Richard Burton: O Galês que brilhou no Cinema Mundial
Richard
Burton, nascido Richard Walter Jenkins em 10 de novembro de 1925, na vila de
Pontrhydyfen, País de Gales, foi um dos atores mais carismáticos e talentosos
do século XX.
Conhecido
por sua voz grave e presença magnética, Burton deixou um legado indelével no
cinema e no teatro, interpretando papéis que marcaram gerações.
Filho
de uma família humilde, era o penúltimo de doze irmãos, criado em um ambiente
onde a poesia, paixão de seu pai, um mineiro galês, ecoava como inspiração.
Inicialmente,
Burton sonhava em ser professor, mas o destino o levou a um caminho bem
diferente, guiado por mentores que enxergaram seu potencial artístico.
Primeiros Passos e Ascensão no Teatro
Aos 17
anos, Burton estreou no teatro sob a orientação do dramaturgo Emlyn Williams,
que o introduziu ao mundo das artes cênicas. O sobrenome “Burton” foi adotado
em homenagem a Philip Burton, um professor que o incentivou desde a
adolescência a perseguir a carreira de ator e se tornou uma figura paterna em
sua vida.
Após
formar-se em Oxford, onde aprimorou suas habilidades, Burton serviu por três
anos na Real Força Aérea Britânica durante a Segunda Guerra Mundial, uma
experiência que moldou sua disciplina e resiliência.
De
volta a Londres, Burton conquistou fama interpretando papéis em peças de
William Shakespeare, como Hamlet e Henrique IV. Sua capacidade de dar vida aos
textos shakespearianos, com uma dicção impecável e emoção visceral, o tornou
uma sensação no teatro londrino.
Sua
voz, frequentemente descrita como hipnótica, parecia feita para os monólogos do
bardo, atraindo multidões e críticos.
Carreira no Cinema
Burton
estreou no cinema em 1949, com o filme The Last Days of Dolwyn, (Os Últimos
Dias de Dolwyn) mas foi na década de 1950 que começou a se destacar.
Seu
papel em Amargo Triunfo (The Robe, 1953), um épico bíblico, e em Look Back in
Anger (Olhar para trás com raiva) (1959), dirigido por Tony Richardson, mostrou
sua versatilidade, transitando entre dramas intensos e personagens históricos.
Contudo,
foi nos anos 1960 que Burton alcançou o estrelato global, especialmente por
suas atuações ao lado de Elizabeth Taylor, com quem formou um dos casais mais
icônicos de Hollywood.
O papel
de Marco Antônio em Cleópatra (1963), um dos filmes mais caros da história na
época, marcou o início de sua relação amorosa com Taylor, que interpretava a
rainha do Egito.
A
química explosiva entre os dois transcendeu a tela, gerando manchetes e
fascínio público. Juntos, estrelaram outros sucessos, como Gente Muito
Importante (1963), A Megera Domada (1967) e, sobretudo, Quem Tem Medo de
Virginia Woolf? (1966).
Este
último, baseado na peça de Edward Albee, é considerado um marco em sua
carreira. A interpretação de Burton como George, um professor universitário
preso em um casamento destrutivo, foi aclamada por sua profundidade emocional,
refletindo, de certa forma, os conflitos de sua própria vida com Taylor.
Apesar
de receber sete indicações ao Oscar de Melhor Ator ao longo da carreira, Burton
nunca venceu a estatueta, uma injustiça lamentada por muitos.
Vida Pessoal: Amor, Escândalos e Lutas
A
relação de Burton com Elizabeth Taylor foi tão lendária quanto tumultuada.
Casaram-se pela primeira vez em 1964, após um romance que escandalizou o mundo,
já que ambos eram casados quando se conheceram durante as filmagens de
Cleópatra.
O
primeiro casamento terminou em 1974, abalado pelo alcoolismo de Burton e pela
intensa pressão midiática. Em 1975, reconciliaram-se e casaram-se novamente,
mas o segundo matrimônio durou apenas um ano.
Durante
esse período, adotaram uma menina alemã, batizada de Maria Taylor Burton.
Burton também era pai de Kate Burton, de seu primeiro casamento com Sybil
Williams, que se tornaria uma respeitada atriz de teatro e televisão.
O
alcoolismo foi uma sombra constante na vida de Burton. Após o segundo divórcio
de Taylor, ele se casou com a modelo Suzy Hunt, em 1976, período em que tentou,
sem sucesso duradouro, combater o vício.
Após o
fim desse casamento, Burton encontrou estabilidade com Sally Hay, assistente de
produção da BBC, com quem se casou em 1983 e permaneceu até sua morte. Sally
trouxe um pouco de paz aos últimos anos de Burton, mas sua saúde já estava
gravemente comprometida pelo abuso de álcool e cigarros.
Legado e Últimos Anos
Com
mais de 40 filmes em sua filmografia, Burton transitou entre blockbusters e
dramas intimistas, sempre com uma presença que dominava a tela. Filmes como O
Espião que Veio do Frio (1965) e 1984 (1984), sua última atuação, mostram sua
habilidade de dar vida a personagens complexos.
Fora
das telas, ele também foi um defensor da cultura galesa, mantendo laços com sua
terra natal e apoiando iniciativas artísticas. Richard Burton faleceu em 5 de
agosto de 1984, aos 58 anos, vítima de uma hemorragia cerebral em sua casa em
Céligny, Suíça.
Foi
sepultado no Cemitério Vieux, em Genebra, deixando um vazio no cinema e no
teatro. Sua vida, marcada por triunfos artísticos e tragédias pessoais, reflete
a intensidade de um homem que viveu no limite, entre a genialidade e a
autodestruição.
Impacto Cultural e Reflexões
Burton
não foi apenas um ator; ele foi um fenômeno cultural. Sua relação com Elizabeth
Taylor, apelidada de “Liz e Dick” pela imprensa, simbolizou o glamour e o caos
de Hollywood na era de ouro.
O casal
atraiu uma atenção midiática sem precedentes, alimentando tabloides com histórias
de amor, brigas e excessos. Contudo, por trás dos escândalos, Burton era um
artista dedicado, que trouxe profundidade a cada papel e inspirou gerações de
atores com sua entrega apaixonada.
Sua
luta contra o alcoolismo e os desafios de viver sob os holofotes revelam a
humanidade de Burton. Ele era um homem de contradições: um galês de origem
humilde que conquistou o mundo, mas nunca escapou completamente de seus
demônios.
Sua
história é um lembrete de que o talento, por maior que seja, não imuniza contra
as fragilidades humanas. Ainda hoje, Burton é lembrado não só por seus papéis
memoráveis, mas também por sua voz inconfundível e pela paixão que trouxe a
cada cena, seja no palco shakespeariano, seja nas telas de Hollywood.
0 Comentários:
Postar um comentário