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sexta-feira, setembro 27, 2024

Eva Braun



Eva Braun: A Vida e o Legado da Companheira de Adolf Hitler

Eva Anna Paula Braun, nascida em 6 de fevereiro de 1912, em Munique, Alemanha, foi a companheira de longa data de Adolf Hitler e, por menos de 40 horas, sua esposa, adotando o nome Eva Anna Paula Hitler.

Sua vida, marcada por uma relação complexa com uma das figuras mais infames da história, é um retrato de contradições: uma mulher que viveu à sombra de um regime brutal, mas cujo papel público foi deliberadamente minimizado.

Infância e Juventude

Eva Braun era a segunda filha de Friedrich "Fritz" Braun (1879-1964), um professor, e Franziska "Fanny" Kronberger (1885-1976), ex-costureira. Tinha duas irmãs: Ilse (1909-1979), a mais velha, e Margarete "Gretl" (1915-1987), a mais nova.

A família Braun enfrentou dificuldades financeiras durante a hiperinflação alemã dos anos 1920, o que levou ao divórcio temporário dos pais em 1921, seguido de uma reconciliação em 1922.

Criada em um ambiente de classe média, Eva estudou no Liceu Católico de Munique e, por um ano, frequentou um curso de administração em um convento em Simbach am Inn.

Aluna destacada, ela demonstrava talento para o atletismo e interesse por moda, cinema e fotografia, paixões que definiriam grande parte de sua vida adulta.

Encontro com Hitler

Aos 17 anos, Eva começou a trabalhar como assistente e modelo no estúdio de Heinrich Hoffmann, fotógrafo oficial do Partido Nazista, em Munique. Foi ali, em outubro de 1929, que conheceu Adolf Hitler, então com 40 anos.

Na época, Hitler vivia com Geli Raubal, filha de sua meia-irmã Ângela, em um apartamento em Munique. A relação com Geli, marcada por intensidade e rumores de possessividade, terminou tragicamente em 1931, quando ela foi encontrada morta com um tiro na cabeça, em um aparente suicídio com a pistola de Hitler.

Após a morte de Geli, Eva tornou-se o novo foco afetivo de Hitler. O relacionamento, no entanto, foi conturbado desde o início. Em agosto de 1932, Eva tentou o suicídio atirando no peito com a arma de seu pai, em um ato que historiadores interpretam como uma tentativa de chamar a atenção de Hitler.

Após sua recuperação, Hitler comprometeu-se mais com ela, e, no final de 1932, os dois tornaram-se amantes. Um segundo suposto suicídio ocorreu em maio de 1935, com uma overdose de soníferos, mas também sem sucesso.

Esses episódios reforçam a percepção de que Eva buscava consolidar sua posição na vida de Hitler, que era emocionalmente distante e priorizava sua imagem pública.

Vida com Hitler

A partir de 1936, Eva tornou-se uma presença constante na Berghof, a residência de Hitler em Obersalzberg, nos Alpes Bávaros. Lá, ela viveu uma existência relativamente isolada, protegida dos horrores da Segunda Guerra Mundial.

Embora não fosse membro do Partido Nazista e tivesse pouco interesse em política, Eva desempenhava um papel central no círculo íntimo de Hitler, organizando encontros sociais e mantendo uma atmosfera de normalidade em meio ao caos do regime.

Eva também era uma fotógrafa talentosa. Muitas das imagens e filmes coloridos que sobreviveram da vida privada de Hitler, incluindo momentos descontraídos na Berghof, foram capturados por ela.

Como assistente de Hoffmann, ela acompanhava Hitler em viagens oficiais, o que lhe permitia viajar pelo país e, eventualmente, pela Europa ocupada. Sua proximidade com Hoffmann também lhe rendeu privilégios, como acesso irrestrito à Chancelaria do Reich em Berlim, onde tinha um apartamento decorado pelo arquiteto Albert Speer.

Apesar de sua proximidade com Hitler, Eva permaneceu uma figura oculta para o público alemão. Hitler cultivava a imagem de um líder célibe, acreditando que isso aumentava seu apelo político.

Assim, Eva raramente aparecia em eventos públicos ao seu lado. A única exceção notável foi durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 1936, quando ela foi fotografada sentada perto dele.

Mesmo em eventos sociais, como o casamento de sua irmã Gretl com Hermann Fegelein, oficial da SS, em 1944, Eva era apresentada como a cunhada de Fegelein, não como a companheira de Hitler.

Papel na Alemanha Nazista

Eva Braun não tinha influência direta na política do Terceiro Reich. Mulheres, na ideologia nazista, eram relegadas ao papel de donas de casa, e Eva não era exceção. Ela era frequentemente excluída de reuniões políticas e mantida afastada de discussões estratégicas.

Seus interesses giravam em torno de cinema, moda, esportes e fotografia, e sua vida era marcada por privilégios materiais, como roupas de grife e acesso a bens de luxo, mesmo durante a economia de guerra.

Um episódio notável ocorreu em 1943, quando a transição para uma economia de guerra restringiu a produção de cosméticos e artigos femininos. Eva, segundo relatos, ficou indignada com essas medidas, e Hitler interveio, pedindo que o ministro de armamentos, Albert Speer, apenas reduzisse a produção em vez de bani-la completamente.

Esse incidente é um dos raros momentos em que Eva demonstrou interesse em questões relacionadas à guerra, ainda que de forma indireta e motivada por interesses pessoais.

O Fim no Führerbunker

Com o colapso do Terceiro Reich em 1945, Eva tomou a decisão de permanecer ao lado de Hitler. Em abril, ela deixou Munique e seguiu para Berlim, instalando-se no Führerbunker, um abrigo subterrâneo sob a Chancelaria do Reich.

Apesar da proximidade do Exército Vermelho e das súplicas de amigos e familiares para que fugisse, Eva recusou-se a abandonar Hitler, demonstrando uma lealdade que muitos consideram enigmática, dado o contexto de sua relação.

Na madrugada de 29 de abril de 1945, com Berlim sob cerco, Eva, então com 33 anos, e Hitler, com 56, casaram-se em uma cerimônia civil simples no bunker.

Joseph Goebbels e Martin Bormann foram as testemunhas. Menos de 40 horas depois, em 30 de abril, por volta das 15h30, o casal cometeu suicídio. Eva ingeriu uma cápsula de cianeto, enquanto Hitler atirou na própria têmpora.

Seus corpos foram levados ao jardim da Chancelaria, encharcados com gasolina e incinerados, conforme as instruções de Hitler para evitar que fossem capturados pelos soviéticos.

Após a Morte

Os restos carbonizados de Eva e Hitler foram encontrados pelo Exército Vermelho. Em 11 de maio de 1945, o dentista de Hitler, Hugo Blaschke, confirmou a identidade dos corpos por meio de registros dentários.

Os soviéticos transportaram os restos para a sede da SMERSH, em Magdeburg, onde também estavam os corpos de Joseph e Magda Goebbels e seus seis filhos.

Em 1970, a KGB exumou os restos, incinerou-os completamente e espalhou as cinzas no rio Biederitz, para evitar que se tornassem um ponto de peregrinação para neonazistas.

Família e Legado

Os familiares de Eva sobreviveram à guerra. Sua mãe, Franziska, morreu em 1976, aos 96 anos, em uma casa de fazenda em Ruhpolding, Baviera. Seu pai, Fritz, faleceu em 1964. Gretl Braun, a irmã mais nova, deu à luz uma filha chamada Eva em 5 de maio de 1945, e mais tarde casou-se com Kurt Beringhoff, falecendo em 1987. Ilse, a irmã mais velha, manteve-se afastada do círculo de Hitler e morreu em 1979, após dois casamentos.

Reflexões sobre Eva Braun

Eva Braun permanece uma figura enigmática na história. Sua vida foi moldada por sua relação com Hitler, mas ela não exerceu influência política significativa.

Sua dedicação a ele, culminando na decisão de morrer ao seu lado, levanta questões sobre sua motivação - se era amor, lealdade cega ou a incapacidade de imaginar uma vida fora do círculo de poder que a cercava.

Suas fotografias e filmes oferecem uma visão rara e íntima da vida privada de Hitler, mas também reforçam o contraste entre sua existência privilegiada e as atrocidades do regime nazista.

O relacionamento de Eva e Hitler, mantido em segredo até suas mortes, reflete as contradições da propaganda nazista, que glorificava a família tradicional enquanto seu líder vivia uma relação clandestina.

A história de Eva Braun é, portanto, não apenas a de uma mulher que amou um ditador, mas também um lembrete da complexidade das relações pessoais em tempos de extremismo e guerra.

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