inicialmente em Olive
Oyl e seu irmão Castor Oyl).
O
que era para ser uma aparição breve virou sensação: o marinheiro one-eyed,
pipe-smoking e superforte roubou o show, transformando a tira em um sucesso
mundial.
Segar
nunca confirmou explicitamente que Frank era o modelo (ele partiu de Chester
nos anos 1920 e morreu jovem de leucemia), mas lendas locais e relatos de
assistentes como Bud Sagendorf (sucessor de Segar) afirmam que sim.
Segar
inclusive enviava dinheiro anonimamente para Frank nos anos finais de sua vida,
como forma de "agradecimento" pela inspiração. Outros moradores de
Chester também influenciaram a galeria de personagens: Dora Paskel, uma dona de
mercearia alta e angular, virou Olive Oyl; e o rotundo Schuchert inspirou o
glutão Wimpy.
Acontecimentos Posteriores: Legado e Homenagens em Chester
A
conexão entre Frank e Popeye só ganhou força após a morte de Segar,
impulsionada por jornais locais como o Southern Illinoisan (em 1979, publicou
uma foto de Frank como "o verdadeiro Popeye"). Frank faleceu em 1947
sem saber plenamente de sua fama - alguns vizinhos duvidam que ele tenha
percebido, vivendo recluso e simples até o fim.
Sua
lápide, no cemitério de Chester, ganhou em 1996 uma gravura do rosto de Popeye
como ele apareceu originalmente na tira, tornando-se um ponto de peregrinação.
O impacto cultural explodiu nos anos seguintes:
Estátua
de Popeye (1977): Chester ergueu uma imponente estátua de 5,5 metros do
marinheiro (com espinafre na mão, traço adicionado por Segar em 1932 para
promover hábitos saudáveis - Frank não gostava de espinafre!), atraindo
turistas e inspirando o Popeye & Friends Character Trail (Trilha dos
Personagens), iniciado em 2006.
Anualmente,
durante o Popeye Autumn Festival (festival de outono), uma nova estátua é
adicionada: Wimpy em 2006, Bluto em 2007, e assim por diante, com mais de 15
esculturas espalhadas pela cidade.
Foto
Viral Equivocada: Uma imagem famosa de 1940, mostrando um homem idoso com
cachimbo e queixo quadrado, circula online como "o verdadeiro Rocky" -
mas é falsa; é de um ator ou sósia. A real de Frank é mais humilde, capturada
nos anos 1930.
Influência
Global: Popeye virou fenômeno com animações da Fleischer Studios (1933), filmes
live-action (1980, com Robin Williams) e continua em quadrinhos e mercadorias.
Em 2025, Chester celebra o 50º aniversário da estátua com eventos especiais,
reforçando o turismo (a cidade fatura milhões anualmente graças ao "efeito
Popeye").
Conclusão: Um Herói da Vida Real
A história de Frank "Rocky" Fiegel nos lembra que os maiores ícones da cultura pop muitas vezes nascem de figuras anônimo e autênticas. Longe do glamour hollywoodiano, Rocky era um homem comum - brigão, contador de histórias e protetor das crianças - cuja essência capturou a imaginação de Segar e, por extensão, de gerações. Hoje, Chester, Illinois, é um museu vivo dessa lenda, convidando visitantes a "comerem seus espinafres" e celebrarem o legado de um polonês-americano que, sem nunca zarpar oceanos, navegou direto para a imortalidade.









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