Perguntei o que era amor ao
meu velho professor, por causa do verbo amar.
Aquele velhinho ouviu, olhou
p’ra mim e sorriu, e respondeu-me depois:
- Amor, conheci só um: substantivo
comum, às vezes comum de dois.
Traindo um desgosto acervo,
disse que “amar, como verbo, não é sempre regular: é triste dizer amei; é mau
dizer amarei; e não se diz hei-de amar."
O verbo não é p’ra todos igual
nos tempos, nos modos e, às vezes, por tal defeito, põe-se uma oração de lado porque
não tem predicado nem se conhece o sujeito.
Só hoje é que dou valor ao
verbo que o professor tão bem me tinha ensinado.
Pois há quem tal verbo
adore. Também há muito quem chore por já o ter conjugado.
Frederico de Brito.
"Lição de Amor"
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