Cheguei ao fim do caminho,
as mãos cheias de nada, os pés carregados de espinhos, a pele por demais
enrugada.
As forças fugiram de mim,
ao meu encontro as saudades, neste mundo de cão, invento pedaços de chão, invento
novas verdades.
Olho para dentro de mim,
vejo-me triste, moribundo, sinto-me tão perto do fim, sinto-me tão perto do
fundo.
Meu olhar procura um outro
olhar, e todos passam sem me ver, já não tenho com quem falar, os dias passam
tão devagar, eu já morri antes de morrer
Sou velho, estou velho, mas
meu coração ainda bate no meu peito, a vida passou de fugida, eu já entorno a
comida, mas ocupo meu lugar por direito.
Sou velho, estou velho. Não
sou pedra, não sou muro, sou apenas o futuro, sou apenas, vosso espelho.
José Caros - Escritos
Engavetados
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