Idosos: Passos na Estrada da Vida
Os
idosos não são obstáculos no caminho, mas sim pegadas marcadas na estrada da
vida, testemunhas de uma jornada repleta de histórias, lutas e aprendizados.
Cada ruga em seus rostos é um capítulo, cada passo hesitante é um eco de
batalhas vencidas.
Eles
carregam em si a sabedoria de quem já enfrentou tempestades e aprendeu a
encontrar beleza nos dias ensolarados. Se meu andar é lento e hesitante, se
tropeço nas pedras do caminho, não me apresse - ampare-me com gentileza.
Minhas
pernas, que um dia correram com vigor, agora pedem paciência para seguir
adiante. Se minhas mãos trêmulas derrubam a colher na mesa ou deixam cair
migalhas no chão, não se irrite. Saiba que fiz o meu melhor, mesmo que o corpo
já não obedeça como antes.
Se
minha audição falha e preciso me esforçar para captar suas palavras, tenha
paciência e fale com clareza. Minha vontade de ouvir você é maior que a
fraqueza dos meus ouvidos.
Se
minha visão está embaçada e meu entendimento por vezes se perde nas brumas da
memória, ajude-me com um sorriso e uma explicação calma. A mente, que já foi
ágil, agora dança em um ritmo mais lento, mas ainda deseja compreender o mundo.
Quando
me encontrar na rua, não desviei o olhar como se eu fosse invisível. Pare,
mesmo que por um instante, e troque algumas palavras comigo. A solidão pesa
mais que os anos, e um simples “como você está?” pode aquecer um coração que
sente o frio do isolamento.
Se, na
sua sensibilidade, perceber tristeza em meus olhos, não hesite em compartilhar
um sorriso ou uma palavra de conforto. Às vezes, é tudo o que preciso para
lembrar que ainda faço parte do mundo.
Se eu
repetir pela terceira vez a mesma história no mesmo dia, não me repreenda.
Essas lembranças são tesouros que guardo, pontes que me conectam ao que fui e
ao que ainda sou.
Ouça-me
com carinho, como quem folheia um livro antigo, cheio de marcas do tempo. Se me
comporto como criança, com medos ou manias, cerque-me de afeto.
A
vulnerabilidade não é fraqueza, mas um convite à sua humanidade. Se a sombra da
morte me assusta e tento negá-la com risos ou silêncios, ajude-me a enfrentá-la
com serenidade. Fale comigo sobre a vida, mas não me deixe fugir da verdade -
prepare-me para o adeus com respeito e amor.
E se,
em algum momento, minha fragilidade ou doença parecer um peso em sua vida, não
me abandone. Lembre-se: um dia, você também caminhará por essa estrada, e o
amor que hoje oferece será o eco do cuidado que receberá.
Tudo o
que peço, no crepúsculo desta jornada, é um pouco de respeito, um pouco de
amor. Um pouco... do muito que um dia entreguei com todo o meu coração.
Pois,
na essência, somos todos viajantes, e o que nos une é a certeza de que o amor e
a compaixão tornam o caminho mais leve, para quem parte e para quem fica.
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